sexta-feira, 18 de março de 2022

Governo Federal pagou VTCLog por voos que a empresa não realizou, diz TCU

Sócio da empresa de logística VTCLog, Raimundo Nonato Brasil, em depoimento à
CPI da Covid no Senado (Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado)
Auditores do Tribunal de Contas da União (TCU) encarregados de analisar o contrato entre o Ministério da Saúde e a empresa de logística VTCLog – com sócios indiciados pela CPI da Covid – encontraram indícios de superfaturamento e fraude em serviços cobrados pela empresa e pagos pelo governo no início de 2021. O caso chegou ao TCU após representação dos senadores Eliziane Gama (Cidadania-MA) e Alessandro Vieira (sem partido-SE).

Segundo parecer da área técnica do TCU, obtido pelo Congresso em Foco, as provas colhidas ao longo do processo indicam que o governo pagou a VTCLog pelo fretamento de aviões que distribuíram os primeiros lotes de vacinas contra a Covid-19 em janeiro de 2021. Ao todo, a VTCLog emitiu quatro notas fiscais pelo serviço, totalizando R$ 6,6 milhões, com a autorização dada por Roberto Ferreira Dias, ex-diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde na gestão de Eduardo Pazuello.

Entretanto, as primeiras doses da Coronavac enviadas aos postos de saúde em diversos pontos do país foram transportadas gratuitamente por companhias aéreas que doaram voos ao governo ou pela Força Aérea Brasileira (FAB), alegam os auditores, que tiveram por base documentos do próprio Ministério da Saúde. A FAB informou ter transportado 44 toneladas de carga de vacinas da Coronavac para as capitais 10 estados e do Distrito Federal, ao passo que a VTC cobrou pelo transporte de 64 toneladas.


A incongruência nas informações divulgadas pelo governo sobre o transporte dos primeiros lotes de vacina e os pagamentos à empresa chamou a atenção dos técnicos, que não encontraram provas de que a VTCLog de fato contratou as aeronaves pelas quais foi paga. Além disso, sublinharam que o governo de Jair Bolsonaro divulgou, à época dos fatos, que parte significativa dos insumos foi transportada a custo zero.

Auditores do TCU também encontraram indícios de que a VTCLog recebeu R$ 420,8 mil pelo transporte de uma usina de oxigênio para Manaus, durante a crise de Covid-19 na capital amazonense, com autorização de Roberto Ferreira Dias pelo WhatsApp, mas sem nenhuma prova de que o serviço foi de fato prestado. Mais uma vez, os investigadores acreditam que a VTCLog recebeu por um transporte realizado pela FAB.

Uma das quatro notas fiscais apresentadas pela VTCLog ao Ministério da Saúde em que foram apontados indícios de irregularidade pelo TCU. Nela é possível observar o valor de R$ 4 milhões pagos pelo fretamento de aeronaves para distribuição de vacinas entre os dias 18 e 19 de janeiro. Ocorre, no entanto, que não constam especificações de quais voos seriam, quantos aviões e quais companhias
“Os fatos elencados pelo possível cometimento de fraude documental que resultou na execução de despesas sem cobertura contratual e que tornaram, injustamente, mais onerosa a execução do Contrato 59/2018, constituindo conjunto de indícios do cometimento de fraude à licitação,” acrescenta o parecer dos técnicos do TCU, que requisitaram ao ministro Benjamin Zymler, relator do caso, que determinasse a oitiva da VTC Log, em vista das possíveis irregularidades.

Zymler, no entanto, negou o pedido formulado pelos auditores, autorizando apenas a coleta de depoimento de Roberto Ferreira Dias e Alex Lial Marinho, ex-coordenador de Logística de Insumos Estratégicos para a Saúde. “Deixo, contudo, de acatar a proposta de oitiva da empresa contratada, pois as falhas aqui tratadas dizem respeito à execução contratual”, escreveu o ministro, em despacho do dia 24 de fevereiro. De forma reservada, técnicos que acompanham o caso apontaram ao Congresso em Foco, porém, que a decisão de Zymler impede os auditores do TCU de continuarem investigando a empresa. Neste caso, caberia ao Ministério da Saúde sancionar a VTCLog através de uma auditoria interna.

Procurado, o TCU não comentou o caso, encaminhando somente o despacho do ministro Zymler. A VTC, por meio de sua assessoria de imprensa, não quis se posicionar sobre os indícios. O Congresso em Foco telefonou para Roberto Ferreira Dias, mas não obteve resposta.

Em nota, o Ministério da Saúde informou que “o processo segue em apuração e aguarda a apresentação de documentação por parte das empresas”. A pasta esclarece, ainda, “que há instrumentos administrativos para reaver valores, quando detectadas irregularidades em pagamentos”.

Pedido de explicações


Na terça-feira, o senador Alessandro Vieira protocolou petição junto ao TCU para cobrar o retorno da investigação da empresa VTCLog por indícios de fraude, corrupção e irregularidades em contratos firmados com o Ministério da Saúde. A ação é uma resposta ao despacho do relator, ministro Benjamin Zymler, que negou a realização de oitiva da empresa.

“Avaliamos como extremamente necessária a manifestação da VTCLog quanto à celebração de termo aditivo de contrato cujos efeitos jurídicos foram suspensos cautelarmente pelo TCU e cuja nulidade foi reconhecida posteriormente pelo próprio ministério”, destacou o senador.

