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segunda-feira, 15 de dezembro de 2025

Avião monomotor cai no interior do RN; duas pessoas são socorridas

Acidente aconteceu na tarde de domingo (14) em Pau dos Ferros, no Alto Oeste potiguar.

(Foto: Corpo de Bombeiros/Cedida)
Um avião monomotor caiu, na tarde deste domingo (14), na zona rural de Pau dos Ferros, no Alto Oeste potiguar. A aeronave era ocupada por dois homens, que foram socorridos com vida, segundo o Corpo de Bombeiros do Rio Grande do Norte.

Segundo a corporação, o piloto, de 77 anos, foi encontrado preso às ferragens da aeronave. Ele estava consciente e orientado, mas apresentava quadro de politraumatismo.

Comandante da operação, o sargento Fernandes afirmou que um vazamento de combustível foi notado durante o atendimento, o que apressou o resgate do homem, por causa do risco de incêndio.


A segunda vítima, que tem 53 anos, também estava consciente e orientada, com estado geral mais estável, segundo os bombeiros.

Esse homem foi atendido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), que realizou o transporte dele até o hospital.

(Foto: Redes sociais)
"Segundo relatos no local, a queda do avião foi ocasionada por uma perda de potência. Aqui temos um pequeno aeroporto em Pau dos Ferros. Ele (avião) decolou, mas perdeu potência e acabou caindo um pouco distante da pista de decolagem", afirmou o sargento Fernandes.

De acordo com o relato de um dos ocupantes aos bombeiros, ao perceber a perda de potência, o piloto tentou fazer um pouso forçado em um campo próximo, mas acabou caindo.

O sargento ainda informou que pediu que a Polícia Militar entrasse em contato com o órgão regulador da aviação para solicitar perícia do local do acidente, na comunidade conhecida como Sítio Sorriso.

Segundo o hospital, o piloto teve fratura na perna e punho, enquanto o passageiro apresentou uma fratura também na perna. Eles devem passar por cirurgias.


Via g1 RN e Folha Patoense

domingo, 14 de dezembro de 2025

Vídeo: Reportagem sobre as buscas aos destroços do Constellation da Panair do Brasil que caiu na Amazônia




Aconteceu em 14 de dezembro de 1962: Queda do Constellation da Panair do Brasil no Amazonas

Em 14 de dezembro de 1962, o Lockheed L-049 Constellation, prefixo PP-PDE, da Panair do Brasil (foto abaixo), partiu de Belém, no Pará, em direção a Manaus, no Amazonas, levando a bordo 43 passageiros e sete tripulantes.

O Constelation cnº 2047 foi fabricado em meados de 1945, na planta da Lockheed em Burbank, Califórnia. Foi adquirido pela Pan Am e voaria alguns anos nos Estados Unidos até ser repassado a Panair do Brasil. No Brasil, a aeronave receberia o prefixo PP-PDE e seria batizada pela Panair de "Bandeirante Estêvão Ribeiro Baião Parente".


A aeronave havia decolado no aeroporto Santos Dumont na manhã do dia 13 de dezembro de 1962 e, após diversas escalas em várias cidades, chegou a Belém, antes do seu destino final, Manaus. 

O voo transcorreu sem intercorrência, até que durante a aproximação final, na madrugada do dia 14, a tripulação solicitou a torre do Aeroporto da Ponta Pelada que ligasse as luzes de sinalização da pista. Depois de um breve contato com a torre, a aeronave desapareceu. 

Ao constatar o desaparecimento, foi acionado o Esquadrão Aeroterrestre de Salvamento (PARA-SAR) da FAB, que iniciaria buscas na região de Manaus. 

Os destroços do Constellation PP-PDE foram localizados por um avião do PARA-SAR às 10h do dia 15, nas proximidades de Rio Preto da Eva, cerca de 30 km de Manaus. 

Por conta de o local ser de difícil acesso e parte do bojo da aeronave ter sido encontrada intacta, houve uma expectativa de serem encontrados sobreviventes. 

Uma equipe terrestre composta por médicos, engenheiros, funcionários da Panair, Petrobras e soldados foi destacada para a selva, atingindo o local dos destroços apenas no dia 20, mas não foram encontrados sobreviventes entre os 43 passageiros e sete tripulantes do Constellation.


