segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

Prejuízo 'decola' e polêmica 'aterrissa' no Aeroporto Carlos Prates, em Belo Horizonte (MG)

Futuro da área do terminal é incerto. Moradores falam em parque. PBH cogita manter estrutura, que acumula déficit de R$ 23,7 milhões desde 2014.

Estrutura usada para voos de treinamento, inaugurada em 1944, hoje está cercada por áreas residenciais, o que agrava riscos em caso de desastre (Foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Com trajetória recente de mortes, acidentes e insegurança para moradores que residem em seu entorno, o Aeroporto Carlos Prates, no Bairro Padre Eustáquio, na Região Noroeste de Belo Horizonte, conviveu também com um histórico de prejuízos para a União. Nos últimos anos, um déficit de R$ 23,7 milhões aos cofres do governo federal pressiona o Executivo ainda mais para sua desativação, marcada para maio. Segundo relatório divulgado pela Infraero, o déficit do terminal se acentuou desde a pandemia do coronavírus, com valores negativos na casa dos R$ 6,2 milhões desde o começo de 2020. Projeto de transformar o local em parque é defendido na comunidade. A prefeitura fala em reabertura de forma rentável.

As perdas financeiras vêm desde 2014, quando houve redução de 11,5% em sua receita, além da queda de 43,2% na movimentação e aumento acumulado de 9,5% no custo total. Desde sua inauguração, em janeiro de 1944, o terminal tem sua história associada a uma série de tragédias e à preocupação das comunidades próximas, que vivem o medo diário do risco de queda de aeronaves. Entre acidentes registrados em área urbana de Belo Horizonte desde 2008, apenas um não envolveu aeronave que tenha decolado do terminal.
 
Atualmente, o aeroporto abriga o Aeroclube do Estado de Minas Gerais, dedicado à formação de pilotos, aviação desportiva, manutenção, instrução e construção de aeronaves. A desativação do espaço estava agendada para 31 de dezembro, porém o Ministério da Infraestrutura publicou portaria na véspera de Natal adiando o fim das atividades para 1° de maio próximo.

“Com a desativação do aeroporto, por parte da Infraero, cessam as despesas com pessoal e manutenção envolvida na operação do aeroporto”, diz a Infraero, em comunicado. O terreno que abriga o campo de aviação, de posse do governo federal, será repassado à Secretaria de Patrimônio da União (SPU), que dará destinação aos 547 mil metros quadrados. Há, na comunidade, defesa da construção de um parque ecológico e de espaço para preservar a memória da aviação. Paralelamente, a Prefeitura de Belo Horizonte, que dá mostras de interesse na área, crê que postergar o fechamento do aeroporto pode ajudar na estruturação de projeto para uma reabertura “eficiente”.

No governo federal, a entrega da área à iniciativa privada, quando aventada, não diz respeito à construção de prédios. Isso é o que garante Diogo Mac Cord, secretário especial de Desestatização, Desinvestimento e Mercados do Ministério da Economia. “Não falamos em lotear aquela área, em transformar aquilo em mais um ‘paliteiro’ de prédios. Falamos em criar um bairro novo que, no fim das contas, traga benefícios à sociedade local, com entrega de equipamentos públicos que são absolutamente necessários àquele entorno.”

Em 2020, a União procurou o governo de Minas e a Prefeitura de BH, que não mostraram interesse em assumir a área. Porém, o quadro mudou e o Executivo municipal cogita manter o aeroporto com patrocínio de entidade vinculada à aviação, que quer o aeródromo como escola de pilotos.

Um dos entusiastas da possibilidade é o vice-prefeito Fuad Noman (PSD). “Não dá para fazer grandes empreendimentos imobiliários lá. Parque, dá. Agora, parques e jardins não geram retornos a um fundo de investimentos que vai aportar lá R$ 300 milhões. Só poderíamos fazer isso (áreas verdes) se tivéssemos os recursos para fazer os serviços públicos e a mobilidade que a região necessita. Como não temos, estamos pensando em fazer o melhor uso do aeroporto como um todo”, disse ele em audiência na Câmara dos Deputados para discutir a destinação do aeroporto.

Em novembro, a PBH remeteu ofício ao Ministério da Infraestrutura detalhando as intenções. De parte a parte, em Belo Horizonte, a avaliação é que a construção de prédios não é viável. A mudança de opinião da prefeitura sobre a destinação, no entanto, surpreendeu moradores e defensores da possibilidade de transformar as terras em um espaço ecológico.

“É uma postura antipopular da prefeitura. A comunidade está disposta a dialogar com a prefeitura, a fim de mostrar que o melhor caminho é a desativação do aeroporto e transformar a área em um grande parque ecológico”, sustenta, ao Estado de Minas, a vereadora Duda Salabert (PDT). A parlamentar, presidente da Comissão de Meio Ambiente, Defesa dos Animais e Política Urbana na Câmara Municipal de BH, já se reuniu com o prefeito Alexandre Kalil (PSD) a fim de debater as formas de uso do espaço.

O Coletivo Cultural Noroeste BH abriu espaço para envio de sugestões sobre a destinação. A maior parte das hipóteses está ligada à implantação de áreas verdes, destinadas à preservação e à prática esportiva. Oitenta e quatro por cento dos participantes da pesquisa pública são favoráveis à municipalização do terreno.

Representante do coletivo, Thaís Novaes destaca que os moradores da região sentem a necessidade de um projeto de reflorestamento no espaço, já que a regional tem menos de 2% de cobertura vegetal, segundo dados da Prefeitura de Belo Horizonte.

Um contrato entre o município e a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) viabilizou a construção de um parque ecológico nas proximidades do aeroporto. O término do acordo, no entanto, gerou o abandono do equipamento.

Reparação


“O que a gente gostaria é que aquelas construções que existem ali, nos hangares, fossem aproveitadas para construir um Museu da Aeronáutica e Aeroespacial, que contasse a história da aventura do homem no espaço. Seria um local de educação, onde as escolas poderiam levar as crianças. Uma área que pudesse ser usada para entretenimento, como caminhada, bicicleta, skate e futebol, além da área verde, para melhorar a qualidade de vida da cidade”, enumera Thaís, que defende a manutenção da pista do aeroporto como patrimônio.

A ideia de um museu consta, também, nos planos da prefeitura. Para Duda Salabert, a substituição do aeródromo por um parque ecológico representaria “reparação” à comunidade pelos impactos causados pelos aviões que riscam o céu. “Primeiro, uma reparação em relação aos acidentes que ocorreram e traumatizaram a comunidade, à poluição sonora e ao transtorno. Reparação, também, porque a Região Noroeste é a área menos arborizada de BH.”

O adiamento do fechamento dos portões, contudo, dá esperanças à PBH para detalhar os planos para o aeroporto. “É um projeto em que o aeroporto passa a ser rentável, a ter serviços públicos, Corpo de Bombeiros — uma série de outros benefícios à comunidade — e permanecem as atividades que lá estão”, observou Fuad.

Apesar dos desejos da gestão municipal, Duda Salabert confia na reversão do cenário. “Vamos estabelecer um diálogo e mostrar como esse aeroporto é um dos maiores problemas da Regional Noroeste. Temos certeza de que, a partir dessa conversa, o vice-prefeito vai mudar de ideia”, crê. “Se a prefeitura tomar outro rumo, sou moradora do bairro e acredito que haverá um grande levante popular, uma manifestação como há muito tempo não se vê em BH.”

