Infraero diz que vegetação impede torre de ver parte da pista e heliponto.
Prefeitura diz que mesmo total de exemplares será plantado em outra área.
Campo de Marte ainda mantém parte da área verde do entorno
Foto: Arquivo/Lawrence Bodnar/G1
A Infraero, estatal que administra os aeroportos brasileiros, vai cortar 8.321 árvores da área verde do Campo de Marte, na Zona Norte de São Paulo, e terá que replantar o mesmo número de exemplares em outras áreas dentro do próprio aeroporto. O motivo da remoção, segundo o órgão, é garantir a segurança dos voos, hoje comprometida em razão de as árvores bloquearem a visão que os controladores têm da pista. (Veja mapa abaixo)
A Secretaria do Verde e do Meio Ambiente da Prefeitura de São Paulo, que autorizou o manejo, afirma que recebeu relatórios de segurança de voo encaminhados pelo Centro de Investigações e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) dando conta da iminência de acidentes, “especialmente com risco de vida”, informou a pasta.
O Campo de Marte é uma das poucas extensões de área verde na região, próxima à Marginal Tietê. A maioria dos cortes será de espécies exóticas e outras nativas de baixa relevância ambiental, como maricás. O reflorestamento terá que ser feito com espécies nativas de Mata Atlântica, segundo determinação da Secretaria do Verde.
O remanejamento afetará 11,60% da área verde do aeroporto, de acordo com a Infraero. A estatal e a Secretaria do Verde informaram que existem áreas verdes vizinhas à pista, mas distantes da torre de controle, que serão usadas para o plantio de mais exemplares.
Outras áreas do próprio aeroporto poderão ser necessárias para a Infraero conseguir replantar os 8.321 mil exemplares. O terreno tem hoje áreas que abrigam campos de futebol e um pátio usado pela Prefeitura para estacionamento de carros alegóricos que participam dos desfiles de carnaval.
O tamanho total do Campo de Marte é 2 milhões de m².
Área sob disputa
A área do aeroporto é uma disputa judicial antiga entre a Prefeitura de São Paulo e a União. O caso chegou ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), que no ano passado decidiu que o terreno pertence à Prefeitura. A União recorreu, e o caso foi parar no Supremo Tribunal Federal, onde tramita.
O prefeito Gilberto Kassab (PSD) chegou a anunciar um projeto para a área prevendo o uso da Avenida Olavo Fontoura e de parte do Campo de Marte para a ampliação do Parque Anhembi. Tudo isso mantendo o funcionamento da pista de voo. O projeto está parado enquanto o imbróglio judicial não é resolvido.
Metade da área do Campo de Marte é administrada pela Infraero. É onde funcionam os hangares, as pistas e o Aeroclube de São Paulo. O restante está entregue ao Ministério da Defesa e abriga instalações da Aeronáutica.
O Campo de Marte é o quinto aeroporto brasileiro em número de operações e funciona exclusivamente para a aviação geral, executiva, táxi aéreo e escolas de pilotagem como o Aeroclube de São Paulo. Lá se encontra baseado também todo o grupamento aéreo da PM e da Polícia Civil.
As Áreas 1 e 2 (vermelha e amarela) terão a vegetação suprimida. Fragmentos 1 e 2 (lilás e azul) já são áreas verdes e receberão mais árvores - Ilustração: divulgação/Secretaria do Verde e Infraero
Fonte: Márcio Pinho (G1)
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