A TAM anunciou nesta quarta-feira, dia 28, a demissão de Marco Antônio Bologna da presidência da companhia. Em seu lugar assume David Barioni, que já trabalhou na Gol e era diretor de operações da TAM desde setembro deste ano.
O analista da Multiplan Consultoria, especialista em aviação civil, Paulo Sampaio, disse em entrevista a Paulo Henrique Amorim nesta quinta-feira, dia 29, que "Bologna começou a cair no Natal de 2006" (clique aqui para ouvir o áudio).
"O Bologna começou a cair com a crise do Natal do ano passado, quando a TAM teve problema de overbooking muito sério, além de uma série de cancelamentos de vôo... Ao longo do ano nós tivemos ainda uma série de necessidades de ajustes que não foram feitos e finalmente o acidente de 17 de julho que foi a pá de cal", disse Sampaio (clique aqui para ler que o "caosaéreo" eram o Bologna e os controladores).
Paulo Sampaio disse que não houve explicação para o fato de seis aviões da TAM saírem de operação no período do Natal. Segundo Sampaio, esse episódio mostrou problemas no setor de manutenção da TAM.
No caso do acidente de julho, Sampaio acha que a TAM cometeu um erro de critério ao autorizar aeronaves a operar com o reverso "pinado". Segundo ele, embora o manual da Airbus permita que o avião voe com o reversor travado, isso não ocorre em outras grandes companhias do mundo. E não ocorre mais na TAM, depois do acidente.
Segundo Paulo Sampaio, Bologna errou ao tentar transformar a TAM em Gol. "Houve um erro de planejamento que foi tentar ser Gol. E isso despersonalizou a TAM. A TAM deixou de ser aquela companhia da época do Rolim, que oferecia muito conforto com tarifas razoáveis e passou a ser uma empresa que tentava ser Gol e não conseguia", disse Paulo Sampaio.
Leia a íntegra da entrevista com Paulo Sampaio:
Paulo Henrique Amorim – Paulo, porque é que o Bologna caiu?
Paulo Sampaio – O Bologna começou a cair com a crise do Natal do ano passado quando a TAM teve problema de overbooking muito sério, com péssimas repercussões, além de uma série de cancelamentos de vôo exatamente naquele pico de demanda de Natal. Então, ali começaram os problemas sérios de exposição da TAM negativamente e, como conseqüência, começou a queda do Bologna. Ao longo do ano nós tivemos ainda uma série de necessidade de ajustes que não foram feitas e, finalmente, o acidente de 17 de julho que foi a pá de cal.
Paulo Henrique Amorim – Deixa eu te perguntar uma coisa, que ajustes que deveriam ter sido feitos e o Bologna não fez?
Paulo Sampaio – Olha, houve uma necessidade de se resolver o problema de overbooking que foi feito de uma maneira razoável, mas não houve explicação para o fato de seis aviões saírem de linha exatamente no pico de Natal. Começaram a surgir novos problemas, como por exemplo, a visibilidade dos relaxamentos que vinham ocorrendo na manutenção, como foi o caso de aviões da TAM voando com os reversores pinados, quer dizer, com os reversores travados porque estavam em pane, um deles estava nesse estado quando houve o acidente de 17 de julho. O que passou a haver após o acidente uma necessidade de uma maior seriedade em relação à manutenção e aos critérios de operação.
Paulo Henrique Amorim – Você quer dizer que foi um problema de manutenção que provocou o acidente de 17 de julho?
Paulo Sampaio – Não vou dizer que foi um problema de manutenção, mas foi um problema de critério. Embora o manual da Airbus permitisse que o avião voasse com o reversor travado, eu duvido que isso ocorresse em empresas como Lufthansa, Air France ou British Airwais. E não ocorre mais na TAM.
Paulo Henrique Amorim – E o que é que você acha que nosso amigo, David Barioni Neto, traz para a TAM?
Paulo Sampaio – Olha, eu acho que vai haver um retorno de certas coisas que curiosamente são exatamente o contrário do que a Gol faz. A TAM, antigamente, era uma empresa que oferecia um espaço para pernas generoso para os passageiros, era uma empresa que oferecia serviço de bordo quente. Com o Bologna houve um erro de planejamento que foi tentar ser Gol e despersonalizou a TAM. A TAM deixou de ser aquela companhia da época do Rolim em que oferecia muito conforto com tarifas razoáveis e passou a ser uma empresa que tentava ser Gol e não conseguia. Eu costumo dizer que ela tentou ser uma "low fare" e passou a ser uma "low care", ou seja, passou a cuidar mal do passageiro e teve que baixar a tarifa.
Paulo Henrique Amorim – E você acha que o novo presidente, o Barioni, vai devolver à TAM essas características que ela tinha no tempo do Rolim?
Paulo Sampaio – Essas são as diretrizes que ele recebeu da família Amaro, que é a família controladora da companhia. Estão sendo implantadas, essas medidas vão ser anunciadas no dia cinco de dezembro, e então vão constar: a diminuição do número de poltrona dos aviões, no caso dos aviões intercontinentais, os A-330, essas poltronas, inclusive, vão ser trocadas por outras mais modernas e confortáveis, os interiores vão ser redecorados e volta o serviço de bordo quente nos vôos domésticos.
Paulo Henrique Amorim – A TAM volta a ser a TAM.