Sequência de perdas


Os prejuízos do Aeroporto Carlos Prates ano a ano (em R$):

» 2014 - 1.634.888,30

» 2015 - 2.743.441,59

» 2016 - 3.323.465,94

» 2017 - 2.390.556,44

» 2018 - 3.753.825,62

» 2019 - 3.678.967,26

» 2020 - 4.454.596,02

» 2021* - 1.769.249,68

» Total - 23.748.987

*Até novembro

Vizinhos dizem viver com medo de quedas


Da janela de seu apartamento, a professora Soraya Batista avista a pista do terminal: "Fico pensando o perigo que estamos correndo. Imagina uma pane?" (Foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
“Sensação de alívio e felicidade.” Foi assim que a professora Soraya Barbosa Batista, de 50 anos, recebeu a notícia inicial de que o Aeroporto Carlos Prates, com 15 mil pousos e decolagens entre janeiro e outubro de 2021, seria desativado. Soraya mora no Bairro Monsenhor Messias e sempre foi vizinha do terminal. Da janela de seu apartamento, vê a cabeceira da pista, onde um avião já se acidentou ao cair do barranco.

“Fico pensando o perigo que estamos correndo no prédio. Imagina uma pane que aconteça? A quantidade de moradores aqui. Vi que foi no barranco. E se fosse aqui? A gente fica à mercê da sorte. É Deus cuidando”, descreve.

Soraya também contou que no último acidente registrado, em outubro de 2019 (leia ao lado), sua filha estava dentro de um ônibus que passava próximo à Rua Minerva, onde aconteceu a tragédia, deixando quatro mortos e dois feridos. “Ela tinha acabado de passar e ouviu um estrondo. A gente convive com esse medo de cair, com o barulho insuportável. Atrapalha reuniões, aulas. Principalmente durante a pandemia”, completa.

A também professora Fátima Porto, de 67, mora no Bairro Jardim Montanhês. Assim como Soraya, reclama do ruído das aeronaves, que passam a baixa altitude sobre sua casa. “É muito preocupante, porque como moramos perto, os aviões passam muito baixo. Toda hora em que passa um, a gente começa a tremer. Até a parede treme”.

A tendência é que as operações do Carlos Prates sejam transferidas para o aeroporto da Pampulha, também em BH, e para Pará de Minas, no Centro-Oeste do estado. Thaís Novaes reconhece a importância das escolas de aviação, mas defende que elas sejam instaladas em outros locais. “Entendo a necessidade de as escolas terem um aeroporto que possa ser usado para ensinar os aviadores. Acontece que esse aeroporto tem que oferecer segurança para alunos, instrutores e moradores do entorno. Que não seja nesse local, mas, sim, em um aeroporto adequado.”

Histórico de acidentes com pequenos aviões


Avião de pequeno porte em chamas na Rua Minerva, onde apenas em 2019 houve duas
quedas com mortes (Foto: Corpo de Bombeiros/Divulgação - 13/04/2019)
Em 2019, duas aeronaves de pequeno porte caíram na Rua Minerva, no Bairro Caiçara. No primeiro acidente, em abril, um avião colidiu com um poste em meio a dezenas de moradias. O piloto morreu na hora. Uma testemunha disse que o aviador conseguiu desviar a aeronave de um prédio antes de ir ao solo. Já em outubro, quatro pessoas perderam a vida e outras duas ficaram feridas após a queda do avião de prefixo PR-ETJ, que saiu do Carlos Prates e seguia com destino a Ilhéus (BA).

Outras duas quedas foram registradas em 2014. Em uma delas, um monomotor atingiu o telhado de uma casa próximo à Avenida Pedro II e feriu duas pessoas. Em outra, o avião atingiu um muro na marginal do Anel Rodoviário. Neste último caso, o piloto foi socorrido com trauma de tórax e escoriações no rosto. A aeronave faria um pouso de emergência no Carlos Prates, uma vez que o plano original era ir ao aeroporto da Pampulha. No entanto, o aparelho não chegou até a pista.
Em outras situações, os aviões pararam em um barranco, no fim da pista do aeroporto. Em maio do ano passado, uma pane mecânica fez um Cessna escorregar até uma área de vegetação próxima de casas. As duas pessoas que estavam no avião não se feriram. Em 2012, outra aeronave caiu no barranco. O piloto, único ocupante do equipamento, saiu ileso.

Já em setembro de 2008, um avião de pequeno porte caiu no telhado de um depósito de materiais no Jardim Montanhês, instantes depois de decolar do Aeroporto Carlos Prates. O galpão pegou fogo após o impacto. Três pessoas ficaram feridas.

IATA x ICAO: Qual a diferença?

Duas grandes organizações internacionais chave para a aviação comercial, cada uma com funções bastante distintas.


Tanto a IATA quanto a ICAO moldaram significativamente as operações de aviação comercial. Embora os entusiastas e viajantes experientes da aviação já saibam como essas duas organizações internacionais diferem, vamos dar uma olhada atualizada em suas respectivas funções e como elas influenciam a maneira como viajamos.

Como as duas organizações são semelhantes


Embora as diferenças entre a Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA) e a Organização Internacional de Aviação Civil (ICAO) sejam relativamente simples, é completamente compreensível confundir as duas organizações. De fato, tanto a IATA quanto a ICAO.
  • Foram fundados em momentos semelhantes na história
  • Tenha uma presença internacional
  • Declarou prioridades de segurança e proteção ambiental
  • Defina padrões internacionais
  • Lidar com aviação comercial e viagens de passageiros
É claro que os padrões estabelecidos e as atividades específicas que eles realizam são bem diferentes.

Fundadas em épocas semelhantes


A ICAO é uma filial das Nações Unidas e está sediada em Montreal, Canadá (Foto: Caribb via Flickr)
Embora a IATA seja tecnicamente considerada uma organização não governamental, seu papel principal é como uma associação comercial para representar as companhias aéreas comerciais do mundo. Por outro lado, a ICAO atua como uma associação intergovernamental que apoia a diplomacia e a cooperação entre países no que diz respeito ao transporte aéreo.

Enquanto a Convenção sobre Aviação Civil Internacional (comumente chamada de Convenção de Chicago) foi redigida em 1944, a ICAO foi realmente fundada em 1947, com base nos princípios fundamentais da convenção. Talvez inspirada pelo espírito de cooperação internacional da Convenção de Chicago, a IATA foi fundada em 1945, dois anos antes de a ICAO ser oficialmente estabelecida.

A IATA, no entanto, teve suas raízes na Associação Internacional de Tráfego Aéreo , fundada em Haia em 1919 - o ano dos primeiros serviços internacionais regulares do mundo.

Funções do núcleo


A função central da ICAO é "manter uma burocracia administrativa e especializada apoiando as interações diplomáticas e pesquisar novas políticas de transporte aéreo e inovações de padronização..." A agência da ONU enfatiza que seus padrões "nunca devem substituir a primazia dos requisitos regulatórios nacionais" e que os regulamentos locais e nacionais devem ser cumpridos pelos operadores aéreos. De fato, a organização deixa muito claro que não é em si um regulador internacional da aviação.

A Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA) define-se como uma associação comercial para as companhias aéreas do mundo, representando cerca de 290 companhias aéreas em todo o mundo, que representam 83% do tráfego aéreo total. A organização observa que ajuda a formular a política da indústria sobre "questões críticas da aviação", acrescentando que defende os interesses das companhias aéreas. A IATA desafia "regras e cobranças irracionais" e responsabiliza os reguladores e governos enquanto busca uma "regulamentação sensata".


Um resumo das diferenças


Se fôssemos manter este artigo curto e tentar resumir as diferenças significativas entre as duas organizações, destacaríamos os seguintes aspectos:
  • A IATA estabelece padrões para suas companhias aéreas membros, enquanto a ICAO estabelece padrões para os países membros
  • A IATA defende seus membros da indústria aérea, enquanto a ICAO procura estabelecer padrões e procedimentos para a aviação civil (particularmente no que se refere ao processo real de voo).
As normas da ICAO tornaram a gestão do tráfego aéreo muito mais fácil (Foto: Getty Images)
Os códigos dos aeroportos são um campo onde as duas organizações se sobrepõem (para Londres Heathrow, o código da IATA é LHR enquanto o equivalente da ICAO é EGLL). A variação nesses códigos destaca as diferenças entre as duas organizações: os códigos de aeroportos da IATA foram desenvolvidos para uso pelas companhias aéreas no que se refere a passageiros e clientes – pense em cartões de embarque e reservas de voos. Para a ICAO, sua respectiva lista de códigos de aeroportos é usada por pilotos e controladores de tráfego aéreo (ou prestadores de serviços de navegação aérea).

Embora ambas as organizações possam ter suas próprias iniciativas de segurança, a IATA tem um forte foco na saúde comercial de suas companhias aéreas membros. Embora a ICAO possa examinar o desenvolvimento econômico por meio do transporte aéreo, está muito mais focada na segurança da aviação para seus países membros.

Aconteceu em 14 de fevereiro de 2011: Acidente com o voo 731 da Central American Airways em Honduras

O voo 731 da Central American Airways foi um voo de passageiros que caiu ao se aproximar do Aeroporto Internacional Toncontín, em Tegucigalpa, Honduras, em 14 de fevereiro de 2011. Todos os 14 a bordo morreram.

Aeronave



A aeronave envolvida no acidente era um turboélice Let L-410UVP-E20 Turbolet, prefixo HR-AUQ, da Central American Airways (foto acima), com número de série 912603. Este avião voou pela primeira vez em 1991 e serviu com várias companhias aéreas antes do acidente.

Acidente


A aeronave operava o serviço doméstico regular da Central American Airlines de San Pedro Sula para Tegucigalpa, em Honduras

O voo 731 havia decolado do Aeroporto Internacional de La Mesa, em San Pedro Sula às 07h04, hora local (13h04 UTC), para um voo de 40 minutos para o aeroporto de Toncontín, em Tegucigalpa. A bordo estavam doze passageiros e dois tripulantes.

Por volta das 07h35, o Turbolet iniciou uma aproximação de não precisão à pista 20 em Toncontín, que está situada a uma altitude de 3.300 pés (1.000 m). As condições meteorológicas na época eram tais que a base da nuvem era mais baixa do que os terrenos altos circundantes. O cisalhamento do vento e as ondas de montanha também estiveram presentes na altitude.

Às 07h51, a tripulação interrompeu a aproximação e foi autorizada pelo controle de tráfego aéreo a tentar uma aproximação para a pista oposta 02. Diálogos capturados pelo gravador de voz da cabine (CVR) sugerem que a tripulação estava recebendo indicações conflitantes da navegação a bordo instrumentos, mas às 08h00, enquanto continuava sua descida, a tripulação relatou estar em aproximação final.

Cerca de dois minutos depois, o CVR registrou os quinhentos pés e as chamadas do sistema de alerta de proximidade do solo a bordo dispararam, seguidas de uma chamada de 'pull up' do terreno. 

Não houve reação da tripulação. A aeronave colidiu com uma encosta perto de El Espino, na Jurisdicción de Santa Ana, a uma altitude de 5.400 pés (1.600 m).


Vítimas


Todos os 12 passageiros e 2 tripulantes a bordo morreram. O primeiro oficial foi encontrado vivo entre os destroços, mas morreu a caminho do hospital. 

Entre as vítimas estavam um ministro de gabinete, secretário assistente, um ex-secretário de finanças e um líder sindical. Duas das vítimas eram americanas e uma canadense.

Resultado


Em resposta ao incidente, o governo de Honduras declarou três dias de luto nacional pelos funcionários do governo falecidos.


O responsável pela investigação afirmou que, por se tratar de uma aeronave europeia e não americana, surgiram dificuldades visto que havia muito poucos pilotos e técnicos locais experientes formados para operar na aeronave.

O acidente levantou dúvidas sobre a segurança e a realocação do Aeroporto de Tegucigalpa. O Presidente de Honduras solicitou a realocação do aeroporto, afirmando que era impossível ter um grande aeroporto em sua localização atual devido ao terreno circundante.

Investigação


O relatório de investigação da comissão de investigação de acidentes da Dirección General de Aeronáutica Civil (DGAC) de Honduras afirma que o clima foi um fator determinante do acidente. 

Durante a aproximação, a aeronave voou a uma velocidade apenas ligeiramente superior à sua velocidade de estol e, em tais condições, o cisalhamento do vento poderia resultar em um estol do qual a recuperação seria impossível antes do impacto com o solo.


O DGAC descobriu que a tripulação não aderiu a nenhum procedimento de aproximação publicado e possivelmente interpretou mal o altímetro e os indicadores de velocidade no ar. Durante a descida, o capitão não verificou sua carta de aproximação e, em vez disso, confiou no primeiro oficial para orientação durante a aproximação. 

A comunicação e o gerenciamento dos recursos da tripulação foram descritos como inadequados, e nenhum briefing de abordagem foi realizado para qualquer uma das duas abordagens.

Finalmente, a aeronave foi configurada prematuramente para pousar com flaps completos , ainda a uma distância considerável da pista, tornando-a mais vulnerável aos efeitos do cisalhamento do vento. Onze recomendações de segurança foram feitas.

Abaixo, o áudio da caixa-preta de voz (CVR) com os momentos finais do voo 731:


Por Jorge Tadeu (com Wikipedia, ASN e baaa-acro.com)

Aconteceu em 14 de fevereiro de 2008: A queda do voo Belavia 1834 logo após a decolagem na Armênia

O voo 1834 da Belavia foi um voo internacional regular de passageiros de Yerevan, na Armênia, para Minsk, na Bielo-Rússia, operado pela Belavia. Na manhã de 14 de fevereiro de 2008, o jato regional Bombardier Canadair transportando 18 passageiros e três tripulantes caiu e pegou fogo logo após decolar do Aeroporto Internacional de Zvartnots perto de Yerevan, capital da Armênia.

Aeronave



A aeronave envolvida no acidente era o Canadair CL-600-2B19 Regional Jet CRJ-100ER, prefixo EW-101PJ, da Belavia, (foto acima), um avião de 50 lugares que foi fabricado e fez seu primeiro voo em 1999. Era um membro relativamente novo da frota, pois foi alugado pela companhia aérea e entregue em fevereiro de 2007.

Voo e acidente


O avião havia chegado a Yerevan duas horas antes da partida programada e se preparava para decolar como o voo B2-1834 de Yerevan (Armênia) para Minsk (Bielo-Rússia) com 18 passageiros e três tripulantes. 

