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Jorge Tadeu
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Passageiro escaneado no aeroporto de Schiphol, em Amsterdã
O atentado que o nigeriano Abdul Farouk Abdulmutallab tentou cometer, sem êxito, dentro de um avião com destino a Detroit, na semana passada, reacendeu a discussão sobre certos procedimentos de segurança que passaram a ser utilizados nos aeroportos, entre os quais escaneadores de corpo inteiro.
Alguns aeroportos nos Estados Unidos e os de Amsterdã, Zurique e Londres já introduziram a técnica de escaneamento, que rapidamente gera imagens de qualquer coisa escondida sob a roupa de uma pessoa – inclusive seu próprio corpo.
Os funcionários de segurança que trabalham com os escaneadores são capazes de discernir diversas características corporais da pessoa. Mas os técnicos e fabricantes de escaneadores desse tipo tentam filtrar de diversas maneiras os itens ligados à privacidade. Alguns aparelhos, por exemplo, desfocam a cabeça ou obscurecem a genitália da pessoa escaneada.
Além disso, o procedimento de escaneamento pode ser regulado para que os operadores do aparelho não possam ver a imagem das pessoas que estão escaneando. Nesse caso, as imagens produzidas podem ser analisadas por outros funcionários, em um espaço isolado em qualquer outro ponto do aeroporto. Caso estes descubram algum problema, podem comunicá-lo aos respectivos terminais.
Silhuetas em vez de traços corporais
Na Alemanha, as autoridades federais responsáveis pela segurança dos aeroportos abordam de outra forma a questão da privacidade.
"Experimentamos vários escaneadores para conferir sua eficácia em gerar silhuetas em vez de reproduzir a maioria dos traços do corpo humano. Nesse caso, os funcionários de segurança só veriam o contorno do corpo e algo eventualmente escondido", descreve Jörg Kunzendorf, porta-voz da polícia federal alemã.
As autoridades alemãs optaram pelo escaneador de ondas milimétricas. Este aparelho emite ondas situadas na escala espectral entre as de rádio e as infravermelhas. Ao refletir o corpo humano e eventuais armas escondidas, as ondas milimétricas podem tornar transparentes camadas leves como roupas. Um receptor coleta os sinais refletidos e os direciona a um computador, responsável por processar os dados e gerar uma imagem tridimensional dos indivíduos escaneados.
Sistema de retrodifusão
Outro tipo de escaneador de corpo, cujo funcionamento básico é o do raio X em retrodifusão, está entre os modelos utilizados nos Estados Unidos. Esse aparelho emite raios de alta energia que se dispersam ao entrarem em contato com os materiais, em vez de penetrá-los, como no raio X médico.
O escaneador detecta os raios difundidos e cria imagens dos objetos com número atômico baixo. Segundo o fabricante, isso inclui armas de plástico e explosivos.
O sistema de retrodifusão também é capaz de detectar armas de metal ou artifícios usados para detonar bombas. Materiais desse tipo não produzem nenhum efeito de retrodifusão, de modo que o escaneador pode reconhecê-los justamente quando registrar áreas escaneadas onde esse efeito não ocorre.
Fonte: Stuart Tiffen - Revisão: Augusto Valente (Deutsche Welle)
Desde o período logo após o atentado às Torres Gêmeas em 11 de setembro de 2001, os passageiros de viagens internacionais, sobretudo rumo aos Estados Unidos, não precisavam ter tanta paciência com os trâmites em aeroportos. Desde o atentado frustrado de um nigeriano a um avião da Northwest que voava da Holanda aos Estados Unidos no Natal, o reforço das medidas de segurança em todo o mundo tem provocado atrasos nas partidas e nas chegadas, além de aborrecimento para os viajantes.
Aeroporto de Washington, nos EUA - Foto: Kevin Lamarque
O aeroporto da Cidade do México recebeu ontem funcionários do Departamento de Segurança dos EUA para auxiliar no aperfeiçoamento das medidas de revista dos passageiros. Segundo o jornal mexicano Reforma, o governo americano verificará também as medidas adicionais em outros aeroportos mexicanos. "Supervisionarão as operações da equipe de detecção de explosivos e o monitoramento de passageiros suspeitos", afirmou o jornal.