Para o senador, o contexto aponta potencial cometimento de fraude à licitação, fato que deve ser aprofundado nas investigações. “Muitos outros indícios de irregularidades são indicados pela competente Auditoria de Controle Externo do Tribunal de Contas da União, a exemplo da cobrança pela VTCLOG de voos em aeronaves fretadas, quando, de fato, parte desses voos teria sido realizada pela Força Aérea Brasileira e por empresas áreas a custo zero, indícios esses de superfaturamento”, afirma.

Na instrução do processo, a área técnica do TCU solicitou que os indícios levantados pela investigação fossem enviados diretamente aos senadores e aos demais órgãos de combate à corrupção, como a Polícia Federal, o Ministério Público e a Controladoria-Geral da União. O ministro Benjamin Zymler, porém, negou o encaminhamento dos documentos, alegando que “o estágio preliminar da apuração dos fatos recomenda cautela na sua divulgação”.

Auditoria interna


Após as descobertas de irregularidades no contrato com a VTC Log reveladas pela CPI da Covid, o Ministério da Saúde iniciou um processo interno de auditoria, já na gestão do ministro Marcelo Queiroga. Em vista das suspeitas de que os voos pagos à VTC não ocorreram, o governo glosou cerca de R$ 2,1 milhões das notas já pagas – o que significa que os valores serão descontados apenas em futuros pagamentos à empresa. Segundo fontes a par da investigação, o governo optou por não glosar a totalidade dos pagamentos com indícios de fraude, que superam os R$ 6 milhões, enquanto não concluir a auditoria interna. A pasta prometeu ao TCU que entregaria os resultados da análise até a última segunda-feira, dia 14, mas o documento ainda não chegou ao processo.

“O exame empreendido nos autos constatou, além das irregularidades já relatadas, fragilidades críticas no processo de gestão e fiscalização do Contrato. No entanto, cabe assinalar que a atual gestão do DLOG/MS, iniciada em 6/7/2021, tem realizado ações corretivas e a verificação de atos pretéritos com a finalidade de identificar as ocorrências de pagamentos indevidos e realizar as respectivas glosas do saldo contratual,” afirmam os técnicos do TCU. Segundo o Ministério da Saúde, o governo já conseguiu recuperar mais de R$ 73,7 milhões em pagamentos feitos indevidamente à VTC Log.

A grande questão, na análise das supostas contratações de fretamento de aeronaves, é que o governo não tem como auditar as cobranças da VTC Log. “O Ministério da Saúde não efetua verificações no processo de cubagem/pesagem da carga, nem mesmo por amostragem, tampouco dispõe de comprovantes de que a carga foi, de fato, transportada no modal indicado, ou seja, há o risco de se haver indicado transporte pelo modal aéreo, que é mais oneroso, mas a carga ter sido transportada pelo modal terrestre”, dizem os auditores.

Na prática, o governo apenas recebia as notas fiscais e pagava a VTC Log conforme a empresa ordenava, sem nenhuma verificação. “Como o Ministério da Saúde não verifica o processo de embalamento e pesagem da carga, há potencial risco de superfaturamento, pois os dados informados pela contratada, em razão de seu caráter meramente declaratório, podem ser superiores ao que foi realmente transportado”, prossegue o parecer do TCU.

Em resposta aos auditores, o Ministério da Saúde informou que “a partir de 15/2/2022, para composição do processo de pagamento, a contratada deverá apresentar comprovante e/ou documento similar que ateste o embarque das cargas aéreas no referido modal, informando, inclusive, o peso cubado das cargas”, que deve ser “assinado pela companhia aérea, e deverá conter minimamente os dados de identificação do pedido e a volumetria (em especial, peso taxado)”.

Aditivo milionário à VTCLog


Roberto Ferreira Dias e Alex Lial Marinho também terão de se explicar ao TCU por qual razão deram aval a um aditivo ao contrato entre o governo e a VTClog em valor superior a R$ 80 milhões, montante “1.800% maior do que o recomendado pela área técnica” no Ministério da Saúde, de acordo com a CPI da Covid. O aditivo foi suspenso pelo TCU e, posteriormente, anulado pelo Ministério da Saúde.

Em julho de 2021, no contexto da CPI, os senadores Alessandro Vieira e Eliziane Gama entraram com uma representação no TCU cobrando investigação de contratos firmados entre o Ministério da Saúde e a VTCLog por indícios de fraude, corrupção e irregularidades. A empresa estava sob suspeita de pagamento de propina a servidores ligados à pasta.

Em conversa por WhatsApp, Roberto Dias autorizou fretamento de usina de oxigênio para Manaus solicitado pela VTCLog. TCU vê indícios de irregularidade. Pagamento foi glosado pelo Ministério da Saúde
Em depoimento à CPI, o motoboy Ivanildo Gonçalves confirmou que realizou vultosos saques em espécie a pedido da empresa – chegando a movimentar R$ 400 mil em dinheiro vivo de uma só vez. Segundo o senador Renan Calheiros, relator comissão de inquérito, a empresa pagou boletos em nome de Roberto Ferreira Dias.