Relato da Revista "O Cruzeiro"


A revista “O Cruzeiro” de 19 de janeiro de 1963, relatou as buscas por sobreviventes do acidente aéreo. “Após 10 dias de perigos e de luta contra a natureza, na escuridão da selva amazônica, o repórter Eduardo Ramalho, de “O Cruzeiro” (o único jornalista brasileiro presente à aventura) traz agora o dramático relato da busca do Constellation da Panair do Brasil, PP-PDE, caído na madrugada do dia 14 de dezembro último, a 40 quilômetros de Manaus – a apenas seis minutos de voo para o aeroporto. 

A verdadeira epopeia da busca cega, em busca a montanhas, chavascais e igarapés, foi vivida por duas expedições: uma da Petrobrás (em que se encontrava o repórter) e outra comandada pela FAB e da qual faziam parte elementos do Exército, da Panair do Brasil, do governo do Amazonas e do DNER.


A jornada de busca e salvamento do Constellation da Panair começou praticamente na madrugada do dia 14 de dezembro, quando o 3° sargento da FAB, Paulo Marinho de Oliveira, de serviço na torre do DAC de Manaus, perdeu contato com o rádio operador do avião. A tragédia foi precedida de um breve diálogo, que o sargento Oliveira jamais esquecerá. 


O rádio operador de bordo expediu sua mensagem de praxe: “A aeronave deverá chegar a Manaus à 1:20horas, seis minutos distantes da capital”. O sargento Oliveira emitiu instruções para o pouso, que deveria ser rotineiro. Depois desse contato à 1:04 da manhã, o rádio do Constellation voltou a chamar, 1:19 para corrigir a posição antes fornecida. O rádio operador ainda perguntou se o sargento Oliveira podia ouvir o ronco do avião. Este mandou aguardar e chegou a janela para ouvir a noite. Silêncio total. 

Quando voltou para informar que algo deveria estar errado, os seus chamados ficaram sem respostas. Em um ponto situado a 0,2-54 de latitude sul; e 59,45 de longitude oeste, a 40 quilômetros distante de Manaus, o Constellation caíra sobre a selva, abrindo uma clareira de 345 metros. 


As primeiras providências para localizar o aparelho começaram quase imediatamente. Às 4h30, Belém informava ao sargento Oliveira que o serviço de Busca e Salvamento já se preparava para entrar em atividade. Era o começo da aventura. 

Ao clarear a manhã, uma aeronave decola de Manaus, e logo a ele se juntaria uma esquadrilha da FAB, sob o comando do capitão Rui bandeira. De Belém eram o capitão Mello Fortes e o Tenente César, do serviço de Busca e Salvamento, que partiram rumo a Manaus, seguindo a rota do Constellation. 


O pessoal da Petrobrás em serviço na Amazônia, nas imediações do ponto em que se supunha ter caído o avião, foi chamado a colaborar. 

Em poucas horas, aviões de tipo Albatroz, da FAB, e Catalinas, da Panair, procuravam o aparelho desaparecido numa área de 150 quilômetros quadrados, mas, a despeito de todas as providências, o dia 14 terminou sem qualquer descoberta positiva.


Quando o segundo dia das buscas amanheceu, já eram oitos aviões que faziam a ponte de vasculhamento, rodando a floresta, do ar, à procura do Constellation. 

Até as 10h40 nada se tinha descoberto, mas, de repente a voz do comandante de um dos Catalinas da Panair, fez-se ouvir pelo rádio triunfante: descobrira no meio da floresta, em local de difícil acesso, uma pequena clareira que logo depois foi confirmada como o local de queda da aeronave.


Após a confirmação do local da queda foram iniciadas as expedições para se alcançar os destroços, sendo que somente no dia 21 obtiveram êxito. Segue novamente o relato do repórter do jornal “O Cruzeiro”, presente na expedição:

“Ao amanhecer o Mestre Agenor Sardinha captou a chamada de um avião Catalina, que deu novas coordenadas. Faltavam apenas dois Km. Graças a essas informações, exatamente às 11h45 horas a expedição da Petrobrás atingiu a clareira aberta pelo aparelho da Panair. Auxiliados pelo engenheiro geofísico Dehan, destacado para auxiliá-los, os integrantes da coluna da FAB viriam atingir o local do desastre às 15:00 horas. 


A cerca de um quilômetro de distância, já haviam sido encontrados os primeiros destroços do avião: pedaços de asa, extintores de incêndio e lascas de alumínio. O Constellation caíra entre duas elevações, numa região de árvores de 40 metros de altura. O corpo do avião estava ao lado de um igarapé, em pedaços. Os restos dos passageiros e tripulantes do Constellation – já em putrefação – exalavam um cheiro quase insuportável. 

