Os restos do porto artificial do Dia D, 'Mulberry', na localidade de Arromanches-les-Bains, na Normandia (França) (Foto: Getty Images) |
No dia 6 de junho de 1944, tropas do Reino Unido, dos Estados Unidos e do Canadá invadiram o litoral da Normandia, no norte da França.
O desembarque foi a primeira etapa da Operação Overlord — a invasão da Europa ocupada pelos nazistas. Seu objetivo era pôr fim à Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Cerca de 156 mil soldados aliados haviam chegado naquela noite à Normandia, apesar do mau tempo e da brutal defesa alemã.
Ao final do chamado Dia D — que completará 80 anos — os aliados conseguiram firmar sua posição na França, dando início à derrota final da Alemanha nazista. A guerra terminaria 11 meses depois.
O que foi o Dia D?
Tropas do Reino Unido, dos Estados Unidos, do Canadá e da França atacaram as forças alemãs no litoral norte da França, em 6 de junho de 1944.
Maior operação militar já realizada, ela marcou o início da campanha para libertar o território noroeste da Europa ocupada pelos nazistas.
O Dia D envolveu o desembarque simultâneo de milhares de tropas em cinco praias na Normandia.
Com mais de um ano de planejamento, o Dia D foi originalmente programado para começar em 5 de junho - que inicialmente foi considerada uma data em que seria possível combinar mar calmo, lua cheia e maré baixa ao amanhecer. No entanto, tempestades levaram a operação a ser adiada em 24 horas.
Dia D é um termo militar para se referir ao primeiro dia de uma operação.
O que aconteceu naquele dia?
Tropas de paraquedistas transportadas por aviões saltaram atrás das linhas inimigas na madrugada, enquanto milhares de navios se reuniam na costa da Normandia para o ataque principal.
Embora esperassem uma invasão, os líderes militares alemães acreditavam que os ataques iniciais eram apenas uma tática para confundir.
Milhares de soldados desembarcaram nas praias da Normandia, dando início à ofensiva final dos Aliados contra o nazismo |
Planos para tentar enganar os alemães foram colocados em prática antes do ataque, o que levou os nazistas a esperarem a principal invasão ao longo da costa.
Tropas britânicas chegaram às praias chamadas de Gold e Sword e forças canadenses, à praia Juno.
Soldados americanos conseguiram chegar à praia Utah, a mais ocidental delas, sem grandes problemas.
Perto da praia Omaha, contudo, os militares dos Estados Unidos sofreram sérias perdas.
Pouco depois da meia-noite, três divisões de militares dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha transportadas por aviões, com mais de 23 mil militares, decolaram para atuar nas áreas do ataque às praias.
No Canal da Mancha, muitas embarcações se reuniram no ponto chamado de Piccadilly Circus.
A partir das 6h30, as primeiras cinco divisões de ataque chegaram às respectivas praias, cobertas por um bombardeio naval.
Durante todo o dia, tropas desembarcaram nas praias e, por volta da meia-noite, os Aliados tinham conquistado aquelas áreas na costa.
Quantas tropas participaram?
Quase 7 mil embarcações foram usadas na operação, transportando um total de 156 mil militares e 10 mil veículos para as cinco praias ao longo do trecho selecionado na costa da Normandia.
Os desembarques não teriam sido possíveis sem o forte apoio das forças aéreas e navais, que eram muito mais fortes que as dos alemães.
No entanto, só no Dia D, 4.400 soldados das forças aliadas morreram e cerca de 9 mil foram feridos ou desapareceram.
O total de baixas do lado dos alemães nesse dia não é conhecido, mas a estimativa varia de 4 mil a 9 mil militares.
Milhares de civis franceses também morreram, principalmente como consequência de bombardeios realizados por forças aliadas.
O que aconteceu depois do Dia D?
Embora ao fim do dia tivessem conquistado áreas na França, as forças aliadas corriam o risco de serem empurradas de volta ao mar pelos alemães.
Para evitar isso, eles tiveram que continuar reforçando suas tropas mais rápido do que os alemães conseguiam reforçar o lado deles.
Avançar pelas ruas estreitas e em cidades fortemente protegidas na Normandia foi um processo lento, mas as forças aliadas conseguiram superar a considerável resistência, embora a um preço alto.
Quando Paris foi libertada, no fim de agosto de 1944, cerca de 10% dos 2 milhões de soldados aliados que haviam chegado à França estava mortos, feridos ou desaparecidos.
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1. A participação da BBC
Em 1942, a BBC transmitiu uma conclamação em seus programas de rádio pedindo aos ouvintes que enviassem fotografias e cartões-postais do litoral da Europa, da Noruega até os Pireneus, entre a França e a Espanha.
Na verdade, aquela foi uma forma de coletar informações sobre as praias mais adequadas para o desembarque dos aliados. E logo se decidiu que seria na Normandia.
Milhões de fotografias foram enviadas para o Escritório da Guerra do Reino Unido. E, com a ajuda da Resistência Francesa e o reconhecimento aéreo, o comando militar conseguiu analisar quais seriam os melhores locais de desembarque para o Dia D.
