sexta-feira, 29 de maio de 2009

Estrangeiro espera mudança da lei para investir em aéreas

Os investimentos estrangeiros no setor aéreo brasileiro tendem a avançar nos próximos anos, com possibilidade da aprovação de uma lei que permitiria a participação de capital externo em até 49% nas empresas do País - hoje limitada a 20% -, legislação vista com bons olhos pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e que, se implantada, contará com a anuência das companhias nacionais ouvidas pelo DCI.

Mesmo com a atual limitação prevista na lei federal, tanto a aviação executiva quanto a comercial têm assistido a esse tipo de negociação dentro do setor, como no caso da Trip Linhas Aéreas, de aviação regional, que até 2010 terá 20% do seu capital associado com a holding norte-americana SkyWest Inc. Outro exemplo nesse sentido foi a venda de 20% do capital da Líder Aviação, de voos executivos, ao também norte-americano Bristow, gigante do segmento de helicópteros.A companhia Azul Linhas Aéreas, de David Neeleman, que inicia a consolidação das operações no Brasil, também tem uma pequena parte de seus aportes vinda de executivos de fora, e o próprio Neeleman, que é brasileiro, fundou outras companhias nos Estados Unidos.

Com o momento conturbado pelo qual passa a aviação mundial, com forte queda da demanda de passageiros devido à crise, o Brasil está longe de dar grandes saltos em 2009, porém ainda apresenta fôlego no mercado interno. De acordo com especialistas, isso acontece pela possibilidade de se abrirem mercados regionais mal explorados, o que pode facilitar a entrada de investimentos externos.

Para José Mario Caprioli, presidente da Trip Linhas Aéreas, que recebeu ontem do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social financiamento de R$ 199,2 milhões para adquirir quatro aeronaves ERJ-175 da Embraer, uma possível ampliação do patamar de investimentos seria positiva no País. "O aéreo é um setor em que sempre há demanda por capital, e tudo o que venha a facilitar sua entrada é positivo" opinou, acrescentando que outros países têm feito uma abertura maior do que 20%, sendo esta uma tendência observada mundialmente.

Caprioli falou que, independentemente do momento que o Brasil está vivendo, a transferência de passageiros do modal rodoviário para o aéreo é um processo que ainda está amadurecendo por aqui, restando muito mercado a ser explorado, o que pode atrair a atenção de investidores. Caprioli disse, ainda, que, na Trip, a participação da SkyWest está em 16% hoje, o que significa um aporte de US$ 20 milhões, cifra que deve saltar para US$ 30 milhões em fevereiro do próximo ano. "A partir de 2011, pode ser que tenhamos novas demandas de capital, que podem ser resolvidas de várias maneiras, inclusive uma maior participação de capital de fora poderia ser uma delas, caso seja possível", revelou, ressaltando que não há nada fechado nesse sentido, ainda.

A Trip apresentou seus resultados financeiros no mês passado, quando anunciou faturamento de R$ 322 milhões em 2008, o que representa um avanço de 275%, na comparação com o ano anterior. Para 2009, a companhia prevê passar da casa dos R$ 500 milhões, além de incorporar 10 novas aeronaves, cinco da Embraer e as cinco restantes, da francesa ATR. A empresa ampliou substancialmente a operação depois que comprou a Total Linhas Aéreas.

Executiva

No setor de aviação executiva, incluindo negócios com operações de helicópteros, fretamento, gerenciamento e manutenção de aeronaves executivas e também de sua comercialização, a mineira Líder Aviação comunicou ao mercado que a Bristow passou a deter 20% das ações ordinárias com direito a voto e 65% das ações preferenciais sem direito a voto, totalizando 42,5% do capital total da Líder Aviação Holding. "Continuamos a mesma empresa, com igual direção e equipe, e estamos certos de que a parceria abrirá novas oportunidades", disse Eduardo Vaz, que é presidente da Líder.Em termos práticos, o negócio fechado pela Líder com a Bristow, que é especializada em helicópteros para a indústria do petróleo, deverão incrementar a atuação da empresa nas operações com helicópteros voltadas à industria do petróleo, setor em que a Líder tem interesse de encorpar sua operação, conforme revelou matéria apurada pela reportagem em julho passado.

A estrutura da Líder conta com uma frota de 48 helicópteros e 27 aviões que estão divididos entre cinco unidades de negócios, o que garante a presença da empresa em 22 aeroportos do Brasil. Os números da transação comercial fechada entre Líder e Bristow estão dentro do que prevê a atual legislação, com o que a operação foi aprovada pela Anac. O projeto de lei que poderá mudar o cenário, permitindo participação maior de estrangeiras, chegará ao Congresso Nacional provavelmente no segundo semestre deste ano, disseram fontes do setor, colocando que os órgãos governamentais envolvidos que estarão envolvidos no processo, como o Ministério da Defesa, a Secretaria de Aviação Civil e a Anac, são simpáticos a causa.

Cargas

A líder do mercado brasileiro de aviação comercial, TAM Linhas Aéreas, segue em busca da diversificação das receitas, e, no setor de carga aérea, o braço logístico da empresa, a TAM Cargo, inaugurou um terminal de cargas em Santarém, no Pará, meses depois de inaugurar um terminal em Manaus (AM). "A Região Norte é bastante estratégica para o nosso negócio", colocou Carlos Amodeo, diretor de Cargas da TAM. A nova área terá 350 metros quadrados e capacidade para movimentar 330 toneladas por mês.

Fonte: DCI

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