terça-feira, 16 de outubro de 2012

Retirada de avião de Viracopos poderia ter demorado 15 h a menos


A falta de experiência prática em remoção de aeronaves pode ter atrasado em pelo menos 15 horas a operação de retirada do avião cargueiro da Centurion em Viracopos, que durou 45 horas.

Segundo apurou a Folha com um alto executivo do setor, ainda que a equipe da TAM, dona do equipamento usado na remoção, esteja bem treinada, o kit de remoção foi adquirido há apenas um ano e esta foi só a terceira vez que foi utilizado.

O diretor comercial de um dos maiores fabricante de kits de remoção de aeronaves, a Resqtec Zumro, da Holanda, afirmou que na Europa o avião teria sido removido da pista em "até dez horas".

"Foi uma operação complexa, mas longe de ser rara", disse Dennis Beck. "Pelo menos uma vez por semana, em algum aeroporto, acontece de um avião obstruir uma pista, por diferentes motivos."

A operação começou 12 horas após o incidente, pois foi preciso esperar o amanhecer. Foram tomados cuidados adicionais para não danificar a pista, o que poderia fazer com que o aeroporto ficasse fechado ainda por mais tempo.

Responsabilidade

A Organização Internacional da Aviação Civil, entidade ligada às Nações Unidas e que estabelece diretrizes de operação e segurança, recomenda que cada aeroporto tenha um "plano de remoção". Mas a compra do equipamento não é obrigatória.

Como são caros --custam de R$ 2 milhões a R$ 13 milhões--, as empresas aéreas fazem "pools" regionais, em que uma adquire e presta serviço às demais. Existem 11 equipamentos espalhados pelo mundo nesses acordos. A TAM, que investiu R$ 2 milhões na compra do equipamento há um ano, é a representante da América Latina.

O Brasil ficou sem cobertura de 2005, quando o da Varig deixou de operar, até 2011. O equipamento da Varig foi leiloado recentemente, como sucata. Já a equipe da Varig de remoção de aviões está hoje quase toda na Azul. Na Europa 25 aeroportos têm equipamentos próprios, diz Beck.

O Código Brasileiro da Aeronáutica estabelece que a responsabilidade por remover aviões em caso de acidente é da companhia aérea, mas diz também que, se a empresa não tiver condições ou não providenciar "tempestivamente" a remoção, a responsabilidade é do aeroporto.

A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) diz que cobra dos operadores de aeroportos um plano de emergência no qual devem constar "procedimentos a serem executados e responsabilidades, ações e funções" dos órgãos e funcionários envolvidos.

O cargueiro da Centurion, um MD-11 que voou com as cores da Varig de 1991 a 2000 transportando passageiros, sofreu acidente similar, com fratura de trem de pouso, em Montevidéu, há três anos. 

Equipes trabalham para retirar o cargueiro MD-11 da Centurion Cargo, 
que teve um pneu estourado durante o pouso

Fonte: Mariana Barbosa (jornal Folha de S.Paulo) - Foto: Marcelo Justo (Folhapress)

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