O reabastecimento foi feito em modo automático 25 minutos após o pouso, e 2.200 litros (1.802 kg) de combustível Jet-A-1 foram adicionados aos tanques. Devido à redução da visibilidade relatada no aeroporto principal alternativo, a tripulação decidiu adicionar mais 400 litros de combustível cerca de 30 minutos depois, durante os preparativos do voo.

O primeiro oficial realizou a verificação pré-voo da aeronave cerca de 15 minutos após o pouso (e antes do reabastecimento) e encontrou todas as superfícies aerodinâmicas limpas e secas por inspeção visual, bem como tocando as superfícies com a palma da mão. O relatório mencionou que as condições meteorológicas que são suscetíveis à contaminação por geada exigem que o piloto no comando execute a inspeção geral pré-voo.

O clima na época era: ventos de 110 graus a 2 nós (4 km/h; 1 m/s), visibilidade de 3.500 metros (11.500 pés) em neblina leve, nuvens encobertas a 790 m (2.600 pés) espalhadas a 3.000 m (9.800 pés), temperatura -3° C, ponto de orvalho -4° C e QNH 1019 hPa. 

A tripulação calculou as velocidades V de V 1 a 137 nós (254 km/h), V R a 139 nós (257 km/h) e V 2 a 145 nós (269 km/h). Após a partida do motor, a tripulação ativou os sistemas antigelo dos motores, mas os sistemas antigelo das asas não foram ativados.

O avião inclinou-se progressivamente para a esquerda após a decolagem até que a asa esquerda tocou o solo com o avião virando para a esquerda da pista, rolou para a direita separando a asa direita, cruzou a pista rolando de costas e se desintegrou parando à direita da pista.


O vazamento de combustível desencadeou um incêndio no solo, que foi rapidamente controlado pelos bombeiros do aeroporto.

Gayane Davtyan, porta-voz do Departamento Geral de Aviação Civil da Armênia, disse que o jato, operado pela companhia aérea bielorrussa Belavia, atingiu sua asa esquerda na pista durante a decolagem e explodiu em chamas.


Equipes de combate a incêndio e de resgate chegaram ao local em 50 segundos. Os passageiros também ajudaram os membros da tripulação a saírem da cabine.

O aeroporto Zvartnots de Yerevan foi temporariamente fechado após o acidente, que ocorreu às 04h15 (hora local).


Sete passageiros sofreram ferimentos graves, enquanto os restantes 11 passageiros e três tripulantes saíram ilesos. Não houve fatalidades.

Investigação


A especulação inicial apontou para a formação de gelo nas asas, o que fez com que a asa esquerda parasse na decolagem. As condições de gelo foram relatadas no aeroporto durante o acidente, e os CRJs são muito propensos a contaminação das asas e congelamento, uma vez que não possuem nenhum dispositivo de ponta.


O Interstate Aviation Committee (MAK) realizou um teste empregando um CRJ-900 registro D-ACKK para avaliar o acúmulo e congelamento da umidade atmosférica com grandes diferenças de temperatura entre o ar ambiente e o combustível remanescente nos tanques após o pouso. 


Verificou-se que o gelo se acumulou na parte inferior da asa imediatamente após o pouso e cresceu 25 minutos após o pouso após o reabastecimento. A parte superior da asa mostrou acúmulo de orvalho após o reabastecimento. A temperatura do combustível no momento da chegada foi medida a -21° C e antes da partida a -12° C com uma temperatura ambiente de mais 8° C.


No momento do acidente, pode-se, portanto, presumir que a temperatura do combustível no EW-101PJ nunca ultrapassou -12° C com uma temperatura ambiente de -3° C.

Equipes de investigação do Departamento Geral de Aviação Civil da Armênia, da Bielo - Rússia, e da Bombardier participaram da investigação para determinar a causa provável do acidente.

Relatório final



O Comitê de Aviação Interestadual Russo (MAK) divulgou seu relatório final em russo [4], que concluiu que a causa mais provável do acidente foi:
  • A perda assimétrica das propriedades aerodinâmicas da asa durante a decolagem, o que resultou no estol da aeronave imediatamente após a decolagem, o contato da asa esquerda com a pista e a subsequente destruição e incêndio.
  • O motivo da perda das propriedades aerodinâmicas da asa nas atuais condições climáticas foi a contaminação da superfície das asas pelo gelo. A causa da contaminação por geada foi, provavelmente, a diferença de temperatura do ar e do combustível frio nos tanques.
  • A decolagem abaixo da velocidade de segurança recomendada para asas contaminadas agravou a situação.
  • Os procedimentos padrão atuais para examinar as superfícies aerodinâmicas antes da decolagem, juntamente com a ineficiência, não podem garantir totalmente a prevenção de acidentes semelhantes durante a decolagem no futuro devido à alta sensibilidade da asa, que não permite nem mesmo uma leve contaminação do vanguarda.
  • O degelo das asas, conforme exigido por uma Diretriz de Aeronavegabilidade da Transport Canada (Autoridade de Aviação Civil do Canadá) nas condições climáticas reais liberadas após outro acidente semelhante, provavelmente poderia ter evitado o acidente.

Por Jorge Tadeu (com Wikipedia, ASN e baaa-acro.com)

Aconteceu em 14 de fevereiro de 1990: Voo 605 da Indian Airlines - Desastre na Índia

No dia 14 de fevereiro de 1990, um Airbus A320 da Indian Airlines pousou em um campo de golfe próximo à pista em Bangalore, Índia, fazendo o avião tombar em um aterro de terra. 

Quando o avião amassado parou, um incêndio atingiu a cabine de passageiros, forçando os sobreviventes gravemente feridos a fugir para salvar suas vidas; das 146 pessoas a bordo, 92 morreram no acidente e no inferno que se seguiu.

Os investigadores indianos enfrentaram grande pressão para descobrir a causa do acidente, que foi o primeiro envolvendo o A320 em serviço regular de passageiros. A investigação logo revelou uma série de erros humanos crescentes envolvendo o uso do piloto automático avançado do avião durante a abordagem de Bangalore, enquanto a tripulação fazia um esforço desarticulado para voltar ao plano de planagem adequado. 

O Airbus A320-231, prefixo VT-EPN, da Indian Airlines, envolvido no acidente
O acidente gerou polêmica em torno do design radical do A320. Os pilotos eram realmente os culpados ou a responsabilidade residia em uma interface de usuário mal projetada? 

Olhando para o acidente de hoje, a resposta parece ser um pouco de ambos - a característica definidora de uma série de acidentes envolvendo o Airbus A320, dos quais o voo 605 da Indian Airlines não foi o primeiro nem o último.

A Indian Airlines era uma companhia aérea totalmente estatal administrada pelo governo da Índia, especializada em rotas domésticas para complementar os voos de longo curso oferecidos pela outra companhia aérea do país, a Air India. 

Perto do final da década de 1980, a Indian Airlines lançou uma importante iniciativa para revisar sua frota, substituindo os Boeing 737-200 da primeira geração pela mais recente inovação em jatos de passageiros de curto a médio alcance: o Airbus A320. 

Apresentado pela primeira vez em 1988, o Airbus A320 era revolucionário. Foi a primeira aeronave a incorporar um sistema fly-by-wire, por meio do qual as entradas do piloto eram enviadas a computadores que moviam os controles de voo proporcionalmente em relação à velocidade e configuração da aeronave. 