A CPI da Covid indiciou Carlos Alberto Sá, Teresa Cristina de Sá e Raimundo Nonato Brasil, sócios da VTClog, por diferentes crimes. Carlos e Raimundo são acusados de corrupção e improbidade administrativa. Já Teresa Cristina responde apenas por improbidade. O relatório final do colegiado também indiciou Andreia da Silva Lima, diretora-executiva da empresa, por corrupção e improbidade.

Dias foi alçado ao posto por uma indicação do Centrão. Acusado de cobrar propina para fornecedores falsos de vacina, ele chegou a ser preso durante depoimento à CPI da Covid por mentir aos parlamentares.

Por André Spigariol (Especial para o Congresso em Foco)

Aeronave faz pouso forçado em Bragança Paulista (SP)


Na noite desta quinta-feira (17) um avião fez um pouso de emergência em uma área descampada entre o Jardim Santa Helena e a Rodovia Fernão Dias em Bragança Paulista.

Conforme o preliminarmente apurado pelo 'Em Pauta', o instrutor (piloto) e o aluno que estavam na aeronave passam bem.

Equipes do Corpo de Bombeiros estão no local neste momento para fazer o resgate das vítimas já que a aeronave está um local de difícil acesso, em um milharal.


Mais de 10 bombeiros participaram da ação. Eles levaram cerca de meia hora para chegar até a aeronave que só será recolhida amanhã.

A aeronave pertence à uma escola de aviação localizada no condomínio de luxo Vale Eldorado situado na Rodovia Bragança/Itatiba.

Governo Federal gastou quase R$ 2,6 mi com comidas em avião

Deputado que fez o levantamento pretende levar os números para o TCU.

O presidente Jair Bolsonaro desembarca em avião da FAB (Foto: FAB)
O deputado federal Elias Vaz (PSB-GO) fez um levantamento, através de dados do portal da Transparência, sobre os gastos do governo de Jair Bolsonaro (PL) com comida durante viagens no avião presidencial. O resultado: um custo de quase R$ 2,6 milhões aos cofres públicos, informa a coluna de Bela Megale, do jornal O Globo, nesta sexta-feira, 18.

"O presidente diz que é simples, come macarrão instantâneo e leite condensado, mas a realidade é outra. É dinheiro público pagando a conta dos luxos do Bolsonaro em plena crise. É vergonhoso. Esse tipo de serviço não é pago com o cartão corporativo, uma vez que a empresa mantém relação contratual por meio de licitação realizada pela presidência", afirmou Elias Vaz à coluna.

O parlamentar, que irá solicitar uma documentação detalhada desses gastos, quer levar esses números para o Tribunal de Contas da União (TCU) para que uma auditoria seja realizada.

O contrato para fornecer alimentos em aviões presidenciais ocorre desde o governo de Michel Temer e inclui refeições prontas (café da manhã, almoço e jantar), bebidas não alcóolicas, lanches, petiscos, frutas, doces e até gelo.

A pesquisa de Elias Vaz mostra, ainda, o gasto por ano de mandato. Em 2019, foram gastos R$ 851.159,36. Em 2020, foram R$ 656.117,38. Em 2021, o valor saltou para R$ 889.583,37. Em 2022, nos primeiros meses do ano em que estamos, R$ 202.836,37 já foram retirados dos cofres públicos para esta finalidade.

Fonte: Redação Terra

Quanto custa manter um jato particular por mês?


Imagine por um momento que você pode viajar para onde quiser ou precisar sem a necessidade de pegar filas, passar por longos check-ins e despachar suas malas com medo de que algo aconteça com elas. Isso é possível se você tiver seu próprio jato executivo ou se simplesmente utilizar um serviço de táxi-aéreo.

Ter um jato executivo (ou jatinho, como preferirem) pode ser o sonho de muita gente. Os bilionários do mundo dos negócios ou dos esportes têm suas aeronaves e evitam os saguões de aeroportos com muita facilidade, dando mais dinamismo às suas vidas cheias de compromissos.

Entretanto, essa brincadeira de magnata e ter seu jato executivo custa caro — bem caro.

Quanto custa manter um jato particular?


A "pergunta de um milhão de dólares" pode ser encarada da maneira que a escrevemos, mas os custos, claro, são muito variados e são determinados por uma série de fatores: tamanho da aeronave, quantidade de vezes que é utilizada, distância média percorrida, tempo e local de hangaragem, e por aí vai.

Manter um avião no hangar custa muito, mas muito caro (Imagem: Divulgação/Envato/svitlanah)
E essas informações são, em sua grande maioria, sigilosas, pois envolvem pessoas que não querem revelar quanto gastam com seus aviões. Por isso e por motivos de segurança, utilizaremos apenas exemplos conhecidos, de empresas que têm suas despesas abertas.

Para começar, é necessário dizer que avião no chão é prejuízo, ou seja, quanto mais a empresa ou proprietário utilizarem sua aeronave, mais os custos serão diluídos ao longo do tempo. Isso vale para manutenção, hangaragem e, principalmente, os custos de tripulação.

Custos fixos


Uma aeronave de porte pequeno, como um Embraer Phenom 100 ou um Cessna CitationJet custam, em média, de R$ 90 mil a R$ 100 mil mensais, somente para ficarem paradas em um aeroporto como Congonhas, em São Paulo, ou no Campo de Marte, também na capital paulista.

