quinta-feira, 20 de maio de 2021

Revestimento cerâmico faz aviões de combate ficarem ainda mais invisíveis


O que torna um avião furtivo “invisível” é um revestimento feito de polímero capaz de evitar a detecção por radares. O problema é que esse plástico absorvente é muito frágil e se não for bem protegido pode perder sua função rapidamente. Mas, agora, os pesquisadores da Universidade Estadual da Carolina do Norte, nos EUA, parecem ter encontrado um substituto mais eficiente que o polímero: a cerâmica.

Em testes de laboratório, eles descobriram que o material cerâmico absorve 90% mais ondas de radar do que os polímeros usados atualmente. Além disso, a cerâmica é resistente a água, é mais rígida do que grãos de areia e consegue suportar uma variação de temperatura entre -100°C a 1.800°C.

“Se conseguirmos o suporte de que precisamos para aumentar a escala, os fabricantes serão capazes de redesenhar fundamentalmente suas aeronaves. O material que projetamos permitirá que a próxima geração de caças seja mais rápida, mais manobrável e capaz de viajar mais longe”, afirma a professora Cheryl Xu.

Invisibilidade comprometida


Os aviões capazes de cruzar o céu sem serem detectados pelos radares não são tão “invisíveis” assim. O revestimento usado na maioria dessas aeronaves consegue absorver entre 70% e 80% da energia emitida por um sistema de radares.

Como essa “pele” de plástico não é muito resistente, ela se degrada facilmente quando exposta a substâncias abrasivas, como o sal. Esses revestimentos também não gostam de temperaturas muito altas e começam a se decompor quando o calor ultrapassa 250°C.


Avião "invisível" B-2 Spirit (Imagem: Reprodução/U.S. Air Force)
Essa fragilidade térmica é um problema para aeronaves supersônicas, nas quais as temperaturas nas bordas das asas e no sistema de exaustão das turbinas ultrapassam os 250°C com facilidade.

Para não prejudicar ainda mais a invisibilidade, os projetistas abrem mão de características de desempenho, deixando as aeronaves mais lentas e com uma capacidade de manobra muito reduzida em situações de combate.

Com o revestimento feito de cerâmica, os engenheiros poderiam desenvolver aviões mais rápidos e ágeis, sem ter que se preocupar com a fragilidade do revestimento que garante a invisibilidade aos radares e que pode ficar comprometido em algumas horas de voo.

Melhor e mais fácil de usar


O revestimento cerâmico pode ser aplicado em toda a superfície da aeronave em apenas dois dias. Uma base cerâmica líquida é pulverizada para garantir que nenhuma parte externa do avião fique sem proteção.

Ao expor essa base de cerâmica líquida ao ar em temperatura ambiente, ela se torna extremamente rígida, dando ao material características como resistência térmica e durabilidade, propriedades que os polímeros não conseguem atingir com eficácia.

Aviões com revestimento cerâmico se esconderiam melhor dos radares (Imagem: Reprodução/U.S. Air Force)
Como os testes foram feitos com pequenas amostras, os pesquisadores ainda precisam de mais dados para comprovar os benefícios do novo material cerâmico. “Recentemente, obtivemos financiamento do Escritório de Pesquisa Científica da Força Aérea dos EUA. Isso nos permitirá produzir e testar amostras muito maiores e mais próximas da realidade”, completa a professora Xu.

Fonte: NCSU via Canaltech

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