segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Anac suspende venda de passagens da TAM até 3 de dezembro

Agência Nacional de Aviação Civil detectou atrasos acima da média.

Segundo TAM, atrasos 'são consequência de remanejamento na malha aérea'.

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) suspendeu nesta segunda-feira (29) a venda de bilhetes da companhia aérea TAM para todas as rotas domésticas com decolagem prevista até a próxima sexta-feira (3). O objetivo é evitar a ampliação dos atrasos e cancelamentos de voos para os passageiros. A TAM informou, por meio de nota, que os problemas "são consequência de remanejamentos na malha aérea".

A Anac informou que a TAM está apresentando atrasos e cancelamentos acima da média do setor. A expectativa, segundo a Anac, é que a situação esteja normalizada até quarta-feira (1), pois caso contrário, novas medidas serão adotadas.

A Anac iniciou uma auditoria na empresa, enviando inspetores para o centro de operações da companhia e para aeroportos de São Paulo. Até que seja concluída a auditoria, no prazo estimado de uma semana, também ficam suspensos todos os pedidos de acréscimos de voos na malha da TAM.

As escalas das tripulações das companhias aéreas, de acordo com a Anac, são acompanhadas semanalmente, desde agosto, por meio de relatórios enviados pelas empresas. A auditoria na TAM, segundo a Anac, visa verificar se os números encaminhados pela empresa condizem com a situação atual, uma vez que não eram previstos problemas com a carga horária dos tripulantes informada pela companhia.

Direitos

A Anac informa que os passageiros que tiverem voos atrasados ou cancelados têm direito a assistência material, reacomodação, informação e reembolso. Até uma hora de atraso, a companhia aéra deve fornecer acesso a telefone ou internet. A partir de duas horas de atraso, alimentação, e a partir de quatro horas de atraso, acomodação em local adequado (espaço interno do aeroporto ou ambiente externo com condições satisfatórias para aguardar pela reacomodação) ou hospedagem e transporte do aeroporto ao local de acomodação.

Em caso de cancelamento de voo, a reacomodação do passageiro deve ser imediata. Nos atrasos, a reacomodação deve ser feita no próximo voo da companhia ou de outra empresa na mesma rota. Passageiro que aguarda reacomodação tem prioridade sobre os que ainda não adquiriram passagem, segundo a Anac.

Segundo a Anac, a companhia aérea deve informar os direitos do passageiro e os motivos do atraso ou cancelamento do voo, inclusive por escrito, pois pode ser usado em pedidos de indenizações caso seja necessário.

Para o passageiro que desistir da viagem por cancelamento ou atraso acima de quatro horas, a Anac determina reembolso integral do valor do bilhete, na mesma forma de pagamento.

Para registrar reclamações na Anac, os passageiros contam com atendimento durante 24 horas, em qualquer localidade, por meio do telefone gratuito 0800 725 4445, inclusive em inglês e espanhol. Ou ainda no site da agência: www.anac.gov.br/faleanac.

Fonte: G1

Governo negocia compra de novo avião presidencial

Força Aérea Brasileira pediu proposta para duas aeronaves, uma delas com área VIP, o Aerodilma

Modelo favorito custa cinco vezes os R$ 98 mi gastos com o Aerolula, que não tem autonomia para voos muito longos

Sem alarde para evitar a repetição da polêmica que envolveu a compra do Aerolula (Airbus-319ACJ), o governo negocia a aquisição de um avião maior e mais caro que poderá servir à presidente eleita, Dilma Rousseff, e a seus sucessores.

O Aerodilma, caso seja adquirido mesmo com o cenário de contenção de gastos do governo, deverá ser um aparelho europeu da Airbus - um modelo de reabastecimento aéreo A330-MRTT, equipado com área VIP presidencial e assentos normais.

O avião custa até cinco vezes os US$ 56,7 milhões (R$ 98 milhões na sexta-feira) pagos em 2005 pelo Aerolula, um Airbus-A319 em versão executiva.

Justificar tal despesa seria complicado, como foi em 2005, e seria fonte certa de desgaste para Dilma, que até onde se sabe não foi informada sobre a ideia. Assim, juntou-se a fome com a vontade de comer, e a nova compra está sendo camuflada por uma necessidade real.

A FAB (Força Aérea Brasileira) precisa substituir seus dois aviões grandes de reabastecimento. São os antigos Sucatões presidenciais, versões com quase 50 anos de uso do vetusto Boeing-707.

Por falta de condições, foram excluídos do último grande exercício aéreo da Força Aérea Brasileira.

No fim da década, os militares estimam ter 150 caças, e reabastecimento é vital dadas as distâncias do país.

Como no caso dos Sucatões, o novo avião poderia cumprir a tarefa de reabastecimento e ser o aparelho de transporte intercontinental dos presidentes. Para viagens internas, o governo já usa dois Embraer-190.

AEROLULA

Do lado da Presidência, segundo a Folha apurou, o problema é o Aerolula. O presidente Lula reclama da necessidade de paradas para reabastecimento do avião, que tem cerca de 8.500 km de autonomia -o que não garante um voo tranquilo Brasília-Londres, por exemplo.

Não deixa de ser irônico, já que à época da compra do Aerolula uma das alegações para a aquisição do modelo europeu era que ele poderia fazer voos intercontinentais que os similares da Embraer não poderiam. Meia verdade: sua lista de destinos sem escala não é tão grande.

Já o A330-MRTT pode voar até 12,5 mil km sem reabastecer, podendo viajar sem escalas de Brasília a todas as capitais europeias e americanas. Não é comparável como produto com o Aerolula, modelo só de transporte VIP.

Na compra de cinco Airbus em 2008, a Austrália pagou quase US$ 300 milhões (R$ 519 milhões) a unidade. Os EUA chegaram a selecionar o modelo em uma concorrência que acabou suspensa, e pagariam algo como US$ 200 milhões (R$ 346 milhões) por avião.

Mas cada venda é diferente. No caso americano, eram quase 200 aeronaves com especificações diferentes, o que dilui custos. Então, os preços citados são apenas referência.

Uma versão executiva do A330, sem ser avião-tanque, foi estreada neste mês pelo presidente francês Nicolas Sarkozy. Ganhou, além das críticas pelos R$ 400 milhões gastos, o apelido de "Air Sarkô" na França.

Em setembro, a FAB emitiu o pedido de propostas à fabricante EADS europeia (A330-MRTT), à Boeing americana (767) e para a israelense IAI (que adapta os 767). Não há previsão orçamentária, e verbas extras terão de ser aprovadas no Congresso.

O pedido requer duas aeronaves. Uma com capacidade de reabastecimento em voo, transporte de carga e de passageiros. A outra, tudo isso mais a previsão de uma área VIP -normalmente, uma suíte com chuveiro.

EUROPEUS

Segundo a Folha apurou, a Boeing não cogita participar da disputa enquanto não for definido qual avião será escolhido nos EUA, o 767 ou o A330. A IAI é vista sem grandes chances na FAB.

Sobram então os europeus. Procuradas, EADS e Boeing alegaram sigilo do pedido da Aeronáutica para não se manifestar. A IAI não respondeu ao contato. Oficialmente, a FAB apenas confirma que emitiu o pedido de propostas, e que até aqui só a EADS respondeu.

Se a compra ocorrer em 2011, estima-se que o primeiro avião seja integrado até 2014. O Aerodilma só voaria então no fim do mandato da presidente, deixando o apelido que carregaria após 2015 para especuladores.

Fonte: Igor Gielow (jornal Folha de S.Paulo) - Foto: 0Sérgio Lima/Folhapress