Uma aeronave de pequeno porte como o CitationJet custa bem menos do que um
Gulfstream G650 (Imagem: Reprodução/Flickr/bomberpilot/Creative Commons)
Dentro desses valores estão cifras que envolvem hangaragem, ou seja, o estacionamento do avião, pessoas especializadas para movimentarem a aeronave no pátio, os pilotos (que no caso do táxi-aéreo têm contratos fixos) e a manutenção preventiva anual obrigatória.

O seguro, algo importante para se manter um jato particular, é cobrado em dólares e pode variar muito do tipo de franquia que o táxi-aéreo ou proprietário escolheram. Mas, mensalmente, um seguro custa em média na casa dos R$ 20 mil, com uma cobertura que pode ultrapassar os R$ 100 milhões, se necessário.

Dessa forma, os custos médios por atividade são:
  • Hangaragem: R$ 30 mil
  • Tripulação: R$ 40 mil
  • Manutenção obrigatória: R$ 20 mil
  • Seguro: R$ 20 mil
Logo, o custo fixo médio mensal é de R$ 90 mil a R$ 120 mil, podendo chegar a R$ 200 mil/mês no caso de um jato midsize ou fullsize

Custos variáveis


O custos variáveis de uma aeronave são aferidos pelas horas de voo. Quanto mais você voar, mais vai diluir os valores desses custos e das despesas fixas, já que mais pessoas vão contratar o serviço do táxi-aéreo e isso aumenta as receitas.

O serviço de catering é um dos que mais pode variar nos gastos mensais
(Imagem: Divulgação/Envato/mstandret)
Aqui entram itens como combustível, manutenção diária e por período (geralmente de 5 mil horas de voo), taxas aeroportuárias, alimentação de tripulantes e clientes, e gastos diversos. Em Congonhas, por exemplo, o litro do querosene de aviação custa aproximadamente R$ 4 para o táxi-aéreo e R$ 7 para clientes particulares.

Sabendo disso tudo, o custo variável médio mensal por atividade (por hora de voo) é o seguinte:
  • Combustível: R$ 1.200 (por hora, em um avião pequeno)
  • Alimentação: R$ 1.000
  • Taxas aeroportuárias: R$ 1.000
  • Manutenção: R$ 1.000
  • Taxa de gestão: R$ 1.200
Portanto, o custo variável é de R$ 5.400.

Com todos esses números, é possível calcular quanto custa manter um jato particular por mês levando em conta pelo menos 10 horas de voo em 30 dias.
  • Fixo: R$ 120 mil (será diluído nas 10 horas de voo)
  • Variável: R$ 54 mil
Portanto, para ter um jato particular você precisa desembolsar nada menos que R$ 174 mil por mês, ou R$ 17.400 por hora viajada.

É bom lembrar que esses gastos podem variar muito, sempre levando em conta o tipo de uso da aeronave, horas de voo e o câmbio do dia.

Por Felipe Ribeiro | Editado por Jones Oliveira (Canaltech) - Com informações: Flapper Taxi Aéreo, Aero Por Trás da Aviação, Executive Fliteways

Brigas violentas e morte: comissários relatam situações críticas em voo


Aviões são locais propícios para o surgimento de situações dramáticas. Um voo, afinal, costuma carregar, em ambientes apertados, centenas de pessoas de diferentes procedências que, por horas seguidas, se veem impossibilitadas de sair para o mundo exterior, presas dentro da aeronave a milhares de metros de altitude.

Não à toa, comissários de bordo passam por treinamentos que ensinam a lidar com momentos críticos que, uma hora ou outra, irão ocorrer em viagens aéreas.

Problemas de viagem



E aí estão incluídas emergências envolvendo graves problemas de saúde de passageiros, brigas entre viajantes, surtos de pânico e situações que podem colocar a segurança de todo o voo em risco.

Mas como é enfrentar estas ocorrências de perto? Para saber isso, Nossa reuniu cinco histórias de deixar o cabelo em pé vividas dentro dos aviões por comissários de bordo brasileiros.

Criança em perigo


Fernanda Lugate trabalhou por anos como comissária de bordo de uma grande companhia aérea. E, certo dia, notou uma movimentação estranha dentro do avião.

"Vi uma passageira chacoalhando um garoto. E, de repente, ouvi gritos de socorro. O menino tinha engasgado com alguma coisa. E a mãe estava apavorada", lembra.

"Imediatamente, corri em direção a eles, mas foi difícil atravessar o corredor, pois havia passageiros em pé tentando filmar a comoção envolvendo a cena".


Fernanda finalmente conseguiu chegar à criança e viu que ela estava com a boca roxa e muita dificuldade de respirar.

"Peguei o garoto e apliquei nele um procedimento, que aprendemos em nossos treinamentos, chamado manobra de Heimlich. Foi difícil fazer isso, pois havia muita gente em volta".

A ação fez com que a criança cuspisse o objeto que estava causando sua asfixia.

"Entreguei a criança respirando normalmente para a mãe, mas a mulher começou a brigar comigo. Ela identificou uma mancha vermelha na boca do filho e achou que eu, ao fazer a manobra, tivesse feito a criança sangrar", lembra Fernanda.

Mas não era sangue. Olhei para o chão e vi que era uma bala de frutas vermelhas que havia feito o menino engasgar. E aquela mancha vermelha era do doce. A mãe nunca me agradeceu".

