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Seria mais uma rotineira viagem de avião entre Moscou e Londres não fosse um dos passageiros, aparentemente sob a influência de drogas, ter atacado as pessoas que seguiam na aeronave, chegando mesmo a tentar abrir a porta de emergência em pleno voo. Apesar de incomodados, ninguém interveio. A exceção foi Paulo Inácio, um português que seguia a bordo e que foi o único a ajudar a tripulação, imobilizando o homem. "Só tentei ajudar, não me sinto nenhum herói", disse ao CM.
A atribulada viagem ocorreu em 10 de janeiro deste ano pela empresa aérea BMI (British Midlands International), mas só agora o português aceitou contar a sua história. "Tive receio de que o homem que imobilizei me quisesse processar ou fazer-me mal. Foi por isto, aliás, que mais ninguém naquele avião se quis meter. Foi um drama", explica Paulo, 39 anos, que atualmente reside e trabalha em Londres, como consultor.
A confusão começou na classe executiva, na parte da frente do avião. "O homem vinha a ser de lá empurrado por alguns elementos da tripulação, que foi pedindo ajuda aos passageiros, uma vez que ele resistia e era agressivo." Sentado junto do corredor, logo a seguir à classe executiva, Paulo ia observando tudo calmamente. "Durante cerca de 20 minutos ninguém fez nada. Quando o homem começou a tocar na porta de emergência e a berrar que a ia abrir, levantei-me, agarrei numas algemas que um tripulante tinha deixado cair e tentei imobilizar o homem, que tinha uma força de cavalo." O passageiro, que falava inglês, ainda cuspiu e tentou morder o português, que só descansou quando o deixou de pulsos atados, na parte de trás do avião.
Pouco depois, o avião aterrissava de emergência em Amesterdã, na Holanda, e o desordeiro era levado pela polícia. O voo seguiu para Londres duas horas depois. "A tripulação agradeceu--me e ofereceu-me uma garrafa de champanhe e outra de vinho. Mais tarde ofereceram-me uma viagem na mesma rota", conta.
Fonte: Helder Almeida (Correio da Manhã) - Foto: Reprodução