Bugatti Chiron Sport e caça Rafale disputam prova de arrancada e frenagem.
Para o evento, a Bugatti tratou de usar a edição limitadíssimas “Les Légends du Ciel” (lendas do céu, em francês) de seu Chiron Sport, com apenas 20 unidades fabricadas. A série busca honrar a aviação francesa e traz detalhes exclusivos como pintura cinza que remete à tintura militar e couro Gaucho reminiscente das aeronaves do passado.
Na porta do “Les Légends du Ciel” há desenho de uma corrida entre o Bugatti Type 13 e o biplano Nieuport 17, usado na Primeira Guerra Mundial |
Do outro lado, a Marinha francesa cedeu sua versão Marine do Rafale, adaptada para uso em porta-aviões e movido por dois motores Snecma M88 do tipo turbofan.
Evento buscou exaltar a engenharia francesa e alguns de seus inventos mais extremos |
O próprio Ettore Bugatti aperfeiçoou sua habilidade de projeto desenvolvendo, há mais de um século, motores e modelos de aviões voltados aos recordes de velocidade. Desse modo, a fabricante sabia que enfrentar um caça de 4,5ª geração não seria tarefa mole.
Aceleração
Além de imitar a cor do Rafale, o Chiron Sport “Les Légendes du Ciel” traz o tricolor francês ao redor da carroceria |
Voltado à versatilidade, o Rafale Marine foi escolhido por conta do projeto inteiramente francês, comandado pela Dassault. Apesar do avião ter estreado na década de 1980, sua aviônica foi inteiramente renovada para acompanhar a concorrência e o cockpit traz tecnologia de ponta.
Inimigo interceptado |
O jato de 10,3 toneladas não precisou de ser carregado com mísseis e bombas, tampouco utilizar seu avançado sistema SPECTRA de guerra eletrônica, mas abusou sem pena dos 5.970 kg de empuxo de seus motores, com potência equivalente a 5.727 cv. Mesmo assim, a inércia foi soberana e, dada a largada, o Bugatti tomou a liderança, atingindo os 100 km/h em 2.4 s e os 200 km/h 3.7 s depois.
Na briga entre inércia e muito empuxo, melhor para a aeronave |
Equipado com motor W16 8.0 com 1.500 cv, obviamente o Chiron não parou de acelerar e, graças à tração integral e transmissão de sete marchas com dupla embreagem, o modelo de R$ 18,6 milhões de reais já batia os 400 km/h 32,6 segundos depois de partir.
Cortada a laser, grade do hipercarro remete, sua base, a aviões voando em formação |
Para não fazer feio, o piloto do caça utilizou os pós-queimadores do aparelho, que injetam combustível direto sobre os gases de exaustão, gerando imenso aumento de potência e as famosas chamas na traseira dos aviões militares.
Incomparáveis, pós-queimadores ajudam o caça a atingir 1.975 km/h (cerca de 1,6 vezes a velocidade do som) |
De tão rápida a disputa, o avião acabou decolando, ainda que o capitão Etienne, no comando do bólido, tenha mantido, literalmente, o voo rasante.
Quando o Rafale sumiu no horizonte, foi a vez do Chiron Sport mostrar seu poder de frenagem, garantido pelas pinças de titânio e elevação dos aerofólios traseiros, que agem como spoilers aerodinâmicos dos aviões. A 400 km/h, o modelo percorre apenas 491 metros até parar.
A fim de aumentar o arrasto aerodinâmico, aerofólio do Chiron Sport vai de 3º para 49º de inclinação durante a frenagem |
Curiosamente, o caça francês utiliza freios da Messier-Bugatti que, como indica o nome, tem origem comum à montadora de luxo. Só as pastilhas de cada roda pesam 27 kg cada, e dez pistões aplicam pressão de 2538 psi aos discos, protegidos por escudo térmico. Graças a um gancho existente em porta-aviões, é possível que o aparelho vá de 280 km/h ao repouso em míseros 150 metros.
Um é mais raro, mas pode ser comprado por qualquer milionário. Outro é de uso restrito de algumas forças armadas |
Comparado ao Chiron Sport, que utiliza pneus 285/30 R20 ZR, o Dassault é até modesto com suas rodas de liga de aro 15 e pneus Michelin. O exagero fica por conta da calibração: 232 psi em condições normais ou 392 psi, quando operando em porta-aviões. Além disso, os pneus são enchidos com nitrogênio, dado que o calor da frenagem poderia causar explosões na presença de oxigênio.
Para a maioria das pessoas, o Chiron Sport se trata de um sonho mas alto que os céus |
Com cerca de 200 unidades fabricadas desde a primeira versão, o Dassault Rafale é de uso restrito das forças armadas francesas e alguns outros aliados. O Bugatti Chiron Sport “Les Légends du Ciel”, por outro, está à disposição de quem puder bancá-lo. Para a maioria esmagadora das pessoas, entretanto, será apenas um sonho alto demais.