quarta-feira, 9 de março de 2022

Abacaxi francês no Brasil

OPINIÃO


Eventualmente grandes produtos, por alguma razão, se tornam um verdadeiro abacaxi, um mico para alguns. E é por isso que vamos falar desta vez do Airbus A318! Se o Airbus A320 é a família mais popular da aviação Brasileira, operada com sucesso pela Latam, Azul e até é o avião presidencial brasileiro, por qual razão o A318 é um abacaxi francês?

A Airbus trouxe o conceito de família nos anos 80 ao lançar o Airbus A320, desdobrado posteriormente em A319 e A321. No entanto, em uma tentativa de ocupar nichos, a Airbus desenhou o Airbus A318, para mercados em que o A319 (geralmente com 144 assentos) era grande. Resultado? O A318 nasceu curto, pesado e inclusive com um estabilizador vertical (vulgo cauda) distinto da família A319-320-321. O avião não foi um grande sucesso e acabou basicamente adquirido por Air France, Tarom, Frontier, Mexicana e Lan Chile, entre outros operadores menores. Todos escolheram a motorização CFM 56 para equipar suas aeronaves, exceto a Lan Chile, que adotou a motorização PW6000 para seus A318. Começa aqui o abacaxi!

A Lan Chile adquiriu 15 unidades do tipo, portanto os únicos do mundo com PW6000, motorização que sequer era disponível para os A319-A320-A321 (estes têm CFM56 ou IAE V2500). O avião teve vida curta no Chile e em um baita negócio de ocasião foi a escolha da Avianca Brasil (OceanAir) para expandir rapidamente sua frota. Na mesma velocidade ganhou o apelido de bisnaguinha na empresa, que tinha o A319 e A320. No entanto, se era confortável e querido, o A318 trouxe sérias dores de cabeça à empresa, pois o motor PW6000 começou a dar problemas graves, e como não se fabrica motor de avião da noite para o dia, a disponibilidade de sobressalentes era pequena ou inexistente. Logo a empresa passou a encostar seus A318 com a finalidade de retirar peças para manter os demais voando, isso inclusive foi a razão da saída da empresa do mercado mineiro por um período.

A OceanAir/ Avianca começou uma espiral descendente que a levaria à extinção em 2019. Em suas últimas semanas, o A318 era a única maquina disponível, haja vista a devolução forçada de seus Airbus A319 e A320 para os proprietários. Alguns A318 foram embora para Europa e América para desmanche, outros foram desmanchados no Brasil mesmo e a despeito da excelência dos produtos Airbus, o A318 foi um verdadeiro abacaxi francês na aviação comercial brasileira.

Via Hoje em Dia - Imagem: Reprodução

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