Polícia diz que já identificou os dois tripulantes suspeitos no caso.
A Polícia Federal abriu inquérito nesta terça-feira (18) para investigar o suposto ato de racismo sofrido pelo cantor e compositor Dudu Nobre e por sua mulher Adriana Bombom no vôo 951, da American Airlines, vindo de Nova York. Segundo os investigadores, os dois tripulantes suspeitos de terem xingado o músico e sua esposa já foram identificados e indiciados.
De acordo com a polícia, uma aeromoça foi indiciada por injúria, e um comissário de bordo vai responder por injúria preconceituosa e lesão corporal.
Na noite de segunda-feira (17), Dudu Nobre e Adriana Bombom registraram queixa contra um comissário de bordo que os teria xingado, chamando-o de macaco e sua mulher de estúpida.
“O comissário veio vindo, já armando pra cima de mim e gritando: ‘vem macaco, vem macaco, vem brigar comigo’”, contou o sambista.
Em nota oficial, divulgada no fim da tarde desta terça-feira (18), o diretor comercial da empresa no Brasil, Dilson Verçosa Júnior, diz que "nenhuma reclamação oficial foi feita diretamente à companhia, a American só ficou sabendo deste incidente pelos jornais na manhã de 18 de novembro, e já está realizando uma investigação interna para saber o que realmente aconteceu".
Segundo a PF, ninguém da tripulação ainda foi ouvido. A empresa aérea disse que está realizando uma investigação interna para saber o que houve durante a viagem.
Desembarque na PF
Na viagem de volta dos Estados Unidos, o sambista Dudu Nobre e sua mulher, Adriana Bombom, aterrissaram na delegacia da Polícia Federal, no Aeroporto Internacional Tom Jobim, no Rio de Janeiro. O casal fez queixa de agressão e racismo contra tripulantes do vôo.
Segundo Adriana, um comissário teria chamado seu marido de macaco no desembarque; e ainda, numa discussão, o tripulante teria cravado uma caneta no ombro de Júnior, produtor de Dudu Nobre.
Problemas durante todo o vôo
Rainha de bateria da Portela, Adriana contou que desde o início do vôo, que partiu de Nova York, ela teria sido alvo do preconceito da tripulação. A comissária da primeira classe teria debochado que teve dificuldades para abrir a porta do banheiro do avião.
“Desde o início eles estavam de implicância. Durante todo o vôo, essa mulher me perturbou. Mas não quis fazer alarde para não criar confusão. Fui levando. Quando o avião pousou em São Paulo, demoramos um pouco a descer, porque eu estava calçando o sapato das crianças. Aí, a mulher me chamou de estúpida, em inglês. Dudu ouviu e resolveu comprar minha briga”, contou a passista.
Segundo Adriana, houve discussão e um comissário, que ela identificou como sendo um chileno chamado Carlos, começou a imitar macaco e a xingar Dudu Nobre.
“Houve briga, mas o Dudu evitou bater no cara para não perder a razão. Eles ficaram discutindo e aí surgiu o piloto e co-piloto. Nessa confusão toda, o tal comissário pegou uma caneta e enfiou no braço do Júnior. Ele queria acertar o pescoço do Júnior, mas não conseguiu”, disse Adriana, contando que, para não perder o vôo de conexão para o Rio, decidiram registrar o caso no aeroporto Tom Jobim.
Comissário teria agredido produtor
Júnior, que teve a camisa rasgada e o ombro machucado, foi encaminhado para fazer exame de corpo de delito. Adriana disse que, segundo ouviu de brasileiros que trabalham na American Airline, o comissário envolvido no caso já teria sido demitido depois de reclamações de passageiros.
“Não dá para dizer que não vou mais viajar pela American. A companhia não tem culpa. Mas deveria dar uma formação melhor para os funcionários, principalmente para quem tem de lidar com o público. Nunca passei por isso na minha vida. Fiquei muito triste. A gente sai do país da gente, gasta no país deles e ainda é esculachado desse jeito. Isso é um absurdo”, reclamou Bombom.
O casal passou duas semanas nos Estados Unidos. Dudu Nobre fez apresentações em Miami e Nova York, enquanto Bombom passeou com as filhas na Disney.
Fontes: G1 / Jornal da Globo