quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Carteira de pedidos da Embraer deve atenuar queda no 3o trimestre


A carteira de pedidos da Embraer - indicador da receita futura - deve ter encolhido de julho a setembro num ritmo menor do que no trimestre anterior, em um momento no qual analistas mostram otimismo com a possibilidade de novas encomendas na aviação comercial.

Dados da Secretaria de Comércio Exterior indicam que as exportações brasileiras de aviões nos três meses até setembro totalizaram 1,1 bilhão de dólares. Também no terceiro trimestre, a fabricante anunciou novos contratos firmes estimados em 500 milhões de dólares.

Com base nesses valores, as encomendas a entregar pela Embraer teriam encerrado setembro em pouco mais de 12 bilhões de dólares, segundo cálculos da Reuters. O chamado backlog, que está no menor nível desde a metade de 2006, diminuiu em 1,8 bilhão de dólares entre março e junho, para 12,9 bilhões de dólares.

A conta não considera eventuais entregas de jatos pela Embraer no período às clientes Trip e Azul, no Brasil, e eventuais cancelamentos de pedidos, que reduziriam o backlog da Embraer.

Alguns analistas temem que a fabricante tenha que reduzir seu ritmo de produção em 2013, embora executivos da fabricante descartem neste momento qualquer corte.

"Ainda vemos o nível de produção de jatos regionais pela Embraer como insustentável à medida que novos competidores entram no mercado", disseram os analistas do UBS em relatório na terça-feira.

A Embraer tem dito que espera fechar uma nova venda de avião comercial para cada entrega neste ano, mas a empresa ainda está longe disso devido à fraca demanda global por aeronaves menores.

O presidente-executivo da fabricante, Frederico Curado, reconheceu na semana passada, em Genebra, que está ficando mais difícil de atingir a meta de manter o backlog na aviação comercial estável em 2012.

No meio do ano, a carteira de pedidos da Embraer correspondia a cerca de dois anos de entregas na aviação comercial, comparada a mais de sete vezes para gigantes da indústria como a norte-americana Boeing.

Ainda assim, o analista Rodrigo Goes, do BTG Pactual, espera uma onda de grandes compras de aeronaves regionais por companhias aéreas dos Estados Unidos.

Ele aposta em demanda por novos jatos regionais no mercado norte-americano que pode superar 300 unidades nos próximos dois a três anos, o que poderia rapidamente recompor o backlog da Embraer. As empresas aéreas dos EUA que estão avaliando a compra de aeronaves regionais incluem Delta, American Airlines, United Continental e SkyWest.

"Permanecemos otimistas com a Embraer, dado o potencial de pedidos de companhias aéreas regionais, bem como dos resultados com programas de defesa dos EUA e do Brasil... e pela formação de backlog no segundo semestre de 2012", escreveu em relatório o analista Ronald J. Epstein, do BofA Merrill Lynch. 

BofA e BTG recomendam compra das ações da Embraer, com preços-alvo para os recibos negociados em Nova York (ADR) de 40 e de 42 dólares, respectivamente.

A Embraer deve divulgar nos próximos dias seu relatório de entregas do terceiro trimestre e o backlog de setembro.

Fonte: Cesar Bianconi (Reuters com reportagem adicional de Brad Haynes)

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