O engenheiro Dehan e o enfermeiro Brasil, da Petrobrás, que foram os primeiros a se aproximar, recuaram transidos diante um quadro terrível: havia uma mão descarnada presa às ferragens. Na água límpida do igarapé boiava, presa a um ramo, uma cabeleira loira: era, ao que se presume, da aeromoça.”

Depois de um intenso trabalho de busca por parte de civis e militares, infelizmente estava confirmada notícia que as pessoas relutavam em aceitar, não havia sobreviventes. Iniciava-se então uma nova etapa na missão, o resgate dos corpos e destroços.

Atualmente o local da queda é de propriedade do Exército, no qual o CIGS realiza todo ano uma marcha para a “Clareira do Avião” onde se comemora e recorda os esforços realizados pelos civis e militares durante os trabalhos de buscas, assim como celebram a memória das vítimas do desastre de 1962.

Consequências

Apesar de terem sido aventadas diversas hipóteses que explicassem a queda da aeronave (como falha mecânica, voo controlado contra o solo, etc), nunca seria determinada a causa do acidente com o Constellation PP-PDE.

Relato do repórter Eduardo Ramalho da Revista "O Cruzeiro"

Esse seria o último acidente envolvendo uma aeronave da Panair do Brasil. Poucos anos depois a empresa seria fechada pelo regime militar e suas rotas seriam repassadas à Varig enquanto que as aeronaves, redistribuídas às demais companhias aéreas e ou sucateadas.

Por Jorge Tadeu (Site Desastres Aéreos) com Wikipédia, ASN, Revista O Cruzeiro e Livro "O Rastro da Bruxa"

sexta-feira, 12 de dezembro de 2025

Avião capota durante o pouso devido ao vento forte em Quirinópolis (GO)

Em nota, empresa afirmou que a aeronave havia pousado quando foi atingida pela ventania. Piloto foi socorrido e encaminhado ao hospital.

(Foto: Reprodução/TV Anhanguera)
Um avião agrícola Air Tractor AT-402B capotou na pista de pouso em Quirinópolis, na região sudoeste de Goiás, segundo o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa). De acordo com a empresa responsável pela aeronave, o piloto teria perdido o controle no momento do pouso por conta de uma forte ventania.


O acidente aconteceu na quarta-feira (10), em uma zona rural. Em nota ao g1, a empresa afirmou que a aeronave havia pousado quando foi atingida pela ventania na pista, fazendo com que o piloto perdesse o controle e atingisse um barranco, capotando parcialmente, algo chamado na aviação de pilonar.


Ainda segundo a empresa, o piloto foi socorrido e encaminhado ao hospital sem ferimentos graves. Ele recebeu alta médica no mesmo dia do acidente após uma consulta.

O Cenipa afirmou em nota que foi acionado no local e realizou uma perícia técnica para determinar a causa do acidente, e a investigação ainda não havia sido concluída até a última atualização desta reportagem.


Via g1, RecordTV

sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

'Fumaça na cabine': avião sofre pane no ar e faz pouso forçado em plantação em SC

A aeronave havia decolado de Ijuí (RS) com destino ao Paraná, onde faria reabastecimento antes de seguir para Penápolis (SP).

Avião faz pouso forçado em Iraceminha após sofrer pane em pleno voo (Foto: Polícia Militar/ND Mais)
A aeronave leve esportiva Montaer MC01, prefixo PU-UFV, precisou fazer um pouso forçado no interior de Iraceminha, no Oeste catarinense, após uma pane em pleno voo na tarde desta sexta-feira (5).

O piloto, único ocupante da aeronave, conseguiu realizar a manobra em uma plantação e saiu caminhando do local. Ele não teve ferimentos aparentes, mas foi encaminhado pelo Samu ao hospital de Maravilha por precaução.

 (Foto: Polícia Militar/ND Mais)
A Polícia Militar foi acionada por volta das 12h30 para atender à ocorrência na Linha Bonita. Segundo o relato do piloto, de 35 anos, a aeronave havia decolado de Ijuí (RS) com destino ao Paraná, onde faria reabastecimento antes de seguir para Penápolis (SP).

Após cerca de 1h30 de voo, ele percebeu fumaça dentro da cabine. Logo em seguida, o motor parou completamente, obrigando o aviador a iniciar procedimentos de pouso de emergência.

