sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Oito anos depois do 11/9, Al-Qaeda causa menos medo, mas ainda ameaça os EUA

Em meio a destroços, o homem pergunta se alguém precisa de ajuda, após o colapso da torre 1 do World Trade Center, em Nova York

Na mensagem de vídeo, o nº 2 da al-Qaeda, Ayman al-Zawahiri, lamenta a morte de al Masri e abu Khabab no Paquistão

Oito anos depois dos atentados de 11 de setembro de 2001, a Al-Qaeda, embora enfraquecida, permanece sendo um inimigo temido, capaz de atacar, asseguram as autoridades norte-americanas, que tentam convencer uma opinião pública cansada por duas longas guerras.

A rede extremista ainda "é muito capaz de atacar os Estados Unidos e está muito concentrada nesse objetivo", segundo o chefe do Estado-Maior norte-americano, Michael Mullen.

Apesar da mudança de governo em Washington, a cruzada lançada por George W. Bush continua na ordem do dia: seu sucessor Barack Obama assegura que a guerra no Afeganistão tem como objetivo "desorganizar, desmantelar e derrotar a Al-Qaeda" refugiada no vizinho Paquistão.

A caça aos autores dos atentados que deixaram cerca de 3.000 mortos nos Estados Unidos, contribuiu para o declínio da organização de Osama bin Laden.

Ela perdeu o seu refúgio no Afeganistão após a derrubada, no final de 2001, do regime de seus aliados talibãs e várias figuras-chaves da rede foram capturadas.

Depois de julho de 2008, onze dirigentes da Al-Qaeda ou aliados foram mortos, dentre os quais Abu Khabab al-Masri, especialista em armas químicas e biológicas da Al-Qaeda, e Baitullah Mehsud, líder dos talibãs paquistaneses.

Depois dos atentados em Londres, em julho de 2005, o grupo terrorista não praticou novos ataques no Ocidente.

Um declínio que leva alguns especialistas a duvidarem da realidade da ameaça.

"Vinte e um anos após a sua fundação, a Al-Qaeda está na defensiva, e parece estar sem fôlego. A organização investiu muito na invasão americana do Iraque, mas seu braço local perdeu força (...) a partir de 2006-2007", declarou à AFP Jean-Pierre Filiu, professor no Instituto de Estudos Políticos de Paris.

Essa análise não é compartilhada pelos serviços de inteligência norte-americanos.

"A Al-Qaeda está sob forte pressão neste momento. Mas não nos enganemos: ela ainda representa uma séria ameaça para os Estados Unidos e para nossos aliados", assegura uma autoridade norte-americana da luta antiterrorista, mencionando suas capacidades de recrutamento, treinamento e financiamento. "É um inimigo tenaz".

A rede reconstitui santuários nas zonas tribais paquistanesas, onde estariam refugiados Osama bin Laden e seu braço direito Ayman al-Zawahiri, e de onde apoiam a insurreição dos talibãs no Afeganistão.

Washington se preocupa também com a transformação da Al-Qaeda em uma rede de pequenas franquias terroristas disseminadas por Ásia, Oriente Médio e África, em particular em Estados instáveis como a Somália ou o Iêmen, de onde o grupo preparou uma tentativa de atentado suicida neste verão (hemisfério norte) contra o chefe saudita da luta antiterrorista.

Apesar de tudo, essa ameaça não parece ser mais convincente para a opinião pública norte-americana, cansada após duas guerras que já custaram a vida de mais de 5.000 soldados norte-americanos. Seis norte-americanos em cada 10 são hoje contra o conflito no Afeganistão, segundo uma recente pesquisa.

"Muitas pessoas estão cansadas desta luta contra o terrorismo, em particular em tempos de crise econômica. Não houve mais atentados nos Estados Unidos. Elas dizem que tudo isso é exagerado", lamenta Bruce Hoffman, especialista da Universidade de Georgetown, em Washington.

"Para mim, é certo que teremos em pouco tempo um atentado maior contra os Estados Unidos se nos retirarmos do Afeganistão. No caso do Vietnã, estava claro que os Vietcongs não iam se lançar em nossa perseguição em caso de retirada. Lá é diferente. Eles nos caçarão".

Fonte: Daphné Benoit (AFP)

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