É possível que a queda do avião da Spanair em agosto de 2008, no aeroporto de Barajas, Madrid, pudesse ter sido evitada. A constatação é do ministro do Fomento, José Blanco, perante as conclusões dos peritos designados por um juiz para investigarem o desastre que causou a morte a 154 pessoas, originado por uma sucessão de falhas técnicas e erros humanos.
Antes de partir, quando já se encontrava na pista de descolagem, o avião registou um aquecimento excessivo do aquecedor da sonda RAT, que mede a temperatura exterior, e teve de regressar ao terminal para ser examinado. Os mecânicos abriram o disjuntor do circuito eléctrico e despacharam a aeronave, seguindo os guias técnicos. Mas fizeram-no mal: "o pessoal da manutenção não chegou a identificar a causa da avaria e despachou o avião incorrectamente, apoiando-se no ponto 30.8 da MEL", ou seja, os mecânicos cumpriram os procedimentos mínimos exigidos por um manual "que está escrito de uma forma que induz em erro ou incerteza na actuação da manutenção, em relação à forma como se deve actuar no que respeita a avarias de aquecimento da sonda RAT em terra".
Esta conclusão consta do relatório dos peritos ao qual o El País teve acesso. O mesmo documento aponta para a "existência de várias causas que deram lugar, simultânea e sequencialmente" ao desastre. De acordo com o jornal, algumas dessas causas já tinham sido apontadas no relatório preliminar da Comissão de Investigação de Incidentes e Acidentes de Aviação Civil (CIAIAC): os pilotos não estenderam os flaps, não realizaram correctamente as listas de verificação, o sistema de aviso TOWS falhou e "não alertou a tripulação de que a configuração a descolagem não era a adequada".
Por seu lado, o os peritos apontam o dedo ao fabricante e às autoridades de supervisão da segurança na aviação. Estes lembram que "a história de acidentes originados pela configuração inadequada para a descolagem (flaps/slats recolhidos) não tinha dado lugar, até à data do acidente do JK5022, a medidas correctoras adequadas e suficiente por parte das autoridades aeronáuticas (espanhola, europeia e dos EUA) nem do fabricante do avião [Boeing] para resolver o problema".
Fonte: www.dn.pt
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