 (Foto: Polícia Militar/ND Mais)
Diante da falha total do motor, o piloto buscou uma área plana e com menor risco de impacto. Ele escolheu uma plantação próxima à comunidade rural e conseguiu realizar o pouso forçado.

A aeronave tombou e ficou com as rodas viradas para cima, sofrendo danos significativos na estrutura. Não havia carga a bordo.


Após o pouso, o piloto foi até a casa de um morador da região para pedir ajuda e acionar a Polícia Militar. O SAMU o atendeu no local e o encaminhou ao hospital para avaliação. A área foi isolada para análise e demais procedimentos técnicos.

Via ND Mais e ANAC

Vídeo: O Acidente inevitável do avião da FAMA


Na noite quente de 10 de junho de 1947, um brilho cruzou o céu de Natal. Um quadrimotor britânico, trazendo diplomatas, correspondência internacional e uma tripulação experiente, se aproximava do aeroporto de Parnamirim para mais uma escala transatlântica. Mas segundos depois do toque na pista… uma explosão iluminou o litoral potiguar.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2025

Aconteceu em 3 de dezembro de 1928: Santos Dumont presencia o primeiro grande acidente da aviação brasileira


E
ra segunda-feira, 03 de dezembro de 1928, dia de homenagens ao Pai da Aviação no Rio de Janeiro. Santos Dumont voltava ao Brasil após temporada de seis anos em Paris. O dia, no entanto, ficaria marcado pelo 1º grande acidente aéreo da aviação brasileira.


Do convés do transatlântico mais rápido da Europa, o inventor seria recepcionado por dois hidroaviões Dornier Do J Wal, prefixo P-BACA, batizado "Santos Dumont", e o de prefixo P-BAIA, batizado como "Guanabara", ambos do Syndicato Condor, que lançariam mensagem de boas vindas nos céus.

Minutos após a decolagem, a cem metros de altura, o avião 'Santos Dumont' surpreendeu a todos com uma manobra brusca à esquerda. A ação foi fatal e causou a morte de seus 14 ocupantes, entre políticos e acadêmicos.

A aeronave Dornier Do J Wal

O P-BACA "Santos Dumont"
O Dornier Do J foi um hidroavião alemão fabricado na Itália pela "S.A.I di Construzioni Mecchaniche i Marina di Pisa". Foram feitas apenas 300 aeronaves.

O Dornier Do-J Wal realizou o seu primeiro voo em 6 de Novembro de 1922. Caracterizava-se pelas extensões laterais em forma de asas truncadas, que ajudavam a estabilizar o casco, permitindo suprimir os flutuadores nas asas.

Esse modelo foi utilizado para numerosas viagens pioneiras bem como para alguns dos primeiros serviços comerciais.


A aeronave destruída no acidente de 03 de dezembro de 1928, operou sob os seguintes prefixos desde sua construção: I-AZDE, D-1213 e P-BACA.

O acidente

Em 03 de dezembro de 1928, alguns intelectuais brasileiros decidiram prestar uma homenagem a Alberto Santos Dumont, jogando flores e pequenos paraquedas com uma carta desejando boas vindas (foto abaixo) a partir de uma aeronave.


Os paraquedas seriam lançados pelo hidroavião Wal Dorner do Sindicato Condor chamado "Santos Dumont", na Bahia da Guanabara, momentos antes de o navio em que estava embarcado o "Pai da Aviação", o Cap. Arcona (foto abaixo), chegar ao seu destino final no Rio de Janeiro.

O navio Cap. Arcona
As aeronaves Dornier Do J prefixos P-BAIA (batizada Guanabara) e P-BACA (Santos Dumont -batizada em homenagem ao aviador) decolaram da Baía de Guanabara e sobrevoariam o Cap Arcona, onde lançariam mensagens de boas vindas.

Os dois aviões estavam fazendo acrobacias. O Santos Dumont (P-BACA), pilotado pelo Alemão August Wilhelm Paschen, conduzia a bordo o copiloto gaucho Rodolpho Enet, o mecânico de bordo alemão Walter Hasseldorf, o despachante Guilherme Auth, o funcionário da Condor Gustavo Butzke, alem do professor Fernando Laboriaux Filho, o Dr. Paulo da Graça Maya, o Major Eduardo Vallo (austríaco), o jornalista Abel de Araujo (Jornal do Brasil) e sua esposa, os senhores Amoroso Costa, Amaury de Medeiros e Tobias Moscoso e o Engenheiro Frederico de Oliveira Coutinho.