Paulo Sampaio – A TAM volta a ser a TAM, exatamente.
O analista da Multiplan Consultoria, especialista em aviação civil, Paulo Sampaio, disse em entrevista a Paulo Henrique Amorim nesta quinta-feira, dia 29, que "Bologna começou a cair no Natal de 2006" (clique aqui para ouvir o áudio).
"O Bologna começou a cair com a crise do Natal do ano passado, quando a TAM teve problema de overbooking muito sério, além de uma série de cancelamentos de vôo... Ao longo do ano nós tivemos ainda uma série de necessidades de ajustes que não foram feitos e finalmente o acidente de 17 de julho que foi a pá de cal", disse Sampaio (clique aqui para ler que o "caosaéreo" eram o Bologna e os controladores).
Paulo Sampaio disse que não houve explicação para o fato de seis aviões da TAM saírem de operação no período do Natal. Segundo Sampaio, esse episódio mostrou problemas no setor de manutenção da TAM.
No caso do acidente de julho, Sampaio acha que a TAM cometeu um erro de critério ao autorizar aeronaves a operar com o reverso "pinado". Segundo ele, embora o manual da Airbus permita que o avião voe com o reversor travado, isso não ocorre em outras grandes companhias do mundo. E não ocorre mais na TAM, depois do acidente.
Segundo Paulo Sampaio, Bologna errou ao tentar transformar a TAM em Gol. "Houve um erro de planejamento que foi tentar ser Gol. E isso despersonalizou a TAM. A TAM deixou de ser aquela companhia da época do Rolim, que oferecia muito conforto com tarifas razoáveis e passou a ser uma empresa que tentava ser Gol e não conseguia", disse Paulo Sampaio.
Leia a íntegra da entrevista com Paulo Sampaio:
Paulo Henrique Amorim – Paulo, porque é que o Bologna caiu?
Paulo Sampaio – O Bologna começou a cair com a crise do Natal do ano passado quando a TAM teve problema de overbooking muito sério, com péssimas repercussões, além de uma série de cancelamentos de vôo exatamente naquele pico de demanda de Natal. Então, ali começaram os problemas sérios de exposição da TAM negativamente e, como conseqüência, começou a queda do Bologna. Ao longo do ano nós tivemos ainda uma série de necessidade de ajustes que não foram feitas e, finalmente, o acidente de 17 de julho que foi a pá de cal.
Paulo Henrique Amorim – Deixa eu te perguntar uma coisa, que ajustes que deveriam ter sido feitos e o Bologna não fez?
Paulo Sampaio – Olha, houve uma necessidade de se resolver o problema de overbooking que foi feito de uma maneira razoável, mas não houve explicação para o fato de seis aviões saírem de linha exatamente no pico de Natal. Começaram a surgir novos problemas, como por exemplo, a visibilidade dos relaxamentos que vinham ocorrendo na manutenção, como foi o caso de aviões da TAM voando com os reversores pinados, quer dizer, com os reversores travados porque estavam em pane, um deles estava nesse estado quando houve o acidente de 17 de julho. O que passou a haver após o acidente uma necessidade de uma maior seriedade em relação à manutenção e aos critérios de operação.
Paulo Henrique Amorim – Você quer dizer que foi um problema de manutenção que provocou o acidente de 17 de julho?
Paulo Sampaio – Não vou dizer que foi um problema de manutenção, mas foi um problema de critério. Embora o manual da Airbus permitisse que o avião voasse com o reversor travado, eu duvido que isso ocorresse em empresas como Lufthansa, Air France ou British Airwais. E não ocorre mais na TAM.
Paulo Henrique Amorim – E o que é que você acha que nosso amigo, David Barioni Neto, traz para a TAM?
Paulo Sampaio – Olha, eu acho que vai haver um retorno de certas coisas que curiosamente são exatamente o contrário do que a Gol faz. A TAM, antigamente, era uma empresa que oferecia um espaço para pernas generoso para os passageiros, era uma empresa que oferecia serviço de bordo quente. Com o Bologna houve um erro de planejamento que foi tentar ser Gol e despersonalizou a TAM. A TAM deixou de ser aquela companhia da época do Rolim em que oferecia muito conforto com tarifas razoáveis e passou a ser uma empresa que tentava ser Gol e não conseguia. Eu costumo dizer que ela tentou ser uma "low fare" e passou a ser uma "low care", ou seja, passou a cuidar mal do passageiro e teve que baixar a tarifa.
Paulo Henrique Amorim – E você acha que o novo presidente, o Barioni, vai devolver à TAM essas características que ela tinha no tempo do Rolim?
Paulo Sampaio – Essas são as diretrizes que ele recebeu da família Amaro, que é a família controladora da companhia. Estão sendo implantadas, essas medidas vão ser anunciadas no dia cinco de dezembro, e então vão constar: a diminuição do número de poltrona dos aviões, no caso dos aviões intercontinentais, os A-330, essas poltronas, inclusive, vão ser trocadas por outras mais modernas e confortáveis, os interiores vão ser redecorados e volta o serviço de bordo quente nos vôos domésticos.
Paulo Henrique Amorim – A TAM volta a ser a TAM.
Paulo Sampaio – A TAM volta a ser a TAM, exatamente.
Fonte: Conversa Afiada com Paulo Henrique Amorin
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