Três companhias da região estudam a mudança para aeronaves de corredor único, afirma Arturo Barreira.
Avião Airbus A321XLR, capaz de voar por até 11 horas (Foto: Airbus/Divulgação) |
Geralmente, os voos da região do Cone Sul, como Brasil, Chile e Argentina usam aviões de grande porte para levar os passageiros aos Estados Unidos. Esses modelos grandes, capazes de levar centenas de pessoas, quase sempre possuem dois corredores. Por serem maiores, consomem mais combustível.
A ideia em análise é usar os aviões de porte médio, de um corredor só, como o A321XLR, nas rotas entre as Américas, explica Barrera. Segundo ele, três empresas aéreas da região estão estudando voos para a Flórida com esses aviões médios.
O XLR tem capacidade máxima de 220 viajantes e pode voar até 11 horas sem parar. Uma viagem entre São Paulo e Orlando, por exemplo, leva em torno de 9 horas.
A saída para aumentar a autonomia é levar mais combustível a bordo. "O A321XLR é basicamente um A321 com um tanque central dentro da estrutura", disse Barreira, em entrevista à Folha em Istambul, durante a assembleia geral da Iata (Associação Internacional de Transporte Aéreo). Geralmente, o combustível é armazenado nas asas da aeronave.
Interior do jato C919, completamente desenvolvido na China e construído pela China (Foto: China Commercial Aircraft) |
Outra mudança que as aéreas têm pedido é colocar mais assentos nos aviões, o que acaba levando a poltronas mais finas e menos espaço por pessoa.
"As companhias tentam reduzir os custos e para isso tentam colocar mais assentos, densificar o espaço da cabine o máximo possível. É uma tendência que vínhamos observando antes da pandemia. Com a competitividade, é algo que vai seguir", diz.
Por outro lado, as empresas também buscam novos modelos de poltronas para a classe executiva, para atrair passageiros dispostos a pagar mais. Esses assentos geralmente viram camas. Versões mais modernas funcionam como uma espécie de cabine, com barreiras laterais que isolam parcialmente o viajante do resto do avião.
Barreira diz estar otimista com as perspectivas para a América Latina: a região segue com demanda forte por voos e deve retomar o volume de passageiros transportados antes da pandemia ainda neste ano. No entanto, as empresas locais devem terminar 2023 com prejuízo somado de US$ 1,4 bilhão, estima a Iata.
"Obviamente a inflação, a desvalorização das moedas e a alta dos combustíveis afetam um pouco a economia das companhias aéreas. Porém, ao mesmo tempo, a demanda das companhias tem seguido muito forte. Há muita demanda por aviões com a última tecnologia, que sejam mais eficientes e tenham menos emissões [de poluentes]", avalia Barrera.
A entrega das aeronaves novas, no entanto, segue enfrentando atrasos, por conta de problemas nas cadeias de suprimentos, afetadas primeiro pela pandemia e depois pelos efeitos da Guerra da Ucrânia.
As companhias aéreas dizem que a demora nas entregas atrasa a retomada de voos e rotas que existiam antes da pandemia, por falta de aeronaves.
"A recomposição dos sistemas de logística e produção tem sido um pouco mais complicada. Sempre há um pouco de incerteza. Vai nos custar vários meses mais para chegar aonde esperávamos", comenta Barreira.
A Airbus manteve para 2023 a meta de 2022, de entregar 730 aeronaves anualmente, sem crescimento neste ano. No Brasil, a empresa fornece aeronaves para Azul e Latam.
"Nos próximos 20 anos, a necessidade de frota [de aviões] no Brasil vai duplicar e o número de viagens per capita, também. Estamos otimistas com a taxa de crescimento que temos no Brasil, que é um dos mercados domésticos mais importantes do mundo", comenta Barreira.
Via Folha de S.Paulo
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