Os Estados Unidos estão administrando o aeroporto da capital do Haiti, Porto Príncipe, com o governo daquele país, informou nesta quinta-feira Raj Shah, administrador da USAid (agência de auxílio internacional americana).
O objetivo é organizar a operação do terminal, danificado no forte terremoto de terça-feira (12), para permitir a chegada do maior número possível de aeronaves estrangeiras com ajuda humanitária.
Conforme estimativa da Cruz Vermelha, o total de pessoas mortas pelo terremoto deverá ficar entre 45 mil e 50 mil, além de mais de 3 milhões de desabrigados.
"Haverá momentos em que as coisas ficarão congestionadas por lá, mas estamos trabalhando o mais rápido possível. Também estamos analisando estratégias para assegurar que todas as coisas cheguem rapidamente à cidade", disse Shah.
"Essa é a cara da catástrofe, mas isso não deve ser confundido com o caos", disse Kathleen Tierney, diretora do Centro de Desastres Naturais da Universidade do Colorado. "Coordenar os trabalhos toma tempo, mas, quando estabelecido, geralmente funciona", afirma o médico Michael VanRooyen, da Iniciativa Humanitária de Harvard.
O desembarque de socorristas e ajuda humanitária do mundo todo causou a saturação do aeroporto e do espaço aéreo haitiano, motivo pelo qual a aterrissagem de aeronaves ficou impossível por várias horas, hoje. Houve um momento no qual 11 aeronaves ficaram sobrevoando o local à espera de vagas junto ao terminal de desembarque.
Pessoas caminham pelas ruas de Porto Príncipe em meio a imóveis devastados por forte terremoto na terça-feira
No final da tarde, a FAA (órgão que regula a aviação nos EUA) confirmou a suspensão de todos os voos civis com destino a Porto Príncipe, de modo a priorizar a chegada de ajuda. Porém, há relatos de ao menos duas aeronaves de ajuda que foram obrigadas a retornar antes de pousar -uma do Peru e outra do Panamá.
De acordo com o Peru, um de seus aviões, com materiais médicos, foi autorizado a pousar, mas o segundo, com ajuda humanitária, não. O avião do Panamá, também com socorristas e alimentos, teve de aterrissar em Santo Domingo, na vizinha República Dominicana, já que não obteve autorização de pouso em Porto Príncipe.
"A boa notícia é que, agora, o aeroporto de Porto Príncipe está funcionando e em tempo integral. No entanto, é pequeno e muito limitado, com uma pista apenas e pouco espaço", disse o porta-voz do Departamento de Estado, Philip Crowley.
Um dos principais problemas do terminal é a falta de energia elétrica. Outro problema é a falta de controle de tráfego aéreo, porque a torre desabou no terremoto. Por fim, hoje, de acordo com a agência de notícias Associated Press, o governo haitiano alertou para o risco de que o combustível acabe, e os aviões não consigam voltar.
O aeroporto é a principal porta de entrada para a ajuda humanitária à cidade, virtualmente devastada no forte terremoto de terça-feira (12), que deixou milhares de mortos. Entre os mortos há 15 brasileiros, sendo 14 militares da missão de paz da ONU, Minustah, e a Zilda Arns, fundadora e coordenadora da Pastoral da Criança. Além dos brasileiros, a Minustah também perdeu ao menos 22 agentes de diferentes nacionalidades.
Com a sede demolida, a organização estima que cerca de 160 de seus agentes estejam desaparecidos.
Somente hoje, dezenas de aeronaves enviadas de vários países chegaram a Porto Príncipe com água, alimentos e material médico. Enquanto isso, muitos civis aguardam no aeroporto pela oportunidade de retornar a seus países de origem. Os Estados Unidos já começaram a retirar seus cidadãos do país.
Por meio da assessoria de imprensa, a FAB (Força Aérea Brasileira) informou que o segundo avião com ajudas humanitárias do Brasil que decolou pouco antes das 17h, de Brasília, não o teria feito se não houvesse autorização haitiana. Ainda hoje o Brasil envia mais dois aviões ao Haiti, com um hospital de campanha - o grande número de mortos e feridos na tragédia levou o sistema de saúde local ao colapso.
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Fonte: Folha Online (com agências internacionais) - Foto: Logan Abassi/EFE/ONU