Do convés do navio, Dumont assistia os aviões fazendo acrobacias. Ele sabia que em momentos de euforia pessoas tendem a cometer erros.

Santos observou que o Wal Dornier chamado de "Santos Dumont" havia exagerado na curva e então desaparecera do seu campo de visão.


Por conta de erro de um dos pilotos, as duas aeronaves entraram em rota de colisão, obrigando os pilotos a efetuarem manobras evasivas.

Enquanto que o Guanabara escaparia ileso da quase colisão, o Santos Dumont faria uma manobra que lhe custaria a perda de sustentação, causando a queda do aparelho na Baía de Guanabara, diante dos olhos dos tripulantes e passageiros do Arcona, incluindo Santos Dumont. Abatido, ele suspendeu as festividades e retornou a Paris.

Apesar dos esforços de salvamento, liderados pela Marinha do Brasil através dos Contratorpedeiros Amazonas (CT-1 e Pará (CT-2), somente o mecânico da aeronave Walter Hasseldorf sobreviveu à queda, falecendo horas mais tarde.

Entre os mortos no desastre estava o médico Amaury de Medeiros. Durante a retirada dos corpos e dos restos da aeronave, ocorreu a morte de um escafandrista da Marinha.


Yolanda Penteado (imagem acima), a bordo do Cap Arcona relata o que viu: “Antes de o navio atracar, veio aquela barca da Saúde e nela o Antonio Prado, muito triste. Ele entrou a bordo e contou a tragédia. No acidente, haviam morrido todos, Santos Dumont foi tomado de um nervosismo pavoroso. Nessa noite, fomos visitar seis velórios, um após o outro. Isso fez um mal terrível a ele que já tinha, havia muito tempo, os nervos abalados”.

Destroços do P-BACA são retirados da Baia da Guanabara
Consequências

Após presenciar o acidente, Santos Dumont, ficaria abatido, cancelando as festividades e voltaria para a França. Sua depressão se agravaria, de forma que ele se suicidou poucos anos depois.

Esse foi o primeiro acidente com uma aeronave comercial no Brasil, embora a mesma não estivesse operando comercialmente naquele dia, gerando grande comoção junto à imprensa e opinião pública.

Os historiadores costumam dizer que este episódio foi o "gatilho" para um grande período depressivo que terminou com o trágico suicídio do "Pai da aviação", em 23 de julho de 1932.

O mapa da tragédia

Local do acidente
Reprodução dos jornais da época


Dados do acidente

Data: 03/12/1928
Hora: manhã
Aeronave: Dornier Do J Wal "Santos Dumont"
Operadora: Syndicato Condor
Prefixo: P-BACA
Número de Série: 83
Tripulantes: 5
Passageiros: 9
Partida: Rio de Janeiro, RJ
Destino: Rio de Janeiro, RJ
Local do acidente: Baia da Guanabara, Rio de Janeiro, RJ
Fatalidades: 14

Por Jorge Tadeu (Site Desastres Aéreos) com ASN, Wiikipédia, iG e santosdumontvida.blogspot.com.br

domingo, 30 de novembro de 2025

Quem é o homem que sobreviveu a acidente de avião da Varig em Passo Fundo

Queda de aeronave matou então bispo de Uruguaiana, Dom Dom Luiz Felipe de Nadal, e outras 10 pessoas. Naquele dia, sobrevivente decidiu pegar o voo 280 para "agilizar" viagem a trabalho que costumava fazer de carro.

O sobrevivente José Iramir Rodrigues, 12 anos depois do acidente, em 1975
(Foto: José Iramir Rodrigues Filho / Arquivo pessoal/Imagens Cedidas)
Há 62 anos, a queda de uma aeronave da extinta Viação Aérea Rio-Grandense (Varig) marcava a história de Passo Fundo e do Rio Grande do Sul. Era uma segunda-feira, 1° de julho de 1963, e uma densa cerração, típica do inverno no Planalto Médio, cobria o céu da cidade.

Por volta de 17h35min, o avião Douglas DC-3 sobrevoava o distrito de Bela Vista com nove passageiros e quatro tripulantes a bordo. A aeronave havia decolado de Porto Alegre rumo a Carazinho, Passo Fundo e Erechim. Na primeira escala desembarcaram seis pessoas e o avião seguiu para o Aeroporto Lauro Kortz.

Um registro do jornal Diário da Manhã (veja abaixo) mostra que as más condições dificultaram a visibilidade do piloto, que tentou aterrissar duas vezes. Na terceira tentativa, a manobra foi fatal: a aeronave bateu em um eucalipto e caiu.

