Após 20 anos de intensa violência, que levou o país a ter suas rotas aéreas internacionais drasticamente reduzidas, o Iraque volta a expandir suas conexões com outros países a partir do aeroporto de Bagdá.
Analistas internacionais indicam que a perspectiva de negócios multibilionários no setor petrolífero do país deve atrair um grande fluxo de empresários do setor à capital iraquiana.
No passado os pousos no aeroporto de Bagdá eram considerados apavorantes e imprevisíveis e chegaram a ser conhecidos como espirais da morte.
No entanto, a relativa redução da violência no país - apesar de ataques e explosões acontecerem ainda com muita frequência e a estabilidade estar longe de ser atingida - levou companhias aéreas a reabrirem suas rotas que têm Bagdá como destino.
EXPANSÃO
Diversas companhias aéreas internacionais iniciaram ou anunciaram planos de abrir rotas para Bagdá nos últimos meses. As empresas estão retornando ao Iraque sete anos depois da invasão liderada pelos Estados Unidos, atraídos pelos contratos de petróleo e projetos de infraestrutura.
Por enquanto, 12 companhias, principalmente árabes, já operam voos comerciais no Iraque ligando Bagdá ao Líbano, Síria, Turquia, Bahrein, Jordânia e Irã e outros países da região, segundo autoridades aeroportuárias iraquianas.
A principal companhia aérea alemã, a Lufthansa, pretende inaugurar voos a Bagdá em setembroOs mais recentes destinos são Jidá, na Arábia Saudita e Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos.
A Lufthansa pretende iniciar voos da Alemanha a partir do dia 30 de setembro, mas também há negociações com a Austrian Airlines, a Emirates, de Dubai, e uma companhia aérea francesa, disse Adnan Blebil, chefe da autoridade de aviação civil do Iraque.
IRAQI AIRWAYS
Ainda no fim de abril o primeiro voo entre o Iraque e o Reino Unido em 20 anos acabou se transformando em uma confusão, evidenciando potenciais problemas que podem envolver as operações da principal companhia aérea com sede em Bagdá, a Iraqi Airways.
Os transtornos foram gerados pela tentativa de confisco do avião e apreensão do passaporte do diretor-geral da companhia aérea, Kifah Hassan, após a aterrissagem em Londres.
O problema foi motivado por uma questão financeira entre a Iraqi Airways e a companhia Kuweiti Airways (KAC), iniciado ainda em 1990, quando o ex-ditador Saddam Hussein invadiu o Kuait.
A KAC reclama US$ 1,2 bilhão ao Iraque por ter se apoderado de 10 aeronaves comerciais do emirado e ter saqueado o aeroporto local.
"Em sua chegada a Gatwick [aeroporto londrino], no último dia 25 de abril, um advogado da KAC tentou confiscar o avião, mas não pôde fazê-lo pois o aparelho pertence a uma companhia sueca", explicou nesta quinta-feira, em um comunicado, o porta-voz do ministério iraquiano dos Transportes, Akil Kawthar.
"O advogado iniciou então um procedimento contra a empresa britânica que alugou o avião por conta da Iraqi Airways e obteve também junto às autoridades britânicas a apreensão do passaporte e dos documentos pertencentes ao diretor-geral da companhia iraquiana", acrescentou.
O ministro dos Transportes do Iraque, Amer Abdel Jabbar Ismaïl, e o diretor-geral da Iraqi Airways estavam no voo inaugural.
Em novembro de 2008, o Iraque anunciou estar disposto a pagar US$ 300 milhões à KAC para pôr fim à questão.
VOO HISTÓRICO
Os voos entre o Iraque e o Reino Unido estavam proibidos desde a imposição de um embargo ao Iraque pela ONU (Organização das Nações Unidas), em 1990.
O voo IA237 pousou no aeroporto de Gatwick, em Londres no dia 25 de abril deste anos, às 23h08 (19h08 no horário de Brasília), após uma viagem de dez horas, com escala em Malmö (Suécia).
O Boeing 737/400 pertence à companhia Iraqi Airways. A partir de agora serão dois voos semanais, que passarão por Malmoe na ida e farão uma viagem direta na volta.
O voo inaugural estava previsto para 16 de abril, mas foi adiado pela nuvem de cinzas vulcânicas procedente da Islândia que forçou o fechamento de boa parte do espaço aéreo europeu na semana passada.
RETIRADA DOS EUA
A retomada da aviação civil no Iraque deve ser impulsionada pelo anúncio feito pelo presidente americano Barack Obama nesta semana, determinando que as tropas de combate dos EUA no país voltarão para casa até o dia 31 de agosto..
Após sete anos de um conflito que mobilizou 1 milhão de soldados americanos, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou o fim da guerra do Iraque. Até o dia 31 de agosto todas as forças de combate deixarão o país, e uma equipe de transição com 50 mil soldados ficará em solo iraquiano até o fim de 2011.
Obama confirmou que mais de 90 mil soldados voltarão para os EUA até o final do mês e em discurso aos veteranos de diversas guerras que os EUA travaram com outros países, relembrou que o final da guerra estava de acordo com suas metas de campanha.
Fonte: Folha.com - Foto: Maurizio Bambarini/EFE