Desmaiado de fome




Em outra situação muito delicada, num voo dentro do Brasil, Fernanda achou um passageiro desmaiado dentro do banheiro da aeronave.

"Tivemos que fazer muita força para tirá-lo de lá, pois era um cara enorme. E, aí, colocamos ele deitado de lado. O procedimento de deixar uma pessoa nestas condições de lado é muito importante, para impedir que ela sufoque caso vomite ou tenha uma convulsão".

Muita gente pode pensar, inicialmente, que o homem estava bêbado. Mas não era nada disso.

Ao conversar com Fernanda depois de se recuperar, ele falou que havia entrado no avião com muita fome, pois não tinha dinheiro para comprar os alimentos de preços altíssimos vendidos no aeroporto. E que isso, provavelmente, havia causado seu desmaio.

Pancadaria entre casal



O brasileiro Felipe Artacho atuou por muitos anos como comissário de bordo de uma companhia aérea do mundo árabe.

E, em um dos voos que fez, presenciou uma cena chocante. "Na classe executiva do avião, havia um casal que estava ingerindo muita bebida alcoólica. E notamos que eles estavam começando a ficar agressivos um com o outro", conta.

"Nestes casos, éramos orientados a adotar o procedimento dos quatros Ds, que, em inglês, querem dizer 'Delay' [Atrase], 'Distract' [Distraia], 'Dilute' [Dilua] e 'Deny' [Negue].

Ou seja, quando víamos um passageiro bebendo muito, sempre começávamos a demorar para trazer a bebida e a tentar distrair o passageiro, conversando com ele. Depois, tentávamos lhe servir a bebida acompanhada de água ou gelo. E, como última medida, falávamos que ele não podia mais ser servido".

Esta última atitude foi tomada com o casal por Felipe e seus colegas. Pouco tempo depois, porém, o homem e a mulher começaram a se agredir fisicamente.

"Eles começaram a bater violentamente um no outro. Uma briga de verdade, de sair sangue. E o pior: o filho pequeno dos dois estava junto, extremamente assustado".


Tivemos que entrar no meio para apartar a briga e mandamos um para cada canto do avião, colocando a criança também em outro assento".

Quando a aeronave pousou em seu destino, a polícia subiu a bordo e prendeu o casal em uma estação policial do aeroporto.

"Depois, ficamos sabendo que a criança dormiu lá com eles. E, na manhã seguinte, todos foram mandados de volta para seu país de origem".

Ameaça a bordo


As experiências dramáticas de Felipe não param por aí.

"Em um voo de longa distância, um passageiro veio andando até mim, dando a entender que queria me falar algo. Mas ele não abria a boca, só gesticulava", lembra. "De início, achei que o homem fosse mudo. Então, lhe dei papel e caneta, pedindo que escrevesse o que queria comunicar".


E aí veio o susto: segundo Felipe, o passageiro escreveu, em inglês, que havia engolido uma perigosa substância e que, se abrisse a boca, todo mundo no avião iria morrer. "E ele queria que eu passasse esta informação para o comandante do voo", conta.

Chocado, mas tentando manter o mínimo de calma, o comissário pediu que o homem voltasse ao seu assento (o que foi prontamente obedecido).

Sem comentar o ocorrido com nenhum outro comissário, para não gerar pânico a bordo, Felipe foi até a cabine do comandante e contou tudo o que tinha acontecido. Bem nervoso, ele imediatamente se comunicou com uma equipe em terra e pediu que o comissário voltasse a falar com o homem, para que ele continuasse escrevendo mais detalhes sobre o que queria com tudo aquilo.

"Enquanto isso, a equipe em terra fez uma pesquisa no Google com o nome deste passageiro e descobriu ele era um ex-militar dos Estados Unidos que sofria de transtornos mentais".

Felipe viu que aquilo tinha grandes chances de ser um alarme falso e, de repente, o homem caiu no sono, dormindo até o momento da aterrissagem.


Quando a aeronave pousou, uma equipe de segurança subiu a bordo e levou o passageiro para questionamentos. "Não sabemos exatamente o que aconteceu com ele", diz Felipe.

Morte e briga a bordo


Atuando como comissário de bordo de voos nacionais e internacionais há mais de 10 anos, Paulo (nome fictício) já viveu uma situação inacreditável em um voo realizado durante a pandemia.

"No embarque, entrou no avião um senhor que aparentava ter uns 70 anos de idade, que logo abordou uma das comissárias. Ele disse que era a primeira vez que voava na vida", conta. "Nós mostramos para ele seu assento e, pouco antes da decolagem, ele começou a passar mal".

Paulo viu que o senhor estava respirando com muita dificuldade e, logo, ele desfaleceu.

Rapidamente, uma de suas colegas fez a tradicional pergunta se havia algum médico a bordo - e uma médica e duas enfermeiras apareceram.

"Elas deitaram o homem no assento e começaram a realizar uma massagem cardíaca nele. E eu corri para pegar o desfibrilador levado a bordo, que foi usado no atendimento".



