quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024

FAB avalia comprar novo avião presidencial e mais caças


A Força Aérea Brasileira (FAB) analisa a possível compra de uma nova aeronave para uso da presidência da República e de mais aeronaves de caças, que não necessariamente serão mais F-39E/F Gripen. As informações foram anunciadas pelo Comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar Marcelo Kanitz Damasceno, em entrevista ao jornal O Globo.

De acordo com o Comandante, a necessidade de uma nova aeronave para uso da presidência se dá tanto pela idade do atual “Força Aérea Um” quanto pela necessidade de maior alcance. O Airbus A319CJ atualmente em uso, designado VC-1, foi recebido em 15 de janeiro de 2005, há 19 anos. Além disso, o Brigadeiro afirmou que o alcance da aeronave atual é “boa”, mas não “excelente” para “um país da nossa posição em relação à Europa e à Ásia”.

VC-1 da Força Aérea Brasileira
Em abril do ano passado, para ir à China, o VC-1 precisou fazer escalas em Lisboa e Abu Dhabi. No mês seguinte, para ir a Tóquio, foi necessário parar na Cidade do México e em Anchorage, cidade norte-americana no Alasca. Também há uma demanda a respeito do número de poltronas: derivado do A319, porém com uma configuração interna que inclui uma sala de reunião e uma suíte, só há espaço para uma comitiva de 39 pessoas, o que torna quase sempre necessário o uso de um ou dos dois VC-2 da frota do Grupo de Transporte Especial, estes últimos derivados do ERJ190 e com alcance ainda menor.

O virtual concorrente de maior destaque nesta futura aquisição é o Airbus A330, semelhante ao par de KC-30, em uso com a FAB a partir de julho de 2022. As duas aeronaves foram adquiridas usadas, após voarem com a Azul Linhas Aéreas, e estão configuradas para transporte de passageiros. Apesar da designação “KC”, não foi realizada até hoje a conversão ao desejado padrão Multi-Role Tanker Transport, que permitirá cumprir missões de reabastecimento em voo, transporte de carga e evacuação aeromédica, dentre outras. A FAB avalia incluir as conversões ao padrão MRTT junto com a compra da aeronave VIP.

Novos caças


A respeito dos novos caças, também houve uma promessa deixada pela metade nos últimos anos: a anunciada compra de quatro caças F-39E Gripen adicionais, elevando a aquisição total para 40, não foi concretizada e a FAB ainda avalia a ampliação do contrato. Contudo, na entrevista ao O GLOBO, o Comandante da Aeronáutica trouxe uma novidade: “Parte pode ser um segundo lote (de Gripen) e parte uma outra aeronave”.

É a primeira vez que há uma fala oficial a respeito da aquisição de um novo modelo de aeronave. Interessante observar o uso do “E” e não do “Ou”, representando uma possível desistência do plano de ter um único modelo para a primeira linha da aviação de caça da Força Aérea Brasileira. Também indica o plano de aquisição de um novo lote de Gripen, e não meramente um aditivo ao contrato, o que representaria a compra de mais de quatro aeronaves extras.

(Foto: Johnson Barros / Força Aérea Brasileira)
Na entrevista ao O GLOBO, o Tenente-Brigadeiro Damasceno deixou clara a necessidade de mais jatos de combate. “Os 36 caças são um número que não nos atende”, afirmou. Vale ressaltar que os jatos F-5EM/FM só vão voar até 2029 e ainda será necessário haver a futura substituição dos A-1 AMX, possivelmente na década seguinte.

Há informações de que a FAB estaria interessada na compra de caças multifuncionais, porém mais baratos. Uma das principais opções seriam o italiano M346 Master e o sul-coreano FA-50 Golden Eagle. Vale ressaltar que, apesar de citar a possibilidade de haver a compra de outro modelo, o Comandante não descartou o Gripen, muito menos demonstrou qualquer insatisfação.

Novo motor


O Comandante da Aeronáutica revelou, por fim, que há interesse do governo federal no desenvolvimento de tecnologia de motores aeronáuticos, algo hoje restrito a poucos países. Também houve elogio ao foco do atual presidente com a Força Aérea Brasileira. “Ele tem uma grande preocupação com o reaparelhamento das Forças Armadas (…) Lula é apaixonado por essa agenda de Defesa”, finalizou.

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