Na semana passada, o Google ganhou holofotes com a revelação do suposto Project Wing, um programa experimental de entrega de encomendas por drones. Em vídeo divulgado como teste do projeto, o híbrido de avião e helicóptero mostra a entrega sendo feita por um cabo preso à aeronave não tripulada.
Apesar de soar como uma iniciativa inovadora e se somar a outras grandes ideias como o Prime Air, da Amazon, o Project Wing não deve sair do papel tão cedo. Como explica o
The New York Times, desenvolvedores de drones têm sofrido uma série de obstáculos para fazer com que o segmento avance, principalmente no que diz respeito a entregas aéreas.
Isso porque, nos Estados Unidos, o céu é controlado pela Administração Federal de Aviação (ou em inglês, FAA), responsável por assinar qualquer liberação relacionada a drones. Em entrevista ao jornal, o órgão afirmou que deve publicar, ainda neste ano, uma proposta de regras para pequenas aeronaves não tripuladas.
O uso comercial e não autorizado de drones é proibido, contudo, isso não impediu fotógrafos e entusiastas de fazerem filmagens de locais, como no danos causados pelo último terremoto em Napa, na Califórnia. O mesmo já aconteceu aqui no Brasil, como no caso das manifestações de junho do ano passado.
Além da regulação pela FAA, a NASA está estudando a criação de um laboratório que controle o voo de drones. Seria uma espécie de torre de controle que garantiria não só a organização do tráfego, mas também informaria dados importantes como temperatura e vento. No caso de um drone, o vento se torna um empecilho muitas vezes por conta de seu baixo peso - em torno de um kilo.
O sistema da agência espacial também garantiria que os drones não fossem em direção a prédios, helicópteros ou outros objetos voadores de baixa altitude. Diferente de um centro de controle de tráfego normal, com pessoas, o da NASA abrigaria apenas computadores e algoritmos informando onde um drone pode ou não voar.
Segundo Parimal Kopardekar, funcionário da NASA responsável pelo desenvolvimento do sistema, a viabilidade comercial de uma aeronave não tripulada depende de duas variáveis: o número de pessoas que moram na área e quantidade de gente disposta a pagar pelo serviço.
Kopardekar afirmou ainda ao New York Times que espera que as primeiras aplicações comerciais aconteçam na agricultura, no próximo ano. Já em até cinco anos, o pesquisador espera que existam drones fazendo entregas em áreas de baixa densidade populacional, como a Austrália rural, onde o Google passou parte de agosto entregando vacinas e barras de chocolate a um fazendeiro.
Um terceiro entrave que ainda atrasa o uso comercial de drones é o saqueamento de mercadorias. Este foi um dos motivos que levou a rede de pizza Domino's a desistir, pelo menos por enquanto, de entregas por drones. "Levando em conta que essas coisas [os drones] possuem hélices, poderiam ser roubados ou acertados por tiros, nós não pensamos que a ideia iria 'decolar' nos Estados Unidos", afirmou um porta-voz da Domino's à reportagem.
No Brasil, os drones também sofrem empecilhos para serem usados comercialmente, já que não possuem regulação própria. Entretanto, isto deve
mudar até o final do ano.