Os fabricantes americanos de aviões pequenos estão buscando com mais intensidade alianças com empresas chinesas, concluindo que a necessidade de entrar num mercado promissor é maior que o risco de os sócios chineses se tornarem concorrentes.
As fabricantes de jatos executivos Cessna Aircraft Co. e Hawker Beechcraft Corp. vêm negociando nos últimos meses a criação de joint-ventures no país. A Honeywell International Inc., importante fornecedora de peças para o setor, assinou no ano passado vários acordos preliminares. Empresas de outros países também estão investindo na China: a Embraer SA, de São José dos Campos, SP, anunciou no mês passado que quer adaptar a fábrica de sua joint-venture chinesa de aviões de passageiros para a produção de jatos executivos.
A americana Cessna planeja fabricar aviões em Chengdu, no oeste da China
A China passou a ser mais atraente à medida que o resto do setor afundava na crise. A Honeywell divulgou em outubro estimativa de que entregaria entre 600 e 650 encomendas de jatinhos em 2011, ante 732 em 2010, por causa da crise mundial. A Cessna, filial da Textron Inc., prevê que daqui a cerca de 15 anos a China se tornará o segundo maior mercado de jatos executivos do mundo, atrás só dos Estados Unidos.
"Todo mundo está tentando descobrir [...] 'com quem me associo? A quem eu permito acesso [às minhas tecnologias]?'", diz Briand Greer, diretor para a Ásia e Oceania da Honeywell Aerospace.
A Cessna assinou um acordo mês passado com uma filial da fabricante estatal Aviation Industry Corp. of China, a Avic, para criar uma joint-venture na cidade de Chengdu, no oeste do país, onde a Cessna planeja fabricar jatos executivos de médio porte e desenvolver conjuntamente um jato maior. A empresa também fechou outro acordo com a Avic para cooperar em aviação geral, uma categoria que exclui aviões de passageiros e militares.
"Se você tem a capacidade de produzir conteúdo local num mercado, isso permite que você entenda melhor os seus clientes e reaja de forma mais ágil", disse o diretor-presidente da Cessna, Scott Ernest.
Shawn Vick, diretor executivo da Hawker Beechcraft, disse recentemente numa entrevista coletiva em Xangai que a empresa "conversou com quatro entidades separadas sobre uma potencial joint-venture na China".
O custo da mão de obra também é parte do atrativo chinês. "Nossos concorrentes no Brasil e na Suíça podem pagar salários menores que nos EUA e a mão-de-obra é um dos maiores custos de produção de qualquer avião", diz Sean McGeough, presidente da Hawker para a Europa, Oriente Médio, África, Ásia e Oceania.
A fabricante de aviões, que vem enfrentando um longo período de baixa demanda por jatos executivos e de incerteza sobre gastos militares, contratou recentemente uma firma de reestruturação e advogados especializados em concordata.
A Honeywell fechou cinco acordos em 2011com empresas chinesas do setor aeroespacial, entre eles, um contrato para desenvolver um cockpit para aviação geral.
O setor de aviação geral e executiva da China ainda está na infância. Greer, da Honeywell, calcula que o país tem cerca de 1.000 aeronaves executivas e de aviação geral, comparado com cerca de 225.000 nos EUA.
Mas especialistas do setor preveem que o total desses aviões na China aumentará à medida que Pequim diminua a regulamentação sobre a indústria.
Fonte: Andrew Galbraith (wsj.com) - Foto: Bloomberg News
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