O avião não tinha colunas de controle tradicionais; em vez disso, ele tinha um par de alavancas laterais que os pilotos podiam mover com uma mão. Em vez de enormes bancos de medidores analógicos, a cabine era dominada por seis grandes telas de computador que exibiam uma ampla variedade de parâmetros de voo, informações de autoflight e mensagens de falha automatizadas. 

Dentro de sua complexa arquitetura de software, as chamadas proteções de “piso alfa” aguardam para responder rapidamente e sem alertar para qualquer atitude perigosa que possa ocorrer durante o voo. Apontando para todas essas mudanças, a Airbus considerou o avião mais fácil de voar e mais seguro do que os aviões convencionais. 

Mas muitos na indústria questionaram essa filosofia de projeto logo de cara, argumentando que o amplo papel dos computadores nos aspectos básicos do voo obscurecia como o avião estava respondendo aos comandos do piloto e aumentava a probabilidade de erros. 

Em 26 de junho de 1988, esses temores ganharam nova credibilidade. Durante o primeiro voo de passageiros de um Airbus A320 - um sobrevoo de baixa altitude em um show aéreo, seguido por uma viagem turística ao redor do Mont Blanc - o avião não conseguiu ultrapassar as árvores além do final da pista durante seu sobrevoo e caiu em uma floresta, matando 3 passageiros e ferindo mais de 50. 


A causa do acidente ainda é uma fonte de controvérsia até hoje. A investigação oficial descobriu que a falta de planejamento de voo antes do sobrevoo foi a principal causa do acidente. Essa falta de planejamento levou os pilotos a realizarem o sobrevoo muito próximo ao solo, sem saber da presença da floresta, o que não tentaram evitar até que fosse tarde demais. 

Mas os pilotos, que sobreviveram ao acidente, insistiram que os computadores de voo haviam entrado em modo de pouso quando chegaram perto do solo e os impediram de aplicar potência máxima para evitar a floresta. 

As consequências da queda do voo 296 da Air France
Embora não houvesse nenhuma evidência real de que isso tenha ocorrido, existiam evidências circunstanciais suficientes para sugerir que poderia haver mais nessa história, e a controvérsia em torno do acidente nunca morreu. 

Afinal, a ótica estava ruim: ocorreu um acidente no primeiro voo de passageiros de uma nova aeronave radical, e qualquer explicação que não falhasse no projeto provavelmente seria vista como um encobrimento orquestrado para proteger as finanças de um dos maiores empregadores da França. 

Enquanto isso, a Indian Airlines seguiu em frente com seu plano de comprar 18 Airbus A320s, que começaram a chegar no início de 1989. Como qualquer companhia aérea incorporando um novo avião em sua frota, ela enfrentou um enigma: a lei indiana exigia que um piloto tivesse 100 horas antes oficial de um determinado tipo de aeronave antes de ser promovido a capitão, mas não havia capitães A320 qualificados na Índia sob os quais esses pilotos pudessem servir como primeiros oficiais. 

Portanto, um grande grupo de pilotos da Indian Airlines (a maioria dos quais voava no Boeing 737) foi concedida uma isenção a esta regra para que pudessem participar de um curso de treinamento especial na sede da Airbus em Toulouse, França, antes de retornar como capitães qualificados para ensinar aos outros o que aprenderam. 

Entre esses pilotos estava Satish Gopujkar, um experiente capitão de 737 com mais de 10.000 horas de voo. Depois de frequentar o rigoroso curso introdutório em Toulouse, ele foi nomeado capitão de treinamento do A320, onde conduziria as verificações finais de linha para outros pilotos da Indian Airlines no processo de atualização para capitão dos novos aviões. 

Um dos pilotos da Indian Airlines em treinamento no início de 1990 era o capitão Cyril Fernandez, outro piloto de 737 que tinha quase tanta experiência quanto Gopujkar. Ao retornar de Toulouse, ele foi escalado para começar a voar em seus testes de linha - 10 voos regulares de passageiros realizados sob a supervisão de um capitão de treinamento. Após a conclusão dessas verificações, ele seria totalmente certificado como capitão do A320. 

A primeira de suas verificações de linha seria o voo 605 da Indian Airlines em 14 de fevereiro de 1990, um curto voo doméstico de Bombaim a Bangalore, no sul da Índia. Voando no assento do primeiro oficial para monitorar sua habilidade como capitão estava Satish Gopujkar, que a essa altura havia acumulado 255 horas no Airbus A320. Embora Gopujkar ainda pudesse ser considerado um novato, Fernandez, com apenas 68 horas no tipo, era um novato completo.


Às 11h58, horário local, o voo 605 da Indian Airlines partiu de Bombaim com 139 passageiros e 7 tripulantes a bordo, subiu à altitude de cruzeiro e seguiu em direção a Bangalore. Tudo estava normal quando o voo entrou em contato com o controle de Bangalore e começou sua descida, e às 12h53 eles receberam autorização para realizar uma abordagem visual para a pista 09. 

Compreender os eventos que ocorreram durante a descida para Bangalore requer alguns conhecimentos básicos sobre como voar o Airbus A320. Durante o voo normal, tudo gira em torno dos sistemas de autoflight - especificamente, em quais modos eles estão. 

Uma grande parte do trabalho de um piloto do A320 consiste em manter o controle dos modos de autoflight e usar o Flight Management System (FMS) para selecionar novos modos conforme necessário para as diferentes fases do voo. 

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No A320, existem três regimes principais de autoflight: o regime lateral (cabeceio); o regime vertical (altitude e taxa de descida); e o autothrottle, que controla a velocidade no ar e o empuxo do motor. 

Cada um desses parâmetros tem dois tipos básicos de orientação: “gerenciado”, no qual o computador de voo (FCU) determina quais entradas são necessárias para manter uma trajetória específica; e “selecionado”, no qual a FCU mantém o parâmetro em qualquer valor que tenha sido selecionado pelos pilotos. 

Gerenciando esses modos por meio do FMS, os pilotos podem voar o avião essencialmente da decolagem ao toque, sem nunca tocar nos controles convencionais.

Tela principal com comandos laterais e verticais fornecidos pelo diretor de voo
Enquanto descia para Bangalore, a tripulação do voo 605 encontrou-se ligeiramente acima do plano de planagem normal - uma ocorrência comum e facilmente corrigida aumentando temporariamente a razão de descida. 

Para conseguir isso, o capitão Fernandez definiu o modo vertical para “Open Descent”, um modo no qual o avião desce para uma altitude alvo previamente selecionada enquanto a aceleração automática mantém a potência do motor em marcha lenta. 

Nesse caso, a altitude alvo era 4.600 pés acima do nível do mar, ou cerca de 1.900 pés acima do solo, altitude para a qual foram liberados pelo controle de tráfego aéreo. No modo de descida aberta, o autothrottle não ajustará a potência do motor para manter a velocidade no ar selecionada. 

Portanto, o piloto que voa deve manter um olho atento em seu diretor de voo - um conjunto de sobreposições em sua tela principal que lhe dizem se deve inclinar o avião para cima ou para baixo a fim de manter a velocidade de aproximação adequada, que neste caso foi de 132 nós (244 km/h). Como esperado, o capitão Fernandez seguiu os comandos do diretor de voo e manteve facilmente a velocidade do alvo. 