Em 2 de julho de 1963, o jornal Diário da Manhã repercutiu o acidente com a manchete
"Tragédia aviatória em P. Fundo" (Imagem: Diário da Manhã / Acervo / IHPF)
Entre as vítimas estava o bispo de Uruguaiana, Dom Luiz Felipe de Nadal, morto aos 47 anos. O sacerdote viajava para participar de um evento religioso em Passo Fundo. Além dele, outras 10 pessoas morreram e dois passageiros foram resgatados com vida: José Iramir Rodrigues e Celanira Nunes.

A mulher faleceu pouco tempo depois, em razão de problemas de saúde decorrentes da queda. Já José Iramir teve mais sorte: mesmo com ferimentos graves, ele se recuperou e viveu por mais 40 anos.

Entrevistado por GZH Passo Fundo, o filho mais novo do homem, José Iramir Filho, lembra que um médico chegou a dar o quadro do pai como irreversível, mas outro profissional acreditou na melhora — o que se cumpriu. Rodrigues viveu por mais 40 anos ao lado da família e só morreu em 2003, aos 79 anos.

"Fez questão de voltar de avião"


José Iramir Rodrigues Filho e o pai, em 1989 (Foto: Arquivo Pessoal)
José Iramir e a família moravam na Capital. Ele era um dos passageiros do avião da Varig: precisava viajar a Passo Fundo a trabalho, como sempre fazia de carro. Mas, naquele dia, optou por agilizar a viagem.

Quando soube da queda, os familiares logo pegaram uma carona para o norte gaúcho e chegaram ao distrito de Bela Vista horas depois, no mesmo dia. À época com sete anos, Iramir Filho lembra do momento em que viu os escombros.

O motorista que deu a carona à família, cujo primeiro nome era Francisco, registrou
uma foto do avião caído. O registro está até hoje com Iramir (Foto: Arquivo Pessoal)
O momento foi tão significativo que ele, criança, pegou uma "lembrança" do acidente: um disco de acrílico do avião, que hoje já se perdeu. As memórias daquele período, porém, seguem intactas:

— Daquela época, me lembro do lugar do acidente, da árvore em que o avião bateu e também de ficar com meu pai no hospital. Um ano depois, quando voltamos para Porto Alegre, meu pai fez questão de voltar de avião — conta.

José Iramir (de boina branca) no dia em que tirou sua carteira de piloto, o brevê (Foto: Arquivo Pessoal)
José Iramir ficou um ano sem caminhar e perdeu a memória, que veio a recuperar ao longo dos meses depois do acidente. Assim que recuperou os sentidos plenamente, contou o que aconteceu naquele dia:

— Meu pai estava em uma poltrona perto da asa do avião. Quando ele notou que começou a dar problema, foi em direção à cauda da aeronave junto da outra senhora que viveu. Ele tinha o brevê (documento que comprova a aptidão para pilotar aeronaves), sabia os protocolos, então acredito que isso salvou a vida dele — afirma o filho.

Marco na história


Jornal de Porto Alegre trazia informações sobre saques no local da queda
(Imagem: Hemeroteca Digital Brasileira / Reprodução)
O acidente foi o primeiro desde a implantação da linha Porto Alegre/Passo Fundo, em 1941. O trecho levava em torno de 1h, sem contar as escalas. A edição do Jornal Do Dia, publicada em 2 de julho de 1963, falava em saque no local da queda. O periódico narra que moradores que chegaram ao local antes da polícia levaram diversos objetos de valor, incluindo a cruz peitoral do bispo e até bancos do avião.

Monumento tem a foto do bispo Dom Luiz Felipe de Nadal (Fotos: Rebecca Mistura / Agencia RBS)
As causas do acidente foram investigadas pela Comissão de Acidentes, ligada a Comissão Permanente de Estudos Técnicos da Aviação Civil. A conclusão foi de falha humana, provocada por condições climáticas desfavoráveis.

Árvore em que a aeronave colidiu, um eucalipto
(Foto: Deoclides Czamanski / Projeto Passo Fundo / Acervo)
José Iramir Filho conta que o pai nunca foi indenizado pela Varig. O homem precisou passar por diversas cirurgias, inclusive de reconstrução do rosto com enxertos. Ele conviveu os 40 anos de vida restantes com sequelas do acidente.

