quarta-feira, 2 de julho de 2008

Brasil libera tráfego aéreo com EUA

Acordo permite que qualquer companhia aérea brasileira ou americana faça vôos entre os dois países

Os Estados Unidos e o Brasil fecharam um acordo ontem que permite aumentar em até 50% o número de vôos entre os dois países. Além disso, a partir de agora, qualquer companhia aérea brasileira poderá voar para os Estados Unidos e vice-versa - o máximo permitido eram quatro empresas de cada país. O número permitido de vôos semanais entre os dois países vai subir de 105 para 154 (para cada país) nos próximos quatro anos.

Linhas aéreas americanas também poderão voar para cinco outros aeroportos brasileiros, além de São Paulo e Rio. Já estão confirmados Fortaleza e Curitiba. Os outros três estão em discussões, e Salvador e Brasília estão entre os aeroportos que podem ser escolhidos, dependendo do interesse das empresas aéreas.

O acordo foi assinado ontem por representantes do Departamento de Estado dos EUA e por Ronaldo Serôa da Motta, diretor da Anac. O acordo beneficia principalmente as empresas aéreas americanas, porque a cota de 105 vôos semanais, pelo lado americano, estava sendo usada em sua totalidade. Já as companhias brasileiras não utilizavam nem a metade do limite, já que somente a TAM realiza vôos regulares para os EUA.

O consultor aeronáutico Paulo Bittencourt Sampaio lembra que o aumento da cota de vôos entre Brasil e EUA de 105 para 154 não vale de imediato, pois a freqüência vai aumentar progressivamente até 2012.

Segundo ele, a TAM tem atualmente 35 vôos semanais para o mercado americano. Até o final deste ano, a companhia brasileira vai passar a operar 49 vôos semanais, com novos vôos diários do Rio para Nova York e Miami.

“Numa primeira etapa, deveremos ter uma oferta muito interessante de vôos para as regiões Norte e Nordeste. Isso vai ser muito bom para a expansão do turismo, com novos empregos, hotéis e restaurantes”, afirma Sampaio. Segundo ele, a concorrência das empresas americanas deve reduzir o preço das passagens, já que, nos últimos anos, Norte e Nordeste eram atendidos basicamente por empresas européias.

Sampaio conta que as americanas Spirit e JetBlue já demonstraram interesse em voar para essas regiões. A primeira tem planos para Manaus e a segunda, para Fortaleza.

O acordo que deve aumentar a concorrência entre as companhias aéreas e reduzir os preços das passagens acontece no meio de um processo de redução de custos das grandes empresas aéreas americanas. United e American Airlines anunciaram uma série de cortes de pessoal e de vôos nos últimos dias, por causa da alta nos preços dos combustíveis. “Não acho que se trate de um momento inadequado, apesar de estarmos no meio de uma desaceleração no setor aéreo por causa da alta dos custos”, disse Terri Robl, diretora do escritório de negociações de aviação do Departamento de Estado. “É sempre bom ter flexibilidade, para quando as empresas resolverem investir nas novas rotas.”

O acordo também permite que companhias aéreas de outros países voem entre os Estados Unidos e o Brasil por meio de acordos de compartilhamento de assentos (code-share), mas com restrições.

O transporte de cargas será ampliado de 24 vôos semanais permitidos para 35, imediatamente, e para 42 em 2010. Além disso, o número de vôos charter de carga pode ser elevado de 750 para 1.000, imediatamente e para 1.250 em 2010. Empresas americanas de carga poderão prestar serviços porta-a-porta no Brasil.

Fonte: Jornal O Estado de S.Paulo (28/06/08)

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