O Boeing 747-4Q8, prefixo G-VFAB, da Virgin Atlantic Airways, semi-coberto pela neve no Aeroporto Heathrow (LHR/EGLL), em Londres, na Inglaterra, em 13 de janeiro de 2010.
Foto: Chris Lofting (Airliners.net)
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O novo embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Thomas Shannon, afirmou nesta quinta-feira (4), em entrevista coletiva, que a empresa norte-americana Boeing continua na disputa pela concorrência aberta pelo governo brasileiro para a compra de caças para reaparelhar a Força Aérea Brasileira (FAB). "O avião da Boeing é um produto bom, merece atenção do governo do Brasil," disse.
Shannon disse que conversou nesta quinta com os ministros Nelson Jobim (Defesa) e Celso Amorim (Relações Exteriores), que teriam afirmado que o Brasil ainda não definiu se comprará aviões norte-americanos, franceses ou suecos. “Sobre os aviões, o ministro Jobim e o ministro Amorim disseram que não há uma definição ainda do governo do Brasil”, disse o novo embaixador, que tomou posse no cargo nesta quinta.
Reportagem publicada nesta quinta pelo jornal "Folha de S. Paulo" afirma que, depois de uma queda de quase R$ 4 bilhões no valor do pacote de 36 caças, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Defesa optaram pela proposta francesa na negociação de novos aviões para a FAB.
Em nota emitida mais cedo, o comando da FAB já havia afirmado não ter recebido "qualquer comunicação oficial" sobre a suposta compra dos caças franceses pelo governo brasileiro. O ministro Nelson Jobim também negou, em entrevista nesta quinta, que haja uma definição pelos caças franceses.
Relações
O embaixador observou que os EUA têm se empenhado para que a Boeing seja a escolhida, mas destacou que uma eventual não escolha da empresa não afetará as relações com o Brasil.
“É importante observar que França e Suécia são amigos e aliados dos EUA. Isso são relações comerciais, que não vão afetar nossas relações”, garantiu. “Esse é um ato de diplomacia comercial. Obviamente temos grande interesse, mas França e Suécia são aliados e amigos”, completou.
Transferência de tecnologia
Thomas Shannon destacou ainda que a decisão da Boeing de transferir tecnologia para o Brasil é sem precedentes. “Isso mostra a nossa confiança no Brasil.”
Fonte: Diego Abreu (G1) - Foto: Antônio Cruz/ABr
IGOR GIELOW
SECRETÁRIO DE REDAÇÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O previsível desfecho da novela dos caças, ainda a ser confirmado com assinaturas e compromissos financeiros, consolidou a parceria estratégica entre Brasil e França e foi uma vitória pessoal de seu maior defensor, Nelson Jobim.
Foi ele quem costurou o amplo acordo militar em que o Brasil atrelou sua força de submarinos e helicópteros aos franceses no ano passado, e nunca escondeu que a escolha do vetor de aviação de combate tinha de seguir a mesma lógica.
O ponto central: acesso a tecnologias agora e no futuro, além da abertura de canais que ultrapassam a área militar. A- lém disso, ao atropelar a preferência da FAB, Jobim manteve a consolidação do poder do Ministério da Defesa sobre as Forças Armadas -algo que só começou a ocorrer agora, mais de dez anos depois de sua criação.
Mas a escolha levanta dúvidas sobre a conveniência de manter tal dependência de um só país num campo tão sensível quanto o militar. Agora, serão mais de R$ 30 bilhões a depositar nos cofres franceses. Historicamente, isso não é favorável.
E há a questão básica pela qual a FAB havia preferido o sueco Gripen NG: o Rafale é uma aeronave cara de comprar e, principalmente, de operar. O motivo é justamente o que o governo e a França apontam como vantagem, que é o fato de que o avião não usa tecnologia sensível de nenhum outro país.
Como só é usado hoje pelos franceses, o aparelho sofria de encarecimento por falta de escala industrial. Tudo é feito na França a custos altos. O contrato brasileiro, quando assinado, dá sobrevida ao avião como produto comercial e poderá até baixar seus custos futuros. De todo modo, as reduções de preço propaladas ainda têm de ser vistas em contratos e sob lupa.
A FAB preferia o Gripen também por ser um projeto em desenvolvimento de um caça já existente, que abria mais possibilidades de interação e transferência de conhecimento. O Rafale é um avião pronto.
O F-18 americano é um avião desejado por pilotos e com preço competitivo, mas pesa contra ele o fato de que nunca estaria livre da sombra de embargos eventuais no futuro. Ainda vai demorar para Washington superar essa desconfiança.
Fonte: jornal Folha de S.Paulo