Indústria aeroespacial Ocidental deverá sofrer com a falta de matéria-prima, componentes e clientes já no médio prazo.
Produção de aeronaves no Ocidente deverá sofrer com os embargos contra a economia da Rússia |
Os severos embargos em vigor contra a Rússia deverão sufocar no curto prazo a economia do país. Com poucas margens para negociar no exterior e com bloqueios em praticamente todas as formas de transação financeira, o Estado russo e empresas já acumulam perdas bilionárias. As sanções contra a Rússia terão também efeito em todo o mundo.
Entre as sanções está a exportação e importação de diversos produtos, incluindo quase todo o setor aeroespacial. Se os danos na economia russa são claros e quase imediatos, o Ocidente também deverá sofrer com as restrições.
Grande parte do titânio, níquel e paládio usado na indústria mundial é de origem russa. Os três metais são fundamentais na indústria aeroespacial, assim como automotiva.
Em média 15% da estrutura de um avião moderno conta com ligas de titânio, número que varia entre projetos, mas serve como base para destacar a importância do metal na aviação. Parte dos motores a jato modernos usam componentes de titânio e paládio, assim como níquel.
Aproximadamente 65% do níquel consumido é usado na fabricação de aço inoxidável e outros 10% em superligas de níquel, incluindo níque-cobre. O metal ainda é fundamental na produção de baterias, amplamente utilizadas na aviação.
Um dos temores da indústria aeronáutica ocidental é que os embargos dificultem o acesso a grandes volumes desses metais, o que poderá ampliar os problemas na cadeia de suprimentos ou elevar consideravelmente o valor desses metais. Ainda que diversos países tenham reservas de titânio, a maior parte do material empregado no setor aeroespacial era produzido por empresas russas.
De forma indireta os embargos ainda devem comprometer equipamentos usados na fabricação de componentes e estruturas aeronáuticas, incluindo peças de reposição dos grandes fornos usados para produção de aço e até mesmo de materiais compostos, como fibra de carbono.
Outro desafio no médio prazo, caso mantidas as sanções, será a perda do mercado de aviação civil russo. As empresas aéreas russas contam com frotas basicamente compostas por aviões da Airbus, Boeing e Embraer. Ainda que não estejam entre as maiores frotas do mundo, os pedidos são expressivos e com renovação constante.
A Aeroflot e S7, por exemplo, contam com frotas modernas e que estavam em constante processo de modernização.
A Boeing anunciou ainda que vai encerrar a operação de seus escritórios de pesquisa e engenharia em Moscou e Kiev. Parte dos estudos de desenvolvimento do 787 Dreamliner foi feito por engenheiros russos, com amplo conhecimento em ligas metálicas avançadas, aerodinâmica, entre outros.
Por ora, não existe prazo para suspensão dos embargos, seja de forma parcial ou total. Os efeitos diretos deverão ser sentidos nos próximos meses em todo o mundo.
Por Edmundo Ubiratan (Aero Magazine) - Foto: Boeing
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