Poucos minutos depois entrou no avião uma equipe de paramédicos, que também tentou reanimar o passageiro, sem sucesso. O homem teve que ser desembarcado de maca, mas não resistiu e morreu. E houve, ainda, um ocorrido que piorou toda a situação: enquanto o senhor era tirado de maca da aeronave, dois outros passageiros começaram a discutir de maneira agressiva, porque um deles estava com a máscara contra a covid-19 abaixada e foi recriminado pelo outro. "Os dois começaram a se xingar e nós tivemos que intervir para aquilo não escalar. Os homens se acalmaram, mas depois fiquei sabendo que eles brigaram, de trocar socos, na área das esteiras de bagagens do aeroporto. Foi um dia de caos".

Via Marcel Vincenti (Nossa/UOL)

Aconteceu em 18 de março de 1997: Acidente no voo 1023 da Stavropolskaya Aktsionernaya Avia na Rússia

Um Antonov An-24 similar ao avião acidentado
Em 18 de março de 1997, o Antonov An-24RV, prefixo RA-46516, da empresa aérea russa Stavropolskaya Aktsionernaya Avia, partiu para realizar o voo 1023, um voo charter entre Stavropol, no sul da Rússia, e Trabzon, na Turquia, levando a bordo 44 passageiros e seis tripulantes.

O voo, que era um fretamento frequentemente operado entre Stavropol e Trabzon na costa do Mar Negro da Turquia, decolou do Aeroporto Stavropol Shpakovskoye, transportando, principalmente, comerciantes que planejavam comprar bens de consumo baratos na Turquia e os diretores da companhia aérea.

O voo estava a uma altura de 17.700 pés (5.400 m) 37 minutos após a decolagem, quando o controle de tráfego aéreo perdeu contato com ele.

Durante o cruzeiro a uma altitude de 6.000 metros, a aeronave sofreu uma falha estrutural quando a cauda se separou. A aeronave entrou em descida descontrolada e caiu em uma área arborizada localizada a cerca de um km de Cherkessk. 


Os destroços do Antonov An-24 foram encontrados espalhados por uma vasta área em uma floresta perto da vila de Prigorodny, a leste de Cherkessk, norte do Cáucaso. 

A cauda da aeronave foi encontrada a 1,5 km do restante dos destroços, indicando que a aeronave pode ter se quebrado no ar. Todas as 50 pessoas a bordo morreram.


Foi relatado durante as investigações que a cauda se separou devido à corrosão depois que a aeronave foi operada em ambiente úmido no Zimbábue e na RDC de 15 de agosto de 1994 até 28 de dezembro de 1995.

O acidente foi causado pela combinação dos seguintes fatores:

  1. Superfície, sem a utilização de métodos de controle instrumental, pela avaliação da comissão da condição técnica da aeronave An-24 RA 46516 e a subsequente emissão injustificada de uma conclusão e um decisão sobre a possibilidade de estender seu MTO e vida útil;
  2. Violação dos requisitos dos documentos atuais ao estender a vida útil para recondicionamento da aeronave An-24 RA 46516 e estender a vida útil para recondicionamento estabelecida sem levar em consideração sua operação de longo prazo em clima úmido e quente;
  3. Inconsistência dos documentos regulamentares que regem a organização do trabalho para estabelecer e estender os recursos e a vida útil de aeronaves civis (Regulamento de 1994) com os requisitos de segurança de vôo em condições modernas;
  4. Violação dos requisitos da tecnologia para reparar aeronaves e equipamentos domésticos durante reparos em condições ARZ;
  5. Imperfeição da documentação tecnológica para manutenção periódica em termos de determinação do estado de corrosão e corrosão-fadiga da estrutura da aeronave em áreas de difícil acesso;
  6. Insuficiente controle na operação de áreas de difícil acesso do subsolo da fuselagem em termos de determinação do estado dos elementos estruturais e da presença de lesões de corrosão;
  7. O não cumprimento das medidas anticorrosivas prescritas para a estrutura da aeronave durante os reparos no ARP e em operação.

Por Jorge Tadeu (com Wikipedia, ASN e baaa-acro.com)

Aconteceu em 18 de março de 1966: A queda do voo 749 da United Arab Airlines no Egito

O voo 749 da  foi um voo internacional de passageiros programado  que caiu durante uma tentativa de pousar no Cairo, no Egito. Todos os trinta passageiros e tripulantes a bordo morreram.


Em 18 de março de 1966, o Antonov An-24V, prefixo SU-AOA, da United Arab Airlines (U.A.A.), decolou do aeroporto de Nicósia, no Chipre, com destino ao Aeroporto Internacional do Cairo, no Egito, para realizar o voo 749, levando a bordo 25 passageiros e cinco tripulantes.

No caminho, a aeronave encontrou mau tempo e as condições eram ruins no Cairo devido à presença de tempestades de areia. A tripulação do voo 749 contatou as operações da Mirsair sobre as opções de desvio para Alexandria, Port Said e El Arish.

A tripulação também relatou que estava voando através de tempestades com condições de congelamento, que dois dos altímetros da aeronave estavam dando leituras diferentes, a bússola magnética estando inoperante, e que havia uma rachadura no painel da janela da cabine devido às tempestades. 

Depois que o desvio foi discutido, o voo 749 continuou para o Cairo. O voo foi liberado para uma abordagem na Pista 23.

Não houve mais nenhum contato entre a aeronave e a torre do Cairo. Em seguida, o Antonov An-24V caiu a cerca de 5 quilômetros do aeroporto. Todos as 30 pessoas a bordo do voo 749 morreram no acidente. Entre os mortos no acidente estava o ministro da Agricultura do Iêmen, Ali Mohammad Abdou.


