sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Para especialistas, congestionamentos e atrasos nos voos são inevitáveis

Quem ainda pretende se programar para viajar de avião no fim do ano pode se preparar. Os aeroportos estarão congestionados e os atrasos dos voos serão inevitáveis. Os problemas na escala dos funcionários das companhias áreas Gol, em agosto, e Webjet, nesta semana, apontam para mais um problema estrutural, e grave, do sistema aéreo brasileiro: a falta de pessoal das empresas aéreas para atender o crescimento acelerado da demanda de passageiros. Além disso, especialistas destacam que a falta de mão de obra especializada já é sentida e que as demais empresas nacionais poderão apresentar os mesmos problemas no contingenciamento de pessoal em breve.

Na opinião de especialistas, uma forma de fugir desse caos anunciado é evitar viajar nos horários de pico dos aeroportos, especialmente nas vésperas dos feriados de fim de ano, uma vez que os terminais mais movimentados do país já estão no limite da capacidade e nesse período a situação fica ainda pior. “Quem puder, evite os aeroportos no fim do ano, mas, se for, vá preparado para reclamar seus direitos em todos os órgãos(1) possíveis”, orienta o advogado especializado em direito do consumidor Cristiano de Freitas Fernandes. “A única forma justificável de um atraso é caso fortuito ou força maior, como um desastre da natureza. Problema de contingenciameto é da empresa. O consumidor não pode arcar com esse ônus”, defende o advogado, sócio do escritório Fernandes Melo.

O risco de um novo apagão aéreo é grande, concordam os especialistas. “É iminente o risco de um novo acidente aéreo (como o da Gol com o Legacy)”, afirma o especialista em gerenciamento de risco Gustavo Cunha Melo. “Naquela época, veio à tona o despreparo dos controladores de voo e não houve concurso para aumentar o contingente muito menos cursos para capacitar os trabalhadores. Há registros constantes de incidentes nos aeroportos, mas eles são pouco divulgados. Uma hora essa bomba vai estourar novamente”, denuncia Melo.

Insuficiente

O especialista em infraestrutura e professor da Fundação Dom Cabral Paulo Resende destaca que esses investimentos são insuficientes. “É preciso pelo menos o triplo”, afirma ele lembrando que os aeroportos mais críticos são os do Galeão e Santos Dumont (RJ), Congonhas e Cumbica (SP), Brasília e Confins (MG).

A TAM diz que está preparada para atender à demanda crescente do mercado de aviação e que não teme o risco de um apagão aéreo. “No último mês de agosto, a companhia aumentou em 9% a oferta de assentos no mercado internacional e em 18,9% no doméstico”, informa. A Gol, por sua vez, afirma que “estruturou ações internas e vem ampliando o quadro e a previsão é de admitir 332 aeronautas em seu quadro em 2011”.

A Infraero, autarquia que administra 67 aeroportos brasileiros, informa que serão investidos R$ 5,55 bilhões em 13 terminais para atender o aumento de 10% na demanda em função da Copa do Mundo de 2014. Além disso, destaca as obras de módulos operacionais nos aeroportos de Brasília, Cumbica, Viracopos e Cuiabá/Marechal Rondon.

Fonte: Rosana Hessel (Correio Braziliense)

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