Aeroporto de Gatwick, no Sul da Inglaterra - Foto: Luke MacGregor
As companhias aéreas no México também foram informadas que os passageiros para os Estados Unidos serão submetidos a controles extras minutos antes de embarcarem no avião. Por isso, as empresas começaram a pedir aos passageiros para chegarem duas horas antes. "Nós já somos submetidos a uma revista extra. O que nos foi pedido é que acatemos cada uma das normas. Temos a obrigação de reportar qualquer conduta suspeita", indicou o piloto mexicano René Monterrosa.
Aeroporto de Los Angeles, nos EUA - Fotos: Mario Anzuoni
Na Holanda, a Coordenação Nacional para Contraterrorismo anunciou o aumento da segurança no Aeroporto Schiphol, de Amsterdã, depois de um apelo das autoridades americanas. Na Grã-Bretanha, o Departamento de Transporte também fez o mesmo pedido aos operadores britânicos. "Os passageiros que viajam aos Estados Unidos devem esperar que seu voo tenha controles de segurança adicionais antes do embarque", informou a operadora de aeroportos britânicos, BAA, em um comunicado.
Aeroporto de Calgary, em Alberta, no Canadá) - Foto: Todd Korol
"Estou horrorizado com a tentativa de ataque terrorista em um voo entre Amsterdã e Detroit no dia de Natal", lamentou em Bruxelas, Jacques Barrot, vice-presidente da Comissão Europeia para Justiça, Liberdade e Segurança. O funcionário anunciou que o órgão executivo da UE ficará em contato com todas as autoridades para garantir que as regras e os procedimentos estejam sendo aplicados na Europa.
Aeroporto de Frankfurt, na Alemanha - Foto: Ralph Orlowski
Scanners
Com a preocupação por mais segurança, quem deve faturar são as fabricantes de scanners de alta definição. Vários aeroportos prometeram instalar o aparelho para melhorar o controle sobre os passageiros . O governo holandês prometeu usá-los no máximo em três semanas no aeroporto de Amsterdam-Schipol, para os viajantes que se dirigem aos Estados Unidos. O oficial de aviação civil nigeriano, Harold Demuren, também informou que o país africano comprará scanners de corpo inteiro e em três dimensões para os aeroportos. Ele espera que as máquinas sejam instaladas já no início do ano.
Por outro lado, o tema dos scanners promete causar polêmica nos EUA. Por enquanto, apenas 19 aeroportos do país utilizam o equipamento, sendo que seu uso é opcional - os passageiros podem decidir não passar pela máquina. Vários congressistas sugeriram o uso do scanner de corpo inteiro em todos os aeroportos, uma vez que podem detectar itens não metálicos, como os explosivos carregados pelo estudante nigeriano. O presidente Barack Obama também teria autoridade para expedir um decreto presidencial obrigando ao uso do aparelho. Alguns advogados alegam, porém, que se trata de invasão de privacidade, pois o aparelho é capaz de produzir imagens detalhadas do corpo do viajante. "Será uma decisão do Departamento de Segurança Nacional (DHS). Obviamente, nós trabalharíamos com o DHS, a Casa Branca e nossos colegas congressistas nas decisões sobre segurança", concluiu Greg Soule, porta-voz do Departamento de Transportes.
Aeroporto Newark Liberty, em Nova Jersey, nos EUA - Foto: Mike Segar
Solidão expressa online
Apesar de ser filho de um banqueiro e estudante de uma das mais antigas universidades de Londres, o nigeriano Umar Farouk Abdulmutallab, 23 anos, escreveu em microblogs na internet que se sentia frustrado na vida. "Sinto-me deprimido e sozinho. Não sei o que fazer. Além disso, acho que a solidão me leva a outros problemas", relatou em uma das 300 mensagens postadas no site Facebook e no forum islâmico Gawaher, recolhidas pelo jornal The Washington Post. Sob o pseudônimo de Farouk1986, Umar escrevia sobre assuntos variados, de futebol aos estudos do idioma árabe no Iêmen, antes de pedir entrada na University College London (UCL), assim como seu dilema entre adotar o liberalismo ou o extremismo como muçulmano.
"Como podemos encontrar o equilíbrio adequado?", perguntava a um colega do forum islâmico, além de reconhecer sua dificuldade para memorizar o Corão e completar os estudos islâmicos. "Esforço-me para viver minha vida diária de acordo com o Corão e a suna, faço o melhor que posso", contava quando ainda era estudante em Togo.