Após a queda, a tempestade de areia atrapalhou as operações de resgate. A visibilidade era quase zero e os veículos de resgate atolaram nas areias movediças.

Os investigadores do acidente determinaram que "o acidente decorreu da descida da aeronave abaixo da altitude de voo segura na abordagem final e do impacto da asa de bombordo contra as dunas de areia situadas a nordeste do aeródromo. Como resultado, o piloto perdeu o controle de sua aeronave e atingiu o solo.


É provável que a causa da queda da aeronave abaixo do nível de segurança tenha sido devido à mudança de IFR para VFR, levando em consideração que um tempo considerável teria sido necessário para que o piloto se adaptasse a esta mudança nas condições climáticas prevalecentes.

Por Jorge Tadeu (com Wikipedia e ASN)

Delta e Airbus irão trabalhar em um avião-conceito movido a hidrogênio


A Delta Air Lines e o Airbus Group assinaram um memorando de entendimento para colaborarem na pesquisa e desenvolvimento de um avião movido a hidrogênio.

A Delta é o primeiro parceiro da Airbus com sede nos EUA no projeto da aeronave de hidrogênio. Ela afirmou que oferecerá conhecimentos especializados para identificar expectativas da frota e rede, bem como os requisitos operacionais e de infraestrutura necessários para o desenvolvimento de aviões comerciais que utilizem hidrogênio.

As empresas vão se concentrar especificamente no conceito das aeronaves e trabalharão de maneira mais ampla na construção de uma coalizão, inclusive na tarefa de um "futuro livre de carbono na aviação".

"O hidrogênio combustível é um conceito empolgante que tem o potencial de redefinir o status quo. Essas medidas tangíveis lançam as bases para a próxima geração da aviação", disse Pam Fletcher, Diretor de Sustentabilidade da Delta.

Via Investing.com - Foto: Divulgação/Airbus

Confira os vídeos do último pouso do An-225 antes de ser destruído na Ucrânia

O lendário Antonov An-225 Mriya foi destruído durante a invasão russa da Ucrânia.


Filmados em 5 de fevereiro de 2022, os interessantes vídeos deste post mostram o pouso final do lendário Antonov An-225 Mriya (Sonho), o maior avião de transporte do mundo, no aeroporto Hostomel, onde estava a sede da Antonov Airlines.

No início de fevereiro, pouco menos de um mês antes de ser destruído, o Antonov AN-225 fez um voo para Billund (Dinamarca). O retorno à sua base na Ucrânia também foi registrado por cidadãos locais. O vídeo, no entanto, não havia sido divulgado até agora.

Nas filmagens (abaixo), pode-se ver que, mesmo em meio à neve, a população se reuniu na cabeceira do aeroporto da Antonov, localizado a 25 quilômetros a noroeste de Kiev, para assistir à chegada do enorme avião.


Segundo a legenda de um dos vídeos, o avião transportava munições para Kiev às vésperas da guerra.


O An-225 foi destruído durante a invasão russa da Ucrânia no mês passado. A notícia de que o An-225 foi destruído foi confirmada pelo governo ucraniano no domingo, 27 de fevereiro.

Dramática imagem mostra como ficou o An-225 após ataque
no aeroporto em Gostomel, nos arredores de Kiev
O An-225 fez seu primeiro voo em 21 de dezembro de 1988 decolando do aeródromo da fábrica em Svyatoshyn. O avião foi pilotado por uma tripulação chefiada por Oleksandr Galunenko. O “Mriya” foi desenvolvido para o transporte do orbitador do ônibus espacial Buran e componentes do foguete transportador Energiya.

Dois aviões AN-225 foram construídos. A construção de uma das duas aeronaves foi concluída. A fuselagem e a cauda foram montadas nas instalações da Antonov Kyiv Mechanical Works em Kiev, enquanto a seção central da asa e os painéis externos da asa foram montados na Valerii Chkalov Tashkent Production Association em Tashkent. As asas e as seções centrais das asas foram transportadas de Tashkent para Kiev no An-22 Antaeus (Antei).

O An-225 levando a nave Buran, quando chegava em Le Bourget, em 1989
O único exemplar construído tinha o registro civil ucraniano UR-82060. A segunda fuselagem tinha uma configuração ligeiramente diferente. Sua construção foi interrompida em 1994 por falta de financiamento e interesse, mas reviveu brevemente em 2009, levando-a a 60-70% de conclusão. 

Em 30 de agosto de 2016, Antonov concordou em concluir a segunda estrutura da Airspace Industry Corporation of China (não confundir com a Aviation Industry Corporation of China) como um prelúdio para o início da produção em série.

Nesta semana, a fábrica da Antonov foi bombardeada no aeroporto de Sviatoshyn, em Kiev, e o estado da segunda aeronave não finalizada ainda é incerto.

Inquérito conclui que o jogador Emiliano Sala estava intoxicado antes da queda do avião


Emiliano Sala morreu em 2019 após queda de avião. De acordo com inquérito divulgado nesta quinta-feira, o argentino estava inconsciente antes do acidente ao ser exposto por altos níveis de monóxido de carbono.

