Parentes de vítimas brigam para aumentar o valor dos acordos; 119 famílias foram indenizadas e faltam 35
Faz exatos três anos que a colisão entre o Boeing da Gol com o jato Legacy matou 154 pessoas, em Mato Grosso. Desde então, 119 famílias foram indenizadas pela empresa aérea. Segundo a Associação de Familiares e Amigos das Vítimas do Voo 1907, cada uma recebeu, em média, R$ 160 mil. Porém, quase um quarto das famílias das vítimas ainda espera por reparação.
"O valor oferecido pela Gol é muito baixo, porque a maioria perdeu parentes que eram provedores de suas casas", afirma a advogada Mellina Galvanin, que atende nove das 35 famílias que ainda não firmaram acordo com a companhia aérea. "Pedimos ao menos R$ 465 mil. Pouco, se compararmos com indenizações oferecidas nos Estados Unidos e na Europa para esses casos, de cerca de US$ 1 milhão." A advogada alega que a Gol teria recebido um seguro de no mínimo R$ 750 milhões pelo acidente. "Queremos, então, que a reparação por danos morais seja calculada em cima desse montante", diz. A Gol preferiu não comentar o assunto. A Assessoria de Imprensa da empresa limitou-se a confirmar o número de indenizados.
As famílias que esperam ser reparadas dizem sofrer com a lentidão de seus processos. "Ter de se preocupar com isso a todo momento nos faz lembrar de nossa perda", afirma a dona de casa Flávia Panizzi, cuja mãe morreu na tragédia. "Se não precisássemos tanto do dinheiro para dar boas condições de vida ao nosso pai, que é inválido e dependia da renda da mulher para viver, talvez já tivéssemos desistido dessa briga." A cientista contábil Angelita Marchi, que perdeu o marido no acidente e preside a associação de familiares, também espera por um acordo. "Muitos aceitaram o pouco que foi oferecido para não precisar mais pensar no assunto. Os que não tomaram essa atitude, porém, sofrem com a lenta Justiça brasileira."
Representantes da associação de familiares vão a Brasília hoje para uma audiência pública no plenário da Câmara. Mas as indenizações não serão debatidas. Os parentes das vítimas também movem duas ações criminais contra os pilotos do Legacy, que, de acordo com a associação, também seriam culpados pela tragédia. No encontro, pretendem relembrar o caso, que ainda está sem conclusão, e procurar apoio político para a luta que travam.
Fonte: Filipe Vilicic (O Estado de S. Paulo)
Faz exatos três anos que a colisão entre o Boeing da Gol com o jato Legacy matou 154 pessoas, em Mato Grosso. Desde então, 119 famílias foram indenizadas pela empresa aérea. Segundo a Associação de Familiares e Amigos das Vítimas do Voo 1907, cada uma recebeu, em média, R$ 160 mil. Porém, quase um quarto das famílias das vítimas ainda espera por reparação.
"O valor oferecido pela Gol é muito baixo, porque a maioria perdeu parentes que eram provedores de suas casas", afirma a advogada Mellina Galvanin, que atende nove das 35 famílias que ainda não firmaram acordo com a companhia aérea. "Pedimos ao menos R$ 465 mil. Pouco, se compararmos com indenizações oferecidas nos Estados Unidos e na Europa para esses casos, de cerca de US$ 1 milhão." A advogada alega que a Gol teria recebido um seguro de no mínimo R$ 750 milhões pelo acidente. "Queremos, então, que a reparação por danos morais seja calculada em cima desse montante", diz. A Gol preferiu não comentar o assunto. A Assessoria de Imprensa da empresa limitou-se a confirmar o número de indenizados.
As famílias que esperam ser reparadas dizem sofrer com a lentidão de seus processos. "Ter de se preocupar com isso a todo momento nos faz lembrar de nossa perda", afirma a dona de casa Flávia Panizzi, cuja mãe morreu na tragédia. "Se não precisássemos tanto do dinheiro para dar boas condições de vida ao nosso pai, que é inválido e dependia da renda da mulher para viver, talvez já tivéssemos desistido dessa briga." A cientista contábil Angelita Marchi, que perdeu o marido no acidente e preside a associação de familiares, também espera por um acordo. "Muitos aceitaram o pouco que foi oferecido para não precisar mais pensar no assunto. Os que não tomaram essa atitude, porém, sofrem com a lenta Justiça brasileira."
Representantes da associação de familiares vão a Brasília hoje para uma audiência pública no plenário da Câmara. Mas as indenizações não serão debatidas. Os parentes das vítimas também movem duas ações criminais contra os pilotos do Legacy, que, de acordo com a associação, também seriam culpados pela tragédia. No encontro, pretendem relembrar o caso, que ainda está sem conclusão, e procurar apoio político para a luta que travam.
Fonte: Filipe Vilicic (O Estado de S. Paulo)
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