quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Nova rodada de negociações falha e greve na Boeing continua

A segunda rodada de negociações entre a Boeing e funcionários grevistas não foi bem sucedida e a paralisação, que já dura 39 dias, deve continuar. De acordo com os metalúrgicos em greve, o movimento já custa US$ 3,86 bilhões à Boeing em vendas não realizadas. Não foi marcada nova reunião entre as duas partes.

"Em vista do atual ambiente de negócios e dos desafios que enfrentamos no mercado global, esperávamos poder encontrar uma forma de seguir adiante. Trabalhamos muito duro para encontrar soluções, e estamos extremamente desapontados com a interrupção das negociações", afirmou o vice-presidente de Recursos Humanos da Boeing, Doug Kight.

As negociações começaram no domingo, mas foram interrompidas na segunda-feira. O principal ponto em discussão foi a estabilidade dos empregos na companhia e também a causa do impasse.

A interrupção deve acabar com as esperanças da companhia de realizar o primeiro teste de vôo de seu novo avião, o 787 Dreamliner, ainda neste ano. O projeto dessa aeronave vem sofrendo com problemas na cadeia de suprimentos e já está quase dois anos atrasado. O vôo inaugural de teste só deve ocorrer em janeiro - e isso caso a greve seja suspensa em breve.

"Queremos resolver essa greve para que os empregados possam voltar ao trabalho, mas não podemos sacrificar nossa habilidade para continuar melhorando a produtividade e nossa competitividade de longo prazo em nome de um acordo. Dadas as condições econômicas atuais, hoje é mais importante que nunca reter a capacidade de responder a um ambiente dinâmico e incerto", acrescentou Kight.

Além de já estar afetando duramente suas operações e projetos, a greve pode tomar dimensões ainda maiores. Aos mais de 27 mil metalúrgicos parados, podem se somar 21 mil engenheiros, de um outro sindicato, que também são contra a diminuição na estabilidade dos empregos na Boeing.

Na proposta de acordo coletivo da fabricante, não há garantias de estabilidade de emprego. Ela também reserva o direito de, se necessário, transferir partes da produção e da própria empresa para fora dos EUA para buscar uma composição de custos mais adequada. Essa sinalização é vista pelos sindicalistas como um indício de que a estratégia de longo prazo da companhia é, realmente, eliminar empregos sindicalizados nos EUA e repassá-los a fornecedores externos.

Fonte: José Sergio Osse (Valor Online)

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