O CEO da Saab, Ake Svensson, disse nesta quinta-feira (25) em São Paulo que, caso o governo brasileiro opte pelos caças Gripen NG, da Suécia, a empresa pode construir uma fábrica no Brasil. Svensson diz que a nova instalação, que seria provavelmente localizada em São Bernardo do Campo, poderia fabricar aeronaves e carros.
De acordo com o executivo, a Suécia busca um parceiro e não um cliente. Além da Saab, disputam o contrato para a venda de 36 caças para a FAB (Força Aérea Brasileira) a francesa Dassault, com os caças Rafale, e a norte-americana Boeing, com os F-18 Super Hornet, numa transação que pode chegar a R$ 10 bilhões.
Para Svensson, mais do que transferência, a Suécia oferece uma oportunidade de desenvolvimento conjunto de tecnologia.
- Nossa melhor oferta foi feita. Oferecemos um pacote completo no qual não estamos apenas colocando um produto no Brasil, mas confiando no Brasil como um parceiro. Temos uma ótima proposta financeira, um produto que supera as necessidades brasileiras e a garantia de apoio do Estado da Suécia. Não podemos ser mais fortes do que isso.
Svensson disse ainda que a Aeronáutica sueca precisa de aviões de transporte, dando a entender que uma escolha brasileira pelos Gripen NG poderia facilitar uma escolha da Suécia por aviões da Embraer. A parceria poderia resultar ainda, diz Svensson, na venda de aeronaves para a África do Sul, que utiliza os caças suecos Gripen.
Svensson afirmou que o momento atual é ideal para que o Brasil e a Suécia façam um “acordo perfeito”.
- Nós queremos casar e ser felizes por muito tempo.
Como um antecedente que conta a favor da parceria, Svensson citou o Sivam (sistema de radares da Amazônia), que foi desenvolvido em conjunto pelos dois países.
Entre as vantagens da aeronave sueca estão seu preço, cerca de metade do Rafale, francês, e a transferência – ou desenvolvimento, conforme Svensson - de tecnologia, uma vez que, dizem os suecos, grande parte das aeronaves seria fabricada no Brasil. Já como desvantagens pesam o fato de o Gripen NG ter apenas um motor e utilizar componentes que não são fabricados no país, o que poderia resultar em limitações caso o Brasil queira comercializar o produto no futuro.
Svensson participou nesta quinta de um debate sobre interação de alta tecnologia entre o Brasil e a Suécia. Também presente ao evento, o rei do país europeu, Carl Gustaf, não falou sobre os caças. Amanhã, o rei deve visitar a fábrica da Embraer em São José dos Campos.
Fonte: Gabriel Mestieri (R7)