Conforme o avião se aproximava da altitude alvo de 4.600 pés, o modo vertical mudou para ALT *, ou Captura de Altitude, um modo intermediário durante o qual o avião nivela na altitude alvo e o FMS aguarda um novo comando. 

O capitão Gopujkar convocou a mudança de modo e o capitão Fernandez disse: “Ok, dê-me uma volta,” pedindo a Gopujkar para inserir a altitude para a qual voariam se decidissem abandonar a abordagem - neste caso, 6.000 pés. "Vai por aí que você quer?", Gopujkar perguntou, sabendo que se ele entrasse em 6.000 pés no FMS neste ponto, ele ativaria o modo “Open Climb” e o avião voaria a 6.000 pés. 

Nesse ponto, o voo 605 ainda estava acima da trajetória de planagem, mas não havia indicação de que Fernandez realmente queria dar a volta; em vez disso, ele provavelmente queria que esse valor fosse inserido para que pudesse selecioná-lo rapidamente, se necessário, mas esqueceu que no modo ALT * isso acionaria Open Climb. “6.000”, afirmou Fernandez. 

“Ou você quer velocidade vertical?”, Gopujkar perguntou, sugerindo a seleção de modo correta. Fernandez entendeu a dica. “Velocidade vertical”, disse ele. "Quantos?" “1.000”, disse Fernandez, oferecendo uma taxa de descida um pouco maior do que o normal para colocá-los de volta na planagem. 

Gopujkar, portanto, usou o botão de velocidade vertical para inserir uma taxa de descida de 1.000 pés por minuto, mudando o modo vertical para “Velocidade vertical”. Coincidindo com este movimento, o autothrottle voltou ao modo “Speed” e retomou seus esforços para manter sua velocidade no ar em 132 nós. Embora não tenha dito isso, Gopujkar também redefiniu a altitude alvo para 3.300 pés, a altitude mínima para aquela fase da abordagem. 


Pouco tempo depois, quando a aeronave se aproximou de 3.300 pés, o modo vertical mudou novamente para ALT * enquanto a FCU se preparava para nivelar o avião. Reconhecendo que eles haviam interceptado o plano de planagem adequado e estavam começando a descer abaixo dele, o capitão Fernandez solicitou que Gopujkar alterasse a razão de descida para 700 pés por minuto. 

“Abordagem perdida é ...” Gopujkar começou a dizer. O que aconteceu neste momento nunca foi determinado de forma conclusiva, e duas teorias principais foram apresentadas. 

De acordo com uma teoria, Gopujkar seguiu seu comentário sobre a aproximação perdida entrando na altitude de giro de 6.000 pés, mas rapidamente percebeu que isso acionaria o modo Open Climb. Para corrigir seu erro, ele girou o botão para baixo em direção ao zero para evitar que o avião subisse, selecionando uma altitude-alvo que estava abaixo do nível do solo. Selecionar uma altitude-alvo inferior à altitude atual enquanto no modo ALT * ativará a descida aberta. 

De acordo com a outra teoria, Gopujkar estava prestes a selecionar a altitude de giro e estava com a mão no botão de altitude quando Fernandez solicitou uma taxa de descida de 700 pés por minuto, fazendo com que ele acidentalmente selecione "700" com o botão de altitude em vez de o botão de velocidade vertical. Mais uma vez, a seleção dessa altitude alvo inferior (que também estava abaixo do nível do solo) teria alterado o modo vertical para Descida Aberta ('Open Descent'). 


Com o modo Open Descent ativo, sua taxa de descida começou a aumentar novamente, e o avião continuou a cair abaixo da planagem. No modo de descida aberta, o autothrottle manteve o impulso do motor em marcha lenta e passou a ser responsabilidade do capitão Fernandez seguir os comandos do diretor de voo a fim de manter a velocidade no ar alvo. 

Mas Fernandez não sabia que o FCU estava em modo de descida aberta. Consequentemente, ele não fez nenhuma tentativa de manter a velocidade no ar, que começou a cair abaixo de 132 nós. 

Como resultado, o avião desceu ainda mais. Cerca de 11 segundos depois de entrar em Descida Aberta, o Capitão Gopujkar finalmente percebeu a indicação de modo no FMS e disse: "Você está descendo em 'Ocioso - Descida Aberta', ha, todo esse tempo." 

O rádio altímetro gritou “Trezentos”, informando-os de que estavam a 300 pés acima do solo. Gopujkar sabia que eles deveriam estar no modo Velocidade Vertical, não em Descida Aberta, e ele conhecia uma maneira rápida de chegar lá. 

Como o voo seguro em Open Descent dependia do uso do diretor de voo para manter a velocidade no ar, desligar os diretores de voo de ambos os pilotos faria com que o modo vertical mudasse imediatamente para Velocidade Vertical. Simultaneamente, o autothrottle mudaria para o modo Speed ​​e manteria automaticamente a velocidade no ar selecionada de 132 nós. Portanto, Gopujkar disse: "Você quer que os diretores de voo partam agora?" 
Acima: Todas as mudanças de modo até agora
"Sim", disse Fernandez, desligando seu diretor de voo. "Ok, eu já adiei." “Mas você não adiou o meu”, disse Gopujkar. Isso provavelmente confundiu Fernandez, já que era função do piloto não voar desligar os diretores de voo. Fernandez nunca respondeu e Gopujkar nunca desligou seu próprio diretor de voo. 

Como resultado, Fernandez não tinha mais comandos de diretor de voo em seu display, mas o FCU permaneceu no modo Open Descent, já que um diretor de voo ainda estava ativo. Essa tentativa confusa de mudar para o modo Velocidade vertical não fez nada além de piorar a situação. 

“Duzentos”, disse o rádio-altímetro. Eles estavam a 174 pés abaixo do planador, descendo a 600 pés por minuto, com velocidade no ar de lentos 118 nós e caindo. A uma altitude de 175 pés, Fernandez finalmente pareceu notar que algo estava errado e começou a puxar para trás com o manche para escalar. 

"Você ainda está no piloto automático?", Gopujkar perguntou, jogando fora um non-sequitur completo. “Está desligado”, disse Fernandez. De repente, Gopujkar percebeu que eles estavam um pouco acima do solo e descendo rapidamente. "Ei, vamos descer!", ele exclamou. 

Naquele exato momento, a velocidade no ar caiu o suficiente e o ângulo de ataque tornou-se alto o suficiente para acionar uma das proteções de piso alfa do A320, que automaticamente começou a acelerar os motores à potência máxima para evitar um estol. 

Mas leva oito segundos para os motores passarem da marcha lenta à potência máxima, e eles não tinham oito segundos. "Capitão, capitão, ainda estou indo!" disse Fernandez. O sistema de alerta de proximidade do solo gritou “SINK RATE! Fernandez empurrou os manetes para frente, sem saber que o sistema de proteção de piso alfa já havia feito isso. Infelizmente, era tarde demais. 

Alguns segundos depois, o voo 605 da Indian Airlines pousou no meio do Karnataka Golf Club, cerca de 2.300 pés antes da pista. 


A princípio, alguns passageiros e comissários de bordo acharam que era um pouso normal. Mas em alguns segundos, essa ilusão foi quebrada quando o avião saltou de volta no ar, cortou o topo de algumas árvores e caiu perto do gramado 17. 

O A320 então bateu de cabeça em um aterro de terra de 4 metros de altura, que danificou seriamente a fuselagem dianteira e arrancou o trem de pouso e os dois motores. 