O avião estava com um defeito no sistema de exaustão. Vale lembrar que o jogador realizava um voo comercial não licenciado. Emiliano Sala viajava da França para o País de Gales para concluir sua transferência do Nantes para o Cardiff City. O jogador chegou como a contratação mais cara da história do clube galês. O valor da negociação girava em torno de 20 milhões de euros.

De acordo com inquérito, Emiliano Sala morreu de ferimentos na cabeça e no peito. Além do jogador, o piloto David Ibbotson também faleceu no acidente, mas seu corpo nunca foi encontrado.


O avião caiu no Canal da Mancha. O júri da Câmara Municipal de Bournemouth considera que o jogador era passageiro de um voo com um piloto sem licença correta para viajar à noite. David Henderson, empresário que organizou o voo, foi condenado a 18 meses de prisão por colocar em risco a segurança dos passageiros.

Emiliano Sala foi sepultado na cidade de Progreso. O jogador era argentino, mas acabou atuando só na França. Era muito querido pelos torcedores do Nantes por todo o período em que defendeu a equipe. Vivia o melhor momento da sua carreira e em um determinado momento, chegou a superar Messi, Agüero e Icardi em número de gols.

O jogador era atacante, tinha 1,87m e faleceu aos 28 anos. Durante sua carreira, atuou em clubes como Bordeaux e Nantes. Infelizmente, não conseguiu construir uma carreira pelo Cardiff City na Premier League.

Pesquisadores afirmam que metal encontrado em fazenda do PR tem 'enorme probabilidade' de ser foguete de Elon Musk

Pesquisadores da Bramon perceberam que São Mateus do Sul fica praticamente abaixo da trajetória da reentrada do foguete Falcon 9 da SpaceX, cuja volta à Terra foi vista no céu do Paraná no último dia 8.

Objeto de metal foi encontrado em fazenda no Sul do Paraná (Foto: Portal RDX/Reprodução)
Um casal de São Mateus do Sul, no sul do Paraná, encontrou nesta quarta-feira, um pedaço de metal retorcido, com cerca de quatro metros de comprimento, que eles acreditam ser lixo espacial. O material, que está em uma propriedade rural, foi analisado por pesquisadores da Rede Brasileira de Observação de Meteoros (Bramon) e, na avaliação deles, há uma "enorme probabilidade" de o objeto ser parte de um foguete de Elon Musk.

A empresária Joseane Maria Franco Portes contou que o objeto foi encontrado por acaso, quando o marido dela, João Ricardo Pacheco Porte, verificava as cercas da propriedade.

— Ele encontrou a peça e disse ‘Jô, achei um negócio no meio do mato, venha ver’. Aí eu fui e levei o celular. Mas não tive coragem de encostar — afirmou, ao G1.

De acordo com o casal, a peça quebrou galhos de árvores durante a queda. Joseane afirmou que o objeto caiu em um terreno ao lado do que ela e o marido moram. Mas apesar de terem encontrado a peça nesta quarta, eles acham que a queda aconteceu na semana passada.

— Ouvi um barulhão, umas 5h. Eu pensei que alguma coisa tinha explodido aqui perto, mas fui lá fora e não vi nada. Como o terreno é grande e trabalhamos com eventos, não é sempre que andamos por tudo, aí não achamos antes — afirmou.

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Segundo a Bramon, os pesquisadores da rede, ao analisar o caso, perceberam que São Mateus do Sul fica praticamente abaixo da trajetória da reentrada do foguete Falcon 9 da SpaceX, cuja volta à Terra foi vista no céu do Paraná no último dia 8.

Além disso, foram encontradas algumas semelhanças entre o objeto encontrado e a tubeira do motor Merlin 1D utilizado no segundo estágio do foguete de Musk. O tamanho da peça, segundo a Bramon, também é compatível.

Semelhança entre a tubeira do seundo estágio do Falcon 9 (acima) e o objeto encontrado em
São Mateus do Sul (abaixo) (Fotos: Jocimar Justino / BRAMON)
"Outro ponto interessante dessa peça é que ela é feita de uma liga de nióbio e titânio, que garante à estrutura uma resistência adicional às altas temperaturas, o que explicaria o fato dela ter resistido à reentrada atmosférica. Embora seja necessária uma análise in loco para uma conclusão definitiva, a BRAMON acredita que, somados todos esses fatores, existe uma enorme possibilidade que o objeto encontrado pelo Sr. João Ricardo seja, de fato, a tubeira do motor Merlin 1D do foguete Falcon-9 da SpaceX que reentrou em nossa atmosfera no último dia 8 de março", escreveu a rede em seu site.

De acordo com a Bramon, o objeto que teria gerado essa placa de metal era o segundo estágio do Falcon 9, lançado em 19 de dezembro do ano passado da Base da Força Espacial dos EUA em Cabo Canaveral, na Flórida, levando à órbita o Satélite Geoestacionário Turksat 5B. Trata-se de um equipamento fabricado pela Airbus Defense and Space, em Toulouse, na França, e de propriedade da operadora turca Turksat, desenvolvido para fins militares e comerciais.

O foguete permaneceu em órbita da Terra até o dia 8 deste mês, quando reentrou na atmosfera terrestre às 04:36 da madrugada, cruzando os céus de Santa Catarina e Paraná.

Via Bruno Alfano (com G1) / Correio Braziliense