2. Exército fantasma
Os aliados se empenharam muito para fazer os alemães acreditarem que a invasão começaria em outra localidade no norte da França — Calais — e não na Normandia.
Para isso, eles simularam uma presença de tropas de infantaria baseadas no Condado inglês de Kent, situado no extremo sudeste do Reino Unido, bem em frente a Calais. Era a chamada Operação Fortaleza.
Para enganar os alemães, foram construídos equipamentos falsos, como tanques infláveis e bonecos com paraquedas.
Os aliados também utilizaram agentes duplos e lançaram informações erradas de forma controlada. Tudo isso levou os alemães a acreditar que os aliados invadiriam a Europa através de Calais e da Noruega.
Os nazistas morderam a isca — tanto que, mesmo depois do Dia D, eles mantiveram muitas das suas melhores tropas na região de Calais, à espera de uma segunda onda de invasão.
3. Soldados de 12 países
Vista aérea do cemitério americano em Colleville-sur-Mer, às margens da praia francesa de Omaha. Lá, cerca de 4 mil soldados foram mortos ou feridos durante a invasão da Normandia |
Em 1944, mais de dois milhões de soldados de mais de 12 países estavam no Reino Unido, preparando-se para a invasão.
No Dia D, as forças aliadas eram formadas principalmente por tropas americanas, britânicas e canadenses.
Mas elas contavam com o apoio por terra, mar e ar de forças de Austrália, Bélgica, Checoslováquia (hoje, dividida em Eslováquia e República Checa), França, Grécia, Holanda, Noruega, Nova Zelândia, Polônia e Rodésia (atual Zimbábue).
4. Noite de lua cheia
Os oficiais que organizaram a operação foram bastante meticulosos a respeito do momento em que deveria ocorrer o desembarque.
Eles escolheram uma noite de lua cheia com maré de primavera. Assim, seria possível desembarcar ao amanhecer, quando a maré estivesse quase na metade do caminho.
Mas, na prática, eram poucos os dias que atendiam a todas essas condições.
A data escolhida foi 5 de junho, mas o desembarque acabou atrasando em 24 horas devido ao mau tempo.
5. Os sapatos de Rommel
A previsão do tempo, de fato, era muito ruim. O próprio comandante alemão destacado na Normandia, Erwin Rommel (1891-1944), tinha tanta certeza de que não haveria invasão naquele dia que voltou para casa, para dar à sua esposa um par de sapatos de presente pelo seu 50º aniversário.
Foi por isso que, quando as primeiras notícias sobre a invasão começaram a chegar, Rommel estava na Alemanha.
Hoje, o navio britânico HMS Belfast é um museu naval aberto à visitação. Ele está atracado no rio Tâmisa, no centro de Londres |
6. Hitler estava dormindo
Quando as forças do Dia D atingiram terra firme, o líder nazista Adolf Hitler (1889-1945) estava dormindo.
Nenhum dos seus generais se atreveu a ordenar o envio de tropas de reforço sem a sua permissão — e ninguém se atreveu a acordá-lo. Com isso, os alemães perderam horas cruciais para defender suas posições na Normandia.
Quando Hitler finalmente acordou, perto das 10 horas da manhã, ele pensou que a Alemanha derrotaria os aliados com facilidade.
7. Omaha sangrenta
Cinco praias foram escolhidas para a operação, com nomes em código.
De leste para oeste, foram elas: Sword, Juno, Gold, Omaha e Utah. E o número de baixas entre as tropas variou enormemente entre cada uma das praias.
Na "Omaha sangrenta", cerca de 4 mil homens foram mortos ou feridos. Uma unidade americana que chegou na primeira onda de soldados perdeu 90% dos seus homens.
Já na praia Gold, o índice de mortos foi muito mais baixo.
A Batalha da Normandia, que se seguiu ao Dia D, foi tão sangrenta quanto as lutas de trincheiras da Primeira Guerra Mundial (1914-1918).
De fato, os números foram levemente superiores a um dia típico da Batalha do Somme, ocorrida em 1916.
8. Banheiros destruídos
A vibração das armas disparadas pelo navio britânico HMS Belfast durante o Dia D foi tão poderosa que destruiu os banheiros das acomodações da tripulação.
9. O teste do bar
Depois de receber as ordens sobre a missão altamente secreta de atacar a Bateria de Merville, na França, durante o Dia D, o oficial do exército britânico Terence Otway (1914-2006) precisava ter certeza de que não havia agentes infiltrados entre seus homens, antes do dia 6 de junho de 1944.
Para isso, ele destacou 30 das integrantes mais bonitas da Força Aérea Auxiliar de Mulheres, com roupas civis, para visitar os bares das aldeias próximas do local de treinamento dos soldados.
Otway pediu a elas que fizessem todo o possível para descobrir qual era a missão daqueles homens. Ninguém revelou nenhuma informação.
Com informações da BBC Brasil - Fotos: Getty Images
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