O caçula, hoje com 69 anos, chegou a visitar o ponto da queda anos depois. No gramado onde ocorreu o episódio, uma cruz com a foto de Dom Luiz Felipe de Nadal marca o local do acidente até os dias de hoje.

(Fotos: Deoclides Czamanski / Projeto Passo Fundo / Acervo)
Via Rebecca Mistura (GZH)

quarta-feira, 26 de novembro de 2025

Aconteceu em 26 de novembro de 1962: Colisão de avião da VASP com Cessna - O Desastre Aéreo de Paraibuna


O Desastre aéreo de Paraibuna foi um acidente aéreo ocorrido no dia 26 de novembro de 1962, envolvendo duas aeronaves - um Saab 90 Scandia da VASP e um Cessna 310 particular - que após colidirem no ar, caíram na cidade de Paraibuna, São Paulo, matando todos os 26 passageiros e tripulantes das duas aeronaves.

O SAAB 90 Scandia foi idealizado para substituir o Junkers Ju 52, que sofria escassez de peças por conta da Segunda Guerra Mundial. Porém com o fim do conflito, milhares de Douglas DC-3 ficaram ociosos, sendo vendidos pelo governo dos Estados Unidos e o Scandia foi perdendo mercado, sendo produzidas apenas 18 aeronaves, que após voarem pouco tempo na companhia aérea SAS e seriam vendidas para as empresas brasileiras Real Aerovias e VASP. 

Aeronaves Scandia, da VASP estacionadas no Aeroporto de Congonhas, São Paulo, em 1965
A VASP operou todas as 18 aeronaves, incluindo o protótipo. A aeronave acidentada tinha o número de série 90107 e seria fabricada em 1951. Nesse ano, a VASP adquiria seus 5 primeiros Scandia, aeronaves que se tornariam frequentes nos serviços entre Rio e São Paulo. 

Com a criação da ponte aérea em 1959, os voos se tornariam cada vez mais frequentes. A aeronave Cessna 310 era particular. Nova, a aeronave havia sido adquirida por James Tzeku–Sung diretamente de revendora Cessna credenciada no país.

O sol brilhava na manhã da segunda-feira, 26 de novembro de 1962. O Aeroporto de Congonhas agitava-se com o movimento de pessoas e veículos. Quem estivesse no amplo terraço aberto, debruçado sobre o pátio de estacionamento, podia observar uma fila de passageiros se deslocando em direção a um bimotor azul e branco, estacionado a poucos metros dali.


Assim que a porta do avião SAAB Scandia 90A-1, prefixo PP-SRA, da Vasp (foto acima), foi fechada, um mecânico portando um extintor de incêndio correu para as imediações do motor direito, cuja hélice já começava a girar. Rolos de fumaça branca saíam pelo escapamento, e a inesquecível melodia dos antigos motores radiais, que embalou os sonhos juvenis de muitos veteranos pilotos de hoje, mais uma vez ressoou no velho aeroporto, anunciando a partida da ponte aérea das oito horas e quarenta minutos para o Rio de Janeiro.

Por volta das 8h40min a aeronave decolou do Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, com destino ao Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, onde deveria pousar cerca de 1 hora depois, cumprindo mais um voo da Ponte aérea Rio-São Paulo. Transportava 18 passageiros e 3 tripulantes .

A tripulação do Scandia era formada pelo comandante Jack Torres Soares, copiloto Manoel Carlos (retornando ao serviço depois da lua de mel), radiotelegrafista Edson Miranda da Silva e comissários Selma da Silva Carvalho e Antônio Lourival Nóbrega.

Um Cessna 310, similar ao envolvido na colisão
A aeronave Cessna 310, prefixo PT-BRQ, de propriedade particular havia decolado quase na mesma hora do Aeroporto Santos Dumont no Rio de Janeiro e deveria pousar no Aeroporto Campo de Marte em São Paulo e transportava 2 passageiros e 1 tripulante.

Ambas as aeronaves utilizavam a aerovia AB6. Enquanto o Scandia voava por meio de instrumentos (IFR), o Cessna fazia um voo sob Regras de voo visual (VFR). O controle aéreo havia instruído o Scandia a voar sob teto de 8000 pés, enquanto que o Cessna deveria manter teto de 8500 pés. 

Por motivos ignorados, o Cessna manteve teto de 8000 pés. Com isso, ambas as aeronaves colidiram de forma frontal, por volta da 9h10min, a 8000 pés de altitude, nas proximidades de Paraibuna, em São Paulo. 

