sexta-feira, 16 de junho de 2023

Como se comportar no avião: 12 dicas práticas de uma comissária de bordo

São regras de etiqueta em viagens aéreas, cujo objetivo é ser o ponto comum entre o conforto razoável do passageiro e o respeito com as outras pessoas à sua volta.


Depois de 21 anos trabalhando como comissária de bordo, já vi de tudo. A pandemia tornou o ambiente a bordo mais tenso, com os incidentes mais graves de mau comportamento descambando para a violência física. O que mais vejo, porém, são grosserias gratuitas que levam a discussões ou a simples desentendimentos verbais.

Conforme entramos na alta temporada do verão no hemisfério norte, vale mencionar algumas gentilezas que ajudam a tornar o voo mais agradável.

Aqui vão minhas regras de etiqueta em viagens aéreas, cujo objetivo é ser o ponto comum entre o conforto razoável do passageiro e o respeito com as outras pessoas à sua volta.

1) Todo mundo tem o direito de reclinar o assento – mas há um jeito certo para isso

E não é descendo a poltrona da forma mais rápida e violenta possível, o que já resultou na quebra da tampa de laptops, em bebidas derramadas e em trocas de socos que levaram a um pouso forçado. Preste atenção ao que está acontecendo à sua volta. Antes de baixar o encosto, dê uma olhada na fileira de trás e avise gentilmente a pessoa.

2) Limpe a bagunça de seus filhos

Comissário de bordo não é faxineiro, nem tem acesso a aspirador, vassoura ou outros produtos de limpeza além de sabonete, toalhas umedecidas e purificador de ar. Não, você não precisa limpar nada, mas é uma questão de gentileza. Há também o efeito dominó, porque qualquer bagunça no corredor vira uma ameaça à segurança, e uma limpeza mais cuidadosa pode até atrasar o voo seguinte. Proatividade também ajuda: será que uma criança pequena consegue mesmo lidar com um saco gigante de salgadinho? Se não for o caso, coloque um bom punhado em um recipiente menor e mais fácil de manipular com antecedência.

3) O compartimento de bagagem sobre os assentos não é seu espaço para jogar Tetris

Na classe econômica, ele é de quem chegar primeiro. Você não tem direitos exclusivos sobre o que fica diretamente acima da sua poltrona, e é inadmissível tirar a bagagem dos outros para fazer caber a sua. Ajeitá-la para aproveitar melhor o espaço, tudo bem, mas deixe esse quebra-cabeça complexo para os comissários. E não se esqueça de que as sacolas menores vão aos seus pés, sob a poltrona da frente, para deixar espaço para as maiores no compartimento.

4) Ninguém quer ouvir sua conversa no FaceTime

Ninguém precisa ouvir os dois lados da sua conversa; além do mais, o embarque não é hora de despedidas, e sim de se concentrar em localizar a poltrona e ajeitar as malas o mais depressa possível para que aqueles que vêm vindo atrás possam fazer o mesmo. E, já que estamos no assunto, ninguém quer ouvir seus filmes, videogames e/ou TikToks, por isso tenha sempre os fones de ouvido à mão. Inclusive para as crianças.

5) Quem senta no meio tem direito aos dois descansos de braço

É o prêmio de consolação para quem tem de se espremer entre dois passageiros sem ter onde recostar. Fim de papo.

6) Encerrar a conversa pondo os fones de ouvido é perfeitamente aceitável

O companheiro de viagem é falastrão? Os fones de ouvido são uma ótima saída para silenciar o sem noção. Aliás, é minha solução preferida: depois de um longo dia de trabalho, os canceladores de ruído são minha salvação. A caminho de casa, só quero paz.

7) Não tire as meias

Se o voo é longo, não há problema algum em relaxar e tirar os sapatos, mas nada justifica tirar as meias. Não dá para fugir do chulé. Outra coisa: contenha-se. É inaceitável colocá-las no descanso de braço da pessoa na sua frente. E recomendo fortemente que volte a calçá-las para ir ao banheiro.

8) Use o botão de chamada com parcimônia

Se estiver precisando de algo – mais uma xícara de café, ajuda em caso de indisposição ou auxílio se estiver sendo incomodado por outro passageiro –, use-o à vontade. É muito melhor do que cutucar o comissário, o que não é legal. Mas, antes de apertá-lo, dê uma olhada para ver se já há alguém trazendo o carrinho ou o saco de lixo, o que significa que já estamos a caminho! Se for o caso de uma emergência de verdade, aperte várias vezes para sabermos que é sério.

9) Não discipline os filhos dos outros

Nada consegue deixar o voo mais desagradável do que sentir que as costas de seu assento viraram saco de pancada; entretanto, se a criança ali atrás está sendo inconveniente, dirija-se aos pais. Você não tem o direito de gritar com o filho dos outros. Uma boa saída é falar com os adultos em voz calma, sorrindo, se ainda não perceberam o que o pequeno está fazendo. Só então diga que aquilo está incomodando e pergunte se não é possível fazê-lo parar. Com isso, você estará pedindo, e não exigindo, evitando um tom acusatório.

10) Resolva os problemas de distribuição de assentos antes do embarque

Se a companhia aérea separou sua unidade familiar, não é na hora caótica do embarque que os comissários vão resolver a questão para você. Como os agentes de portão têm acesso ao mapa de assentos e às reservas de grupos maiores, o negócio é pedir a eles primeiro um possível remanejamento. Para algumas empresas, aliás, as crianças menores de 13 anos têm de sentar com os pais, de modo que essa é a opção mais acertada. Na verdade, há outra, ainda melhor: ligue antes de ir para o aeroporto.

11) Você não é obrigado a trocar de lugar se alguém pedir

Vou dar uma de chata: não, você não precisa trocar de lugar se alguém lhe pedir isso. Se pagou a mais pela poltrona, ou mesmo se for inconveniente, é só se recusar educadamente. Já se for vantajoso – tipo trocar o assento do meio pelo da janela –, ou se você não se incomodar em ajudar, fique à vontade para mudar.

12) Dê a descarga. Por favor

Deveria ser a coisa mais lógica, mas, por algum motivo, não é. Vejo isso diariamente, várias vezes por dia. Não quero ter de me livrar dos seus dejetos, nem o passageiro que entrar depois. Se não conseguir achar o botão logo de cara, procure com calma. Garanto que está lá. Em todo avião.

Via Kristie Koerbel, do The New York Times / R7

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