A aeronave avariada brevemente voltou ao ar antes de voltar para um campo rochoso próximo à parede do perímetro do aeroporto, onde os tanques de combustível rompidos imediatamente explodiram em chamas.

A bordo da aeronave, o caos reinou. Praticamente todos sobreviveram ao pouso forçado, mas muitas pessoas ficaram gravemente feridas e o fogo começou a invadir a cabine quase imediatamente. 


Um comissário de bordo abriu a saída traseira esquerda e as pessoas começaram a sair do avião. Enquanto isso, alguém abriu as duas saídas de emergência sobre as asas do lado esquerdo e alguns passageiros escaparam por ali; alguns outros encontraram uma fratura na fuselagem perto da frente do avião e conseguiram sair de lá também. 

Mas para a maioria das pessoas na parte da frente da cabine, não havia tempo para escapar - o fogo os alcançou antes que pudessem alcançar qualquer saída. 

Entre aqueles que nunca conseguiram sair estavam o capitão Gopujkar e o capitão Fernandez, que foram vistos lutando para abrir uma janela antes que as chamas engolfassem a cabine. 


Quando os caminhões de bombeiros começaram a chegar, a luta pela sobrevivência estava quase terminada; o fogo já havia se espalhado pela maior parte da cabine de passageiros. 

Das 146 pessoas a bordo, apenas 56 conseguiram escapar, e dessas duas morreram logo no hospital, elevando o número final de mortos para 92 com 54 sobreviventes. 

Das 92 vítimas, pelo menos 83 morreram no incêndio, não no impacto, embora cerca de um terço delas tenha sofrido ferimentos graves na perna e na cabeça durante o acidente, o que pode ter evitado que escapassem.

Como este foi o primeiro acidente de um Airbus A320 em serviço regular de passageiros, ocorrendo apenas dois anos após o mortal voo de demonstração em 1988, considerável atenção internacional foi dada ao acidente do voo 605. 


O governo indiano nomeou o juiz Shivashankar Bhat para supervisionar o inquérito sobre a causa do acidente, que muitas pessoas já especularam pode ter algo a ver com a tecnologia avançada a bordo do avião. 

Nesse ínterim, a Indian Airlines foi solicitada a aterrar seus 17 Airbus A320 restantes, que logo decidiu vender a fim de impedir a hemorragia de dinheiro. Mas o projeto dos sistemas de controle de voo do avião realmente teve algo a ver com o acidente? 

Os investigadores de acidentes, o Diretório Geral de Aviação Civil da Índia e a Airbus concordaram que muito provavelmente não. A discussão se concentrou em alguns momentos-chave. 

O primeiro ponto em que as coisas começaram a dar errado ocorreu cerca de 35 segundos antes do impacto, quando o capitão Fernandez solicitou uma taxa de descida de 700 pés por minuto, e a FCU entrou no modo de descida aberta. O gravador de dados de voo simplesmente notou que isso havia acontecido; não explica o que motivou a mudança. 


Os investigadores sentiram que, como o FCU estava funcionando corretamente antes e depois desse ponto, a explicação mais provável era que o capitão Gopujkar simplesmente inseriu algo que acionou a mudança de modo. Ou ele acidentalmente usou o botão de altitude ao invés do botão de velocidade vertical, ou ele inadvertidamente fez uma seleção que acionaria “Open Climb” e então inverteu sua entrada. 

O segundo elo chave na cadeia de eventos veio quando Gopujkar percebeu que eles estavam no modo Open Descent e sugeriu que Fernandez desligasse os diretores de voo. Se eles tivessem realmente desligado os dois diretores de voo, o FCU teria entrado no modo Velocidade Vertical, o autothrottle teria restaurado a velocidade de aproximação adequada e o acidente teria sido evitado. 

Por que Gopujkar nunca desligou seu próprio diretor de voo, quando era seu dever desligar ambos, era difícil de explicar. O gravador de dados não registrou nenhuma falha com o diretor de voo, de forma que a investigação só pôde concluir que ele nunca tentou desligá-lo, por motivos desconhecidos. Vale a pena notar que ele também pode ter ativado o modo Velocidade vertical puxando o botão de velocidade vertical para fora e usando-o para inserir um valor, mas ele nunca tentou fazer isso. 


O terceiro momento crítico veio pouco antes do impacto, quando a proteção do piso alfa foi ativada e os pilotos começaram a perceber que algo estava errado. Cerca de 9 segundos antes do impacto foi o último ponto em que uma aceleração até o empuxo máximo poderia ter salvado o avião. 

Naquele momento, Fernandez já havia puxado o manche para trás para levantar o nariz, mas não havia se movido para aumentar a potência do motor. Se ele tivesse aumentado a potência do motor antes de levantar o nariz, o acidente poderia, por pouco, ter sido evitado. 

Então, por que ele não fez isso? Uma explicação era que ele esperava que seu nariz grande para cima em baixa velocidade acionasse uma proteção de piso alfa que faria isso por ele. 

Mas a Airbus revelou que há um atraso de até 1,2 segundos entre as condições do piso alfa serem atendidas e as proteções realmente ativadas. Era difícil dizer com certeza, mas aqueles 1,2 segundos podem ter significado a diferença entre a vida e a morte. 


Os advogados que representavam os pilotos da Indian Airlines argumentaram que isso era um déficit de desempenho - se os motores tivessem respondido tão rápido quanto anunciado, o acidente poderia ter sido evitado. A Airbus argumentou que o atraso de 1,2 segundo foi em si a linha de base. Os ânimos explodiram na sala do tribunal quando os dois lados se enfrentaram por um único segundo que pode ou não ter significado nada.

Restava uma pergunta final: por que nenhum dos pilotos percebeu que sua velocidade no ar estava muito baixa e eles estavam descendo abaixo da rota de planagem? Afinal, os indicadores de velocidade no ar de ambos os pilotos incluíam um triângulo de cor magenta proeminente que representava a velocidade de aproximação calculada, e eles foram ensinados a não deixar a velocidade cair abaixo desse triângulo. 


Embora a investigação tenha apenas declarado que eles não monitoram sua velocidade no ar, o conhecimento moderno da maneira como os humanos interagem com a automação nos dá uma possível resposta para o porquê. 

Como os dois pilotos pensaram que o autothrottle estava no modo Speed, onde manteria a velocidade no ar automaticamente, eles provavelmente confiaram tanto nele que nunca verificaram se ele estava fazendo seu trabalho. 

Mesmo nas poucas semanas em que voaram no A320, é possível que eles tenham ficado tão convencidos da confiabilidade dos sistemas de luz automática que relaxaram a guarda exatamente quando a vigilância era mais necessária. Acidentes posteriores envolvendo uma ampla variedade de tipos de aeronaves mostraram que este é um fenômeno comum - aquele que os pilotos precisam ser especificamente ensinados a combater.

Até o fim, o sindicato dos pilotos de linha aérea insistiu que dois capitães tão experientes como Gopujkar e Fernandez não teriam cometido erros tão elementares, e que uma grande falha no computador deve ter causado tanto a entrada no Open Descent quanto o fracasso do o segundo diretor de voo deve desligar. Eles não tentaram explicar por que nenhum dos pilotos notou a queda da velocidade do ar e simplesmente adicionaram o empuxo manualmente. 


