domingo, 1 de novembro de 2009

Por que aviões não são construídos com o material da caixa-preta?

Esta é uma pergunta muito frequente recebida pelo Blog. E a resposta é fácil.

Se um avião fosse construído com os mesmos materiais que protegem uma caixa-preta, o peso inviabilizaria o seu voo. "É como querer que um tanque de guerra participe de uma corrida de Fórmula 1", compara o vice-diretor da Faculdade de Ciências Aeronáuticas da PUC-RS, Hildebrando Hoffmann.

Só para ter uma idéia, um avião muito utilizado na aviação comercial brasileira, o modelo da Boing 737-700, pesa, no máximo, cerca de 70 t. Se a mesma aeronave fosse contruída com resina e misturas de metais (os mesmos materiais que protegem as áreas eletrônicas da caixa-preta), seu peso seria de aproximadamente 550 t.

"Isso torna o voo inviável. Seriam necessários motores gigantescos para tirar esse avião do chão. É um projeto completamente descabido e inviável pela relação custo/benefício", afirma Hoffmann. Ele diz que normalmente os aviões comerciais são construídos a partir de fibras de vidro e de carbono, materiais muito leves, resistentes e de baixa manutenção.

Além disso, não adianta um avião ser teoricamente indestrutível se o corpo humano não suporta as elevadas forças de desaceleração geradas pelos impactos.

Caixa-preta de 1962 (encoder e gravador) de Lane Sear e Wally Boswell do Aeronautical Research Laboratory, em Melbourne, na Austrália
Foto: DSTO, Australia

Caixa-laranja

De preta a caixa que contém informações preciosas sobre o voo só tem o nome. A caixa-preta é, na verdade, laranja. E tem duas tiras que refletem a luz. Assim fica mais fácil encontrá-la no mar, em florestas ou em meio aos destroços do avião.

Do lado esquerdo, o CVR (Cockpit Voice Recorder) e, do lado direito, o FDR (Flight Data Record) - Imagem: Abril

Com cerca de 13 cm de altura, 22 cm de altura e 40 cm de comprimento, ela aguenta uma temperatura de até 1.100ºC. Caso caia no mar, ela suporta uma pressão de 20 mil pés, ou aproximadamente 6 mil metros de profundidade.

"Dessa forma não há possibilidades de que a água danifique os circuitos eletrônicos, a 'memória' que guarda todas as informações importantes do voo", explica o professor.

A caixa-preta, na verdade, são duas. A primeira é conhecida como FDR – Gravador de dados de voo (Flight Data Record) e a segunda como CVR – Gravador de voz da cabine (Cockpit Voice Recorder).

A caixa preta foi inventada pelo cientista australiano Dr. David Warren, em meados de 1950, quando ocorria uma série de desastres aéreos no país, mas foi apresentado ao público somente em 1957. A princípio consideraram a caixa preta como uma forma de extrema vigilância e uma forma de manchar a memória dos pilotos acidentados apresentando sua posição face a morte.

Em 1958, os ingleses e os norte-americanos se interessaram pelo aparelho do Dr. Warren e passaram a utilizá-lo em seus aviões. Hoje, seu uso é obrigatório.

Por que o nome 'caixa-preta'?

A origem do termo "caixa-preta" é incerta. Uma explicação vem da necessidade de que o filme utilizado nos gravadores de dados de voo fossem protegidos da luz no interior do gravador (que deveria ser perfeitamente escuro para não corromper o filme, como um fotógrafo numa sala escura de revelação).

Outra explicação para "caixa preta" vem de uma reunião com o Dr. David Warren, quando um jornalista disse ao cientista, "Esta é uma maravilhosa caixa preta".

Outras versões dizem que a razão do nome 'caixa preta' viria da ideia de o dispositivo exercer uma função cujo funcionamento interno é, de certa forma, misterioso (ou porque seu funcionamento não pode ser visto, ou porque não é compreensível) ou por guardar segredos.

O aparelho em si foi baseado em um gravador EMI Minifon, originalmente um equipamento eletrônico de espionagem de 1950, criado pela empresa alemã Protona Monske.

Para ver como funcionam, visite o site howstuffworks há onde há uma excelente explicação sobre as caixa-pretas.

Pesquisa e texto: Jorge Tadeu (Notícias sobre Aviação)

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