A insatisfação entre os controladores é crescente. A categoria está dividida. Parte quer retaliar os superiores com a realização de uma nova greve, mas os líderes dos controladores tentam evitar a radicalização. Sabem que a opinião pública voltaria a condenar a ação, sobretudo se as férias de fim de ano da população forem prejudicadas.
"Muitos controladores de vôo têm vontade de fazer novas greves, mas isso não depende só da vontade deles. Eles precisam de condições objetivas, pois as punições são muito duras", revelou a deputada Luciana Genro (PSOL-RS), interlocutora da categoria no Congresso.
Desde segunda-feira, 11 controladores do Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo de Curitiba (Cindacta-2) foram afastados. Outros sete do Cindacta-1, de Brasília, tiveram rejeitados pelos superiores os pedidos de revalidação de suas carteiras de sargento. Na prática, foram demitidos. Todos participaram do motim do dia 30 de março, que fechou os aeroportos do país. Os controladores acreditam que alguns colegas do Cindacta-4, de Manaus, podem ser punidos da mesma forma.
"Essa notícia repercutiu muito mal", comentou o vice-presidente da Federação Brasileira das Associações de Controladores de Tráfego Aéreo (Febracta), Jorge Oliveira. "Os controladores continuam muito estressados e insatisfeitos."
Para a deputada Luciana Genro, a punição anunciada pela Aeronáutica é uma tentativa de intimidação em resposta à denúncia apresentada pelos controladores contra os oficiais, acusados pelos subordinados de abandonarem os seus postos no dia 30 de março quando souberam que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviara o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, para negociar com os grevistas. Na época, os comandantes das Forças Armadas condenaram a medida, a qual consideraram um desrespeito à hierarquia militar.
"O governo sabe que o problema dos controladores não foi resolvido. Essa é uma atitude irresponsável. Em vez de resolverem o problema, eles punem quem tornou o problema público", complementou a parlamentar. "Faltam equipamentos e pessoal."
Jorge Oliveira prega a calma. Na opinião do vice-presidente da Federação Brasileira das Associações de Controladores de Tráfego Aéreo, o Comando da Aeronáutica puniu os 18 controladores com a finalidade de provocar a categoria.
"É uma artimanha para o pessoal se rebelar. Aí eles evitam a desmilitarização do setor, mas esse é um processo irreversível. Pode até durar 10 ou 15 anos, mas é o caminho natural", declarou o controlador. "Devemos resistir às provocações. Nós vamos fazer o melhor no Ano-Novo e no Natal."
O ministro da Defesa, Nelson Jobim, também se esforça para evitar que ocorram problemas nas festas de fim de ano. Ontem, estava pronto para apresentar um conjunto de propostas ao presidente. Devido a problemas na agenda de Lula, o encontro foi adiado para a próxima terça-feira.
Para estimular o uso do Aeroporto do Galeão (RJ), o ministro quer aumentar as tarifas de longa permanência de aeronaves do Aeroporto de Guarulhos (SP). Pretende também aprovar valores progressivos para as tarifas de pouso no Aeroporto de Congonhas (SP).
Fonte: JB Online
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