Em umas das conversas, ele relata sobre seus sonhos com a jihad, seguindo uma interpretação extremista do combate espiritual muçulmano. "Não entrarei em detalhes sobre minhas fantasias, mas basicamente são sobre a jihad. Eu imagino quando a grande jihad terá lugar, como os muçulmanos vencerão 'insh'Allah' (Deus queira) e dominarão o mundo inteiro, e estabelecerão um grande império outra vez!"
Quando questionado por outro colega se essas ideias se tratavam de "sonhos fantásticos" ou "planos", Farouk respondeu: "Eu não sei quanto a você, mas para mim, eu acredito 'insh'Allah' que realizarei meus objetivos e sonhos, pelo poder e força de Alá, por sua misericórdia, se for melhor. Reze para mim, ok? Reze muito".
O jovem agora é acusado de tentar explodir uma bomba quando o voo 253 da Northwest se aproximava de Detroit em 25 de dezembro. O governo americano investiga como Umar passou pelos trâmites de segurança em Lagos e Amsterdã, onde os detectores de metais não indicaram seu armamento. Ele carregava 80g do explosivo pentaeritritol costurados em sua roupa íntima e teria conseguido explodi-los não fosse a reação em tempo de um passageiro holandês.
Fonte: Viviane Vaz (Correio Braziliense) - Fotos: Agência Reuters
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Fonte: Portal Panrotas
Segundo os pesquisadores da Universidade Purdue, nos Estados Unidos, o propelente à base de alumínio não apenas faz menos mal ao meio ambiente, como também pode ser fabricado fora da Terra, em corpos celestes onde possa ser encontrada água.
Gelo de alumínio
O novo propelente de foguetes recebeu o nome de ALICE (ALuminum ICE, algo como gelo de alumínio).
Além de alimentar os foguetes nas missões espaciais de longa distância, o combustível também poderá ser utilizado para gerar o hidrogênio para células a combustível, com as usadas hoje pelos ônibus espaciais e pela Estação Espacial Internacional.
O combustível, que está sendo desenvolvido em conjunto com a NASA, foi utilizado para lançar um pequeno foguete de testes. Com apenas 2,70 metros de altura, o foguete atingiu uma altitude de algumas centenas de metros.
"É uma prova de conceito", disse Steven Son, que coordena o desenvolvimento do Alice. "Ele pode ser melhorado e gerar um combustível para foguetes muito prático. Teoricamente, ele também poderia ser fabricado em lugares distantes, como a Lua ou Marte, em vez de ser transportado a um custo muito elevado."
Nanopartículas de alumínio
O pequeno diâmetro das nanopartículas de alumínio, que medem cerca de 80 nanômetros cada uma, é a chave para o desempenho do combustível. As nanopartículas entram em combustão mais rapidamente do que as partículas maiores e permitem um melhor controle sobre a reação e o empuxo gerado pelo foguete.
O combustível Alice fornece empuxo através de uma reação química entre a água e o alumínio. Conforme começa a combustão do alumínio, as moléculas de água fornecem oxigênio e hidrogênio para alimentar a combustão até que todo o pó seja queimado.
Outros pesquisadores já utilizaram partículas de alumínio em propelentes antes, mas esses combustíveis geralmente continham partículas maiores, na escala dos micrômetros, enquanto o Alice contém apenas nanopartículas, na escala dos nanômetros.
Nos últimos 10 anos, os fabricantes aprenderam como fazer nanopartículas de alumínio mais homogêneas e mais puras.
Combustível verde
"Ele é considerado um combustível verde, produzindo essencialmente gás de hidrogênio e óxido de alumínio", diz Timothée Pourpoint, outro membro da equipe.
"Para comparação, cada voo de um ônibus espacial consome cerca de 773 toneladas de um oxidante chamado perclorato de amônia nos foguetes propulsores sólidos. Cerca de 230 toneladas de ácido clorídrico formam-se imediatamente nos gases de escape desses voos," conta ele.
"O Alice poderá um dia substituir alguns dos propelentes líquidos ou sólidos e, quando aperfeiçoado, poderá ter um desempenho superior aos propulsores convencionais," disse Pourpoint. "Além disso, ele é extremamente seguro quando congelado, porque é muito difícil de se inflamar acidentalmente."
O combustível deve ser congelado por dois motivos: ele deve ser sólido, para permanecer intacto ao ficar sujeito às forças do lançamento, e também para garantir que os componentes não reajam lentamente antes do foguete ser lançado.
Fonte: Site Inovação Tecnológica - Fotos: Purdue