Países têm origem comum soviética, mas há diferenças importantes de equipamento.
Entrando em sua segunda semana, a invasão russa da Ucrânia tem um cardápio de itens a serem observados por quem é interessado em minúcias militares.
Elas podem ser resumidas no fato de que ucranianos têm usado fitas amarelas ou azuis, suas cores nacionais, nos braços, enquanto alguns russos vão com o adereço vermelho.
Blindado de transporte de pessoal ucraniano BTR-4 queimado em Brovari, cidade próxima de Kiev (Foto: Genia Savilov - 1.mar.2022/AFP) |
Os veículos blindados de Vladimir Putin são marcados com letras na carroceria. As onipresentes Z e V, não só, vão ganhando significados diários nas mãos das redes sociais do Ministério da Defesa russo. Mas o que importa é que elas, assim como as fitas coloridas, evitem o fogo amigo da tropa.
Aqui se chega ao ponto central. Ambos os países eram a linha de frente da União Soviética, e herdaram equipamento militar comum. Até mísseis nucleares Kiev tinha quando se tornou independente em 1991, mas os devolveu a Moscou três anos depois.
Assim, muitos dos tanques e blindados que se veem em imagens de lado a lado são iguais. Ao menos por fora, claro: com um orçamento militar dez vezes maior, a Rússia tem forças mais modernas. Opera lá uma versão atualizada do antigo tanque T-72, enquanto as tropas ucranianas estão um pouco atrás.
Até aqui, contudo, essa diferença não impediu que os russos tenham enfrentado dificuldades, em especial ao não ter suprimido completamente as defesas aéreas de Kiev.
Análise de desempenho à parte, os ucranianos têm a seu favor alguns equipamentos estrangeiros próprios para a resistência que apresentam, como mísseis antitanque Javelin e antiaéreos portáteis Stinger, ambos americanos. E drones de ataque turcos Bayraktar-TB2, que já ganharam fama destruindo colunas blindadas russas no conflito.
A Rússia tem uma capacidade aérea muito superior à do vizinho, com versões mais avançadas dos caças Su-27 ou do avião de ataque Su-24.
Mas, até aqui, não tem feito uso intensivo, talvez pela ideia de evitar a derrubada e captura de pilotos, o que seria péssimo para a moral em casa.
Sua guerra se baseia nos mísseis superiores que tem, como o balístico Iskander e o de cruzeiro Kalibr, e na velha artilharia soviética em versões modernizadas. Aqui, a linha vermelha do conflito parece ser a presença do TOS-1, que lança temidos foguetes termobáricos, armas que destroem tudo com uma forte onda de pressão e fogo.
São as armas mais poderosas do cardápio russo fora do capítulo de ogivas nucleares, que se espera que sigam tabu.
Mas o serviço pesado por ora está sendo feito com modelos soviéticos mais antigos, como o Grad, usado em dezenas de guerras mundo afora, e Smerch. Ambos podem usar as perigosas bombas de fragmentação, itens proibidos na maioria dos países, mas não na Rússia e na Ucrânia, embora ambos neguem o emprego.
Por Igor Gielow (Folha de S.Paulo)
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