O momento é tenso. Você, cidadã exemplar com uma ficha tão limpa que se bobear brilha, começa se sentir culpada por...por...por... nada! Já sentiu isso? Eu já. É como se nos minutos antes de passar pela imigração da Comunidade Européia ou dos Estados Unidos, você tivesse culpa por não ter um passaporte emitido no mundo desenvolvido. Das fronteiras pelas quais já entrei na Europa foi Madri, sem dúvida, a mais tensa. Vinda da Ásia eu tinha uma conexão na Espanha, onde aproveitaria para passar alguns dias antes de voltar ao Brasil. Achei que não fosse haver tensão, pois estava claramente em trânsito. Convenhamos que, geralmente, quem quer imigrar ilegalmente sai direto do Brasil para a Europa – não vai antes dar uma voltinha na Ásia. O oficial do guichê tinha sido "bacana" com todos à minha frente, mas, ao olhar meu passaporte brasileiro, começaram as perguntas. Veio por quê? Não está acompanhada? Ah, vai ficar em quarto categoria luxo? Essa foi a pergunta mais irritante, pois ele parecia insinuar que alguém, que não eu, iria pagar o hotel. Só depois de uma canseira, e de eu provar que tinha emprego fixo no Brasil, ele finalmente me liberou.
Nada foi mais complicado, no entanto, do que a viagem para Israel. Por segurança, cada mala é minuciosamente revistada antes do embarque. No meu caso, que estava embarcando de Barajas (Madri), foi necessário descer alguns subsolos daquele gigantesco aeroporto, cruzar portas, pegar elevador, ficar beeem assustada para, enfim, chegar à salinha onde as malas são revistadas. Uma vez nessa sala você deve entrar em outra salinha, onde passa por outro detector de metal (além dos que já passou no aeroporto). Eu apitei. Minha calça tinha oito (!) botões de metal – confesso que esqueci completamente desse detalhe antes de embarcar – e, obviamente, esse era o problema. Claro, quando a questão é segurança nenhum governo ou companhia aposta (e nem deve!) somente no óbvio. Eles tinham direito de me revistar (como fizeram), de interrogar e de me fazer passar pelo detector quantas vezes fossem necessárias. Mas o fato de deixar uma passageira vigiada numa salinha perdida num subsolo, com a porta quase fechada, ordem de permanecer sentada e rodeada por oficiais que pareciam fazer questão de conversar em hebraico, quando estamos na Espanha, soa a abuso. Ao chegar, finalmente, em Israel (sem a minha mala) ainda tive de responder a mais perguntas de outros dois oficiais diferentes. Dessa vez a questão me pareceu ter a ver com o fato de eu ser brasileira, porém ter o nome russo. Como há muitas imigrantes russas no país, imaginei que eles estavam desconfiando que o passaporte não fosse legítimo... Enfim, depois de passar por situações assim nas fronteiras, só resta se perguntar até onde e em nome de quê é legítimo intimidar, humilhar?
Eu tenho a impressão (já confirmada por um amigo que trabalhou no aeroporto) de que mulheres viajando sozinhas ficam mais expostas. Mulheres jovens ficam mais ainda, pois são as que supostamente têm mais chances de conseguir empregos informais como garçonete, hostess, vendedora. Não dá, portanto, pra vacilar. Na grande maioria das vezes, as pessoas passam pela imigração sem problemas. Pode ser que sequer te perguntem nada – que foi o que aconteceu quando entrei esse ano na França, porém, coincidentemente, eu estava acompanhada. Mas o friozinho na barriga faz todo sentido, já que as fronteiras estão mesmo cada vez mais tensas. É por isso que a nossa parte a gente tem de fazer direitinho. Pra voltar com um monte de lembranças felizes. Afinal, pra que é que a gente viaja?
Não vacile:
* Seguro-viagem, cartão de crédito, comprovante de reserva de hotel é o básico do básico.
* Ajuda muito também ter em mãos um documento que comprove que você tem trabalho no Brasil (pode ser o crachá da empresa ou a carteira profissional) e outro que você tem residência fixa (pode ser uma conta de luz, por exemplo).
* Não chegue perto do guichê da imigração de óculos escuros – o guarda quer, claro, ver seu rosto.
* Quanto ao modelito, é bem melhor algo sóbrio, básico. Lembre-se que a idéia, definitivamente, não é chamar atenção.
Fonte: Ludmila Vilar (Marie Claire) - Imagem: Shutterstock
Nada foi mais complicado, no entanto, do que a viagem para Israel. Por segurança, cada mala é minuciosamente revistada antes do embarque. No meu caso, que estava embarcando de Barajas (Madri), foi necessário descer alguns subsolos daquele gigantesco aeroporto, cruzar portas, pegar elevador, ficar beeem assustada para, enfim, chegar à salinha onde as malas são revistadas. Uma vez nessa sala você deve entrar em outra salinha, onde passa por outro detector de metal (além dos que já passou no aeroporto). Eu apitei. Minha calça tinha oito (!) botões de metal – confesso que esqueci completamente desse detalhe antes de embarcar – e, obviamente, esse era o problema. Claro, quando a questão é segurança nenhum governo ou companhia aposta (e nem deve!) somente no óbvio. Eles tinham direito de me revistar (como fizeram), de interrogar e de me fazer passar pelo detector quantas vezes fossem necessárias. Mas o fato de deixar uma passageira vigiada numa salinha perdida num subsolo, com a porta quase fechada, ordem de permanecer sentada e rodeada por oficiais que pareciam fazer questão de conversar em hebraico, quando estamos na Espanha, soa a abuso. Ao chegar, finalmente, em Israel (sem a minha mala) ainda tive de responder a mais perguntas de outros dois oficiais diferentes. Dessa vez a questão me pareceu ter a ver com o fato de eu ser brasileira, porém ter o nome russo. Como há muitas imigrantes russas no país, imaginei que eles estavam desconfiando que o passaporte não fosse legítimo... Enfim, depois de passar por situações assim nas fronteiras, só resta se perguntar até onde e em nome de quê é legítimo intimidar, humilhar?
Eu tenho a impressão (já confirmada por um amigo que trabalhou no aeroporto) de que mulheres viajando sozinhas ficam mais expostas. Mulheres jovens ficam mais ainda, pois são as que supostamente têm mais chances de conseguir empregos informais como garçonete, hostess, vendedora. Não dá, portanto, pra vacilar. Na grande maioria das vezes, as pessoas passam pela imigração sem problemas. Pode ser que sequer te perguntem nada – que foi o que aconteceu quando entrei esse ano na França, porém, coincidentemente, eu estava acompanhada. Mas o friozinho na barriga faz todo sentido, já que as fronteiras estão mesmo cada vez mais tensas. É por isso que a nossa parte a gente tem de fazer direitinho. Pra voltar com um monte de lembranças felizes. Afinal, pra que é que a gente viaja?
Não vacile:
* Seguro-viagem, cartão de crédito, comprovante de reserva de hotel é o básico do básico.
* Ajuda muito também ter em mãos um documento que comprove que você tem trabalho no Brasil (pode ser o crachá da empresa ou a carteira profissional) e outro que você tem residência fixa (pode ser uma conta de luz, por exemplo).
* Não chegue perto do guichê da imigração de óculos escuros – o guarda quer, claro, ver seu rosto.
* Quanto ao modelito, é bem melhor algo sóbrio, básico. Lembre-se que a idéia, definitivamente, não é chamar atenção.
Fonte: Ludmila Vilar (Marie Claire) - Imagem: Shutterstock
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