quarta-feira, 10 de novembro de 2021

Policiais viram vítima do avião que caiu com Marília Mendonça ainda com vida

Um vídeo registrado por uma câmera acoplada na farda de um policial militar que trabalhou no resgate dos corpos do avião bimotor Beechcraft King Air C90A, que caiu na sexta-feira matando a cantora Marília Mendonça, aos 26 anos, e mais quatro pessoas, mostra que, no início do socorro, um dos agentes chegou a dizer que uma das vítimas apresentava sinal de vida.

— Dá para ver o braço, só o antebraço ali — afirmou um policial militar ao se aproximar da aeronave.

— Tá mexendo? — questionou outro.

O agente respondeu: — A princípio, sim! Tremendo, tremendo muito.

Nas imagens, não é possível identificar o passageiro. A esperança foi desfeita quando os policiais entraram no avião, onde o cenário era de devastação.

— De longe era uma coisa; de perto, parecia que tinha passado um furacão. O assoalho estava todo destruído, os bancos fora do lugar... Tudo foi arrancado dentro do avião. Não tem como não pensar no que as pessoas passaram. Fiquei atordoado — lembra Amadeu Alexandre, de 55 anos, dono de uma empesa de guinchos há 35, que foi acionado no sábado pela manhã para retirar o avião que caíra na véspera no Córrego do Lage, dentro de um condomínio de Caratinga (Minas Gerais).

O legista responsável disse que as vítimas sofreram politraumatismo, mas a polícia aguarda a finalização dos laudos sobre a causa das mortes.


Amadeu nunca tinha guinchado uma aeronave. Seu dia a dia de trabalho consiste na retira de carros e ônibus acidentados. Naquele sábado, embarcou na caminhonete e seguiu rumo ao cenário que já tinha visto pela TV: um avião que parecia, a olhos leigos, quase intacto. O trabalho de remoção mobilizou oito pessoas e dois caminhões — um guincho de 200 toneladas e outro de 40. O acesso à cachoeira era difícil, o tempo não estava bom, as ruas do condomínio não foram projetadas para a passagem de veículos pesados. E o avião pesa 8 toneladas.

— A parte mais complicada foi a remoção de um dos motores. Ele se desprendeu do corpo do avião e foi lançado a cerca de 300 metros, numa região íngreme e escorregadia, com muito limo — conta ele.

Cada motor do avião pesa 100kg. O segundo estava perto da aeronave e foram resgatados com cabos de aço e um caminhão-guincho. A polícia local afirma que um cabo foi encontrado enrolado à hélice de um motore. Ainda não é possível afirmar que ele seria da torre de transmissão de energia da Companhia Energética de Minas.

No sábado e no domingo, a aeronave foi deslocada para um terreno onde ficavam os caminhões para transportá-la. Para ser embarcada, ela foi dividida em quatro partes. Na manhã de ontem, um caminhão levou os destroços da fuselagem para um galpão em Caratinga. O trabalho foi acompanhado por investigadores do Seripa, órgão regional do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos e por policiais civis. A Aeronáutica investiga o motivo de o piloto estar voando a baixa altitude, o que causou a colisão com o cabo de energia. A empresa que guinchou o bimotor planejava enviar o material, durante a noite, para o Rio, onde os destroços serão periciados. A Polícia Civil de Minas abriu inquérito para apurar responsabilidades pela queda.

Via Extra

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