segunda-feira, 31 de maio de 2021

Aviação de patrulha tem avião narigudo, caça submarinos e ouve até camarões

P-95BM, também chamado de 'Bandeirulha', avião de patrulha da Aeronáutica
(Foto: Sargento Johnson/Força Aérea Brasileira)
Com sua história ligada à Segunda Guerra Mundial, a aviação de patrulha é cercada de curiosidades e tecnologia. Ela é uma divisão da FAB (Força Aérea Brasileira) e é responsável por vigiar o território marítimo do Brasil. Tem até uma data oficial: o Dia da Aviação de Patrulha é comemorado em 22 de maio.

Seus primeiros voos aconteceram em 1942, quando submarinos alemães afundaram vários navios mercantes brasileiros. O objetivo era acabar com a ameaça que o nazismo representava ao Brasil e evitar tornar o país um verdadeiro palco de guerra. Ao todo, foram 11 submarinos afundados durante a Segunda Guerra Mundial com a realização de várias missões de patrulha.

Os três esquadrões hoje pertencentes à Aeronáutica ficam em Belém (PA), Canoas (RS) e Rio de Janeiro (RJ). Os aviões empregados nas missões são o P-3AM Orion e o P-95BM Bandeirulha, além do drone RQ-1150 Heron.

Avião "narigudo"


(Foto: Alexandre Saconi)
Com um nariz bem diferente dos demais aviões, o P-95BM Bandeirulha chama a atenção de quem o vê de perto. Ele é derivado do modelo Bandeirante, da Embraer, adaptado para a patrulha. Daí seu nome de Bandeirulha (Bandeirante de Patrulha).

O nariz do avião foi adaptado para caber o sistema do radar Seaspray 5000E, capaz de detectar navios de grande porte a até 370 quilômetros de distância. Hoje, esses aviões têm capacidade para acompanhar até 200 alvos ao mesmo tempo, o que é fundamental em caso de guerras.

(Imagem: Divulgação/Leonardo)
A aeronave tem capacidade para até cinco passageiros, sendo dois pilotos, um operador de radar e dois observadores, e atinge a velocidade de 385 km/h.

Ouvindo camarões


Um dos principais integrantes dos aviões de patrulha é o operador acústico, responsável por escutar embarcações que estejam embaixo d'água. Por meio de sondas que são lançadas no mar, ele consegue identificar a localização e o tipo de submarino ou barco apenas pelo som que ele emite.

Colocação da sonoboia no tubo de lançamento do avião de patrulha P-3AM Orion
(Foto: Tenente Rezende/Força Aérea Brasileira)
Chamados de sonoboias, esses equipamentos são tão sensíveis que permitem, também, que sejam escutadas criaturas da vida marinha, como camarões, golfinhos e baleias. Seu lançamento ao mar é feito diretamente de dentro do avião pelo armeiro, que define a profundidade e o tempo de duração que o equipamento irá funcionar na água.

Esse sistema faz parte da chamada guerra antissubmarino, e está presente no P-3 AM Orion, que é derivado do avião comercial L-188 Electra. Na FAB, o Orion também pode transportar mísseis antinavio Harpoon e torpedos MK-46 caso seja necessário realizar algum ataque.

Voos baixos e visuais


Talvez uma das grandes diferenças dos voos realizados na aviação de patrulha seja a necessidade de voar a baixas altitudes, às vezes, a cerca de 200 metros de altura. Isso se deve, principalmente, às missões de busca e salvamento, que podem ser feitas tanto em terra quanto em mar.

P-3AM Orion utilizado pela FAB para realizar operações de patrulha
(Foto: Cabo Silva Lopes/Força Aérea Brasileira)
Para o tenente aviador Guilherme de Sousa Mucheli, que pilota o Bandeirulha, essas missões são de grande importância não só para a defesa militar, mas para os interesses econômicos do país também. É ela, junto com a Marinha, que é responsável pela defesa da Zona Econômica Exclusiva, que é uma faixa que vai até cerca de 370 km da costa brasileira, onde o país é soberano para exploração comercial e conservação de recursos naturais.

Também há o papel desempenhado como auxílio à segurança pública, lembra o aviador. "[A aviação de patrulha acaba] contribuindo para fiscalização e combate ao tráfico de drogas, pesca ilegal e presença de embarcações ilícitas em toda a extensão do litoral brasileiro, juntamente com a Marinha do Brasil", diz Mucheli.

Como entrar na carreira de piloto de patrulha


O aviador diz quais os passos para quem quer se tornar um piloto de patrulha. Deve-se prestar o concurso para Epcar (Escola Preparatória de Cadetes do Ar, da Aeronáutica, em Barbacena - MG) e seguir para Academia da Força Aérea (em Pirassununga - SP) ou prestar diretamente o concurso para a academia, ingressando como cadete aviador.

Integrantes do esquadrão de patrulha Orungan operam os sensores eletrônicos de detecção de embarcações inimigas a bordo da aeronave P-3AM Orion (Foto: Sargento Batista/Força Aérea Brasileira)

Durante sua graduação inicial, que dura, pelo menos, quatro anos, o piloto deve escolher se irá seguir na aviação de patrulha.

Após esse período, o cadete passará por diversas formações até chegar ao Curso de Especialização Operacional da Aviação de Inteligência, Vigilância e Reconhecimento (CEO-IVR), com duração de nove meses.

Drone Heron I, denominado RQ-1150 na FAB, utilizado na aviação de patrulha Imagem: Sargento Johnson/Força Aérea Brasileira

Com a conclusão de todos os cursos, os aviadores são designados para os esquadrões de patrulha localizados em Belém (PA) ou Canoas (RS). Após ganhar experiência operacional suficiente, o piloto de patrulha pode escolher ser alocado no esquadrão Orugan, no Rio de Janeiro.

Via Alexandre Saconi (Colaboração para o UOL)

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