O juiz Bhat finalmente decidiu que a causa provável do acidente foi uma falha dos pilotos em avaliar o perigo em que seu avião estava ao afundar em direção ao solo, e sua conseqüente falha em tomar uma ação decisiva até que fosse tarde demais. 

A esta conclusão, o governo indiano acrescentou que muito provavelmente o capitão Gopujkar havia selecionado acidentalmente 700 pés com o botão de altitude em vez do botão de velocidade vertical, e que esse erro, junto com a falha em desligar o outro diretor de voo, foram os principais fatores que contribuíram para o acidente. Os sindicatos de pilotos protestaram que não havia evidências de que Gopujkar realmente tivesse feito isso, mas também não havia evidências de sua teoria alternativa.

Hoje, mais de 30 anos após o acidente, é possível olhar para trás em um contexto diferente do que estava disponível para aqueles que trabalharam e discutiram sobre ele em 1990. Alguns dos argumentos envelheceram melhor do que outros. 

Pouco mais de um ano após a publicação do relatório final do voo 605 da Indian Airlines, outro Airbus A320 novo em folha caiu nas montanhas perto de Estrasburgo, França. O voo 148 da Air Inter provaria ser o terceiro incidente mortal no debate em andamento sobre o Airbus A320, já que muitos dos mesmos problemas que levaram à queda do voo 605 pareciam ter aparecido novamente. 

O erro instigante que levou à queda do voo 148 ocorreu quando o capitão acidentalmente entrou em uma velocidade vertical alvo em vez de um ângulo de trajetória de voo alvo. Sem perceber que o modo vertical foi definido como Velocidade vertical e não Ângulo da trajetória de voo, ele inseriu “33” pretendendo que fosse um ângulo de -3,3 graus, mas foi lido como -3.300 pés por minuto. 


Nenhum dos pilotos percebeu sua taxa de descida excessiva até que fosse tarde demais, e o avião voou para uma montanha, matando 87 dos 96 passageiros e tripulantes. Os dois pilotos naquele voo tinham ainda menos experiência combinada do que Gopujkar e Fernandez. 

Eles também não foram os primeiros a cometer esse erro exato: em 1988, um A320 com uma companhia aérea não especificada pousou quase 5 quilômetros antes da pista de Gatwick em Londres depois que um dos pilotos tentou entrar em um ângulo de trajetória de voo de 3 graus enquanto ainda estava no modo de velocidade vertical. 

Todos esses incidentes de confusão de modos no A320 alimentaram as críticas à sua tecnologia de orientação de voo e a todos os modos que a acompanhavam, que muitas pessoas consideravam confusos demais. 

Parecia haver muitos casos extremos, muitas maneiras diferentes de entrar em modos indesejados, muita arquitetura de software obscura que apenas alguns engenheiros entendiam. A crítica certamente não era injustificada - em seu estado original, havia sérios problemas com a interface do usuário do A320 que tornava mais difícil perceber quando ocorriam alterações de modo indesejadas. 

Mas o fator real por trás de todos esses acidentes e quase acidentes provavelmente não foi nada mais do que inexperiência. Todos os pilotos envolvidos nos incidentes tiveram muito pouco tempo no A320. Embora fossem aviadores experientes, como os sindicatos de pilotos indianos corretamente apontaram, muito dessa experiência não se traduziu bem no Airbus A320. 

Demorou para os pilotos se acostumarem com o comportamento dos novos sistemas, uma vez que nunca haviam visto nada semelhante antes. Depois que os pilotos ao redor do mundo ganharam mais experiência em aeronaves fly-by-wire, os acidentes causados ​​pelo manuseio incorreto da automação do A320 pararam de acontecer. 

Embora tenha tido um início difícil, o A320 alcançou um recorde de segurança melhor do que a maioria dos tipos de aeronaves tradicionais. E, embora tenha havido alguns problemas, nenhum Airbus já travou por causa do tipo de falha de computador que os céticos temiam profundamente. 

O fato de que o A320 tem um bom histórico de segurança hoje não deve ser considerado um dado adquirido, entretanto. Como resultado da queda do voo 605, uma série de esforços de segurança foram iniciados para evitar erros da tripulação ao usar os sistemas de orientação de voo. 


Antes do acidente, a Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos não tinha regras em vigor sobre como esses sistemas deveriam ser projetados. Como resultado do acidente, a FAA emitiu um novo regulamento descrevendo os requisitos mínimos que um sistema de orientação de voo deve atender, incluindo que todas as informações devem ser apresentadas de "maneira clara e inequívoca" e "permitir a consciência da tripulação de voo, dos efeitos no avião ou sistemas resultantes de ações da tripulação de voo; que o “comportamento operacionalmente relevante” do sistema “deve ser previsível; ”E que os sistemas devem permitir que os pilotos“ gerenciem os erros ”para que esses erros não saiam do controle". 

Além disso, a Airbus fez várias alterações no A320. O visor de velocidade no ar agora é mais fácil de ler; agora há um aviso sonoro que alertará os pilotos se a velocidade deles for muito baixa; o modo vertical agora reverterá de descida aberta para velocidade vertical se a velocidade da aeronave cair abaixo do valor de aproximação normal; e selecionar uma nova altitude no modo ALT * agora ativará o modo de Velocidade Vertical em vez de Open Descent ou Open Climb. 

Essas mudanças impediram efetivamente que as tripulações de voo entrassem acidentalmente no modo de descida aberta enquanto estavam perto do solo e tornaram muito mais fácil perceber se isso acontecesse de qualquer maneira. 

Juntamente com todas essas modificações, a equipe que investigou o acidente emitiu nada menos que 62 recomendações destinadas a melhorar a segurança do A320 e da aviação indiana de forma mais ampla, a maioria das quais foi aceita pela Diretoria Geral de Aviação Civil da Índia.

A importância da queda do voo 605 da Indian Airlines está no fato de que foi, segundo algumas medidas, o primeiro "acidente moderno". 

Embora o número geral de acidentes esteja diminuindo, uma proporção maior de acidentes nos últimos anos está relacionada às interações entre os pilotos e formas sofisticadas de automação. Este não é apenas um problema do Airbus; na verdade, a Airbus aprendeu sua lição, e o problema agora é mais agudo com a Boeing, que só recentemente seguiu seus passos. 

Muitos paralelos podem ser traçados entre o voo 605 da Indian Airlines e a queda do voo 214 da Asiana Airlines em 2013. Um capitão em treinamento no Boeing 777 cometeu um erro ao usar um sistema de orientação de voo automatizado, permitindo que seu erro saísse de controle, e depois deixou de avaliar como as mudanças de modo resultantes afetaram a capacidade do avião de ajudá-lo quando ele tentou se recuperar de uma situação de baixa velocidade e altitude. 


Os nomes dos modos eram diferentes, mas em muitos aspectos a sequência de eventos era a mesma. A lição é que, no final do dia, sempre haverá pilotos inexperientes trabalhando com esses sistemas de autoflight avançados, e é trabalho do fabricante garantir que esses sistemas cumpram a promessa de tornar os aviões mais fáceis de voar.

Edição de texto e imagem por Jorge Tadeu (Site Desastres Aéreos)

Com Admiral Cloudberg, ASN e baaa-acro.com - As imagens são obtidas do Bureau of Aircraft Accidents Archives, da Airways Magazine, de Sean d'Silva, do Google, da FAA e do crashdehabsheim.net.