Eram 9h10 quando os moradores da cidade de Paraibuna ouviram um grande estrondo no céu. Levantando as cabeças, avistaram duas bolas de fogo despencando em direção à terra. Eram as piras funerárias de todos os vinte e seis ocupantes do Scandia PP-SRA da VASP e do Cessna 310 PT-BRQ, que tinham acabado de colidir em pleno ar.

Com a colisão, as duas aeronaves explodiram, matando instantaneamente seus 26 passageiros e tripulantes. Os destroços do Scandia cairiam num vale alagadiço, enquanto que o que restou do Cessna foi encontrado num local 5 km distante dos destroços do Scandia.

Entre os mortos estavam o ator Cilo Costa, que recentemente fizera sucesso nacional com a montagem da peça 'Society em Baby Doll', João Moreira Salles, sobrinho do embaixador Walter Moreira Salles, e Elisa Mignone, esposa do maestro Francisco Mignone. 

Jornal do Brasil, 27.11.1962 (clique nas imagens para ampliá-las)
A investigação concluiu que o acidente ocorreu porque os pilotos do Scandia e do Cessna não estavam atentos à presença de outros tráfegos. Os dois aviões voavam na mesma aerovia, A-6 (âmbar-meia), espécie de autoestrada que ligava Rio e São Paulo. O Scandia operava sob as regras de voo por instrumentos (IFR), mantendo a altitude aprovada de 8.000 pés. O Cessna voava em sentido contrário, do Rio para São Paulo (Campo de Marte), pelas regras de voo visual (VFR), e deveria estar mantendo 8.500 pés de altitude. Se assim fosse, os dois aviões se cruzariam com 500 pés (150 metros) de separação vertical. O piloto do Cessna teria provocado a colisão por manter 8.000 pés, 500 pés abaixo da altitude aprovada pelo controle de tráfego aéreo.

Esse seria o pior acidente ocorrido com uma aeronave Scandia. Posteriormente seriam proibidos voos do tipo VFR na ponte Aérea Rio-São Paulo. Após mais alguns acidentes, a VASP aposentaria seus Scandia. 

O impacto desse acidente na sociedade mal tinha sido assimilado quando, no dia seguinte, um Boeing 707 realizando o voo internacional Varig 810 entre o Rio e Lima bateria numa montanha nas proximidades do Aeroporto de Lima matando todos os seus 97 ocupantes. Um mês mais tarde cairia um Lockheed Constellation da Panair do Brasil nas proximidades de Manaus matando mais 50 pessoas. 

Esses acidentes, somados aos demais ocorridos em 1963, contribuiriam para uma queda momentânea na venda de passagens aéreas no Brasil e obrigariam empresas aéreas e governo a investirem em melhorias no sistema aéreo nacional, que encontrava-se em grave crise naquele momento.

Uma indenização que demorou 43 anos para ser paga

A viúva de um dos ocupantes do avião da Vasp, em 1965, entrou com ação de indenização na Justiça, em favor das filhas, então crianças menores, contra a Vasp e contra o dono do Cesna que, pela Justiça brasileira, tem responsabilidade solidária em caso de acidente com sua aeronave.

Ao longo do tempo, outros familiares de falecidos entraram com ações desse tipo, mas em geral foram desistindo delas, dada à demora de uma solução. Esse processo, o último do caso, durou 43 anos, o que mostra a ineficiência e a morosidade da Justiça brasileira.

Durante 41 anos e meio, o processo correu na Justiça, com demora causada por interposição de recursos de toda ordem e uma ação rescisória, que anulou todo o processo, fazendo-o retroceder à estaca zero.

O dono do Cesna passou a ser defendido pelo escritório L.O. Baptista Advogados, através de um de seus sócios, o Dr. André Carmelingo, especialista em negociação e arbitragem, para quem "o acordo, que seria uma alternativa, nesse tipo de caso, acaba sendo a única possibilidade de solução".

As filhas do falecido, com idade em torno dos 50 anos em 2008, aceitaram um acordo proposto pelo dono do Cesna, acertado entre seu advogado, José Carlos Etrusco Vieira, e o Dr. Carmelingo.

Em 31 de março de 2008, foi protocolada no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, no setor de Conciliação, uma escritura pública de transação, para pagamento de R$ 4,4 milhões, em favor das filhas da vítima fatal.

Por Jorge Tadeu (Site Desastres Aéreos) com Wikipédia, Tribuna do Paraná, Livro 'O Rastro da Bruxa' e ASN