Investigação, porém, não aponta se foi erro humano, falha do equipamento ou do computador
Delegado e membro do IC paulista se reúnem hoje em Porto Alegre com os familiares dos 199 mortos em explosão em Congonhas
KLEBER TOMAZ
EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Pela primeira vez, a Polícia Civil de São Paulo pretende informar hoje aos familiares das vítimas da maior tragédia aérea do país que um manete causou o acidente com o avião da TAM em 17 de julho passado. Na época, o Airbus-A320 pousou em Congonhas, não conseguiu frear, saiu da pista, colidiu com um prédio da companhia, do lado de fora do aeroporto, e explodiu, matando 199 pessoas.
"A causa principal do acidente a gente sabe: foi a história do manete. Isso está indiscutível, está comprovado. Nós já estivemos no simulador de vôo, nós já tivemos os gráficos recebidos do Cenipa [Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos] do desempenho da aeronave diante do acidente, pouco antes da batida e de se chocar contra o terminal [de cargas da TAM]", diz o delegado Antonio Barbosa, do 27º Distrito Policial, de São Paulo.
Um membro do IC (Instituto de Criminalística) paulista também participará em Porto Alegre do encontro mensal com parentes das vítimas do vôo 3054, que saíra da capital gaúcha para São Paulo.
Na reunião, Barbosa falará aos familiares sobre a investigação policial. Ele diz, porém, que ela ainda não permite concluir se a alavanca de controle da potência da turbina direita foi posta na posição de aceleração ao invés de desaceleração por erro humano dos pilotos, falha do sistema dos computadores de bordo ou quebra do equipamento. O manete esquerdo estava desacelerado.
"Está demonstrado que o manete do lado direito ficou na posição de aceleração máxima. O que não sabemos é porque aconteceu isso. Talvez nós nunca saibamos. O que não sabemos é se é erro humano, se é um erro do equipamento, se é erro da interpretação dos computadores de bordo, embora pouco provável", disse.
De acordo com Barbosa, a polícia tem dificuldades em apontar quem acionou o manete direito porque, de acordo com a Aeronáutica, os peritos acharam só um bloco retorcido onde estavam as alavancas.
"O que a gente está falando é tudo comunicação do computador de bordo. Não temos o manete mais para tentar mostrar que ele estava na posição de aceleração. Mas, de acordo com o simulador e o diálogo do piloto e co-piloto: "desacelera", foi problema no manete", disse.
Em agosto do ano passado, a Folha mostrou que dados da caixa-preta do Airbus sugerem falha humana no pouso. O relatório do Cenipa e o laudo do IC sobre as causas do acidente ainda não estão prontos.
O delegado também citou como fatores contribuintes para o acidente a pista molhada e o descumprimento da norma da Anac (Agência Nacional de Aviação) divulgada às companhias aéreas proibindo pousos e decolagens em Congonhas com o reverso travado, o que prejudica a frenagem -a TAM descumpriu essa norma.
Ele quer entregar em julho o relatório final sobre o inquérito policial que busca responsabilizar os culpados por homicídio culposo e lesão corporal.
Fonte: jornal "Folha de S.Paulo"
Delegado e membro do IC paulista se reúnem hoje em Porto Alegre com os familiares dos 199 mortos em explosão em Congonhas
KLEBER TOMAZ
EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Pela primeira vez, a Polícia Civil de São Paulo pretende informar hoje aos familiares das vítimas da maior tragédia aérea do país que um manete causou o acidente com o avião da TAM em 17 de julho passado. Na época, o Airbus-A320 pousou em Congonhas, não conseguiu frear, saiu da pista, colidiu com um prédio da companhia, do lado de fora do aeroporto, e explodiu, matando 199 pessoas.
"A causa principal do acidente a gente sabe: foi a história do manete. Isso está indiscutível, está comprovado. Nós já estivemos no simulador de vôo, nós já tivemos os gráficos recebidos do Cenipa [Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos] do desempenho da aeronave diante do acidente, pouco antes da batida e de se chocar contra o terminal [de cargas da TAM]", diz o delegado Antonio Barbosa, do 27º Distrito Policial, de São Paulo.
Um membro do IC (Instituto de Criminalística) paulista também participará em Porto Alegre do encontro mensal com parentes das vítimas do vôo 3054, que saíra da capital gaúcha para São Paulo.
Na reunião, Barbosa falará aos familiares sobre a investigação policial. Ele diz, porém, que ela ainda não permite concluir se a alavanca de controle da potência da turbina direita foi posta na posição de aceleração ao invés de desaceleração por erro humano dos pilotos, falha do sistema dos computadores de bordo ou quebra do equipamento. O manete esquerdo estava desacelerado.
"Está demonstrado que o manete do lado direito ficou na posição de aceleração máxima. O que não sabemos é porque aconteceu isso. Talvez nós nunca saibamos. O que não sabemos é se é erro humano, se é um erro do equipamento, se é erro da interpretação dos computadores de bordo, embora pouco provável", disse.
De acordo com Barbosa, a polícia tem dificuldades em apontar quem acionou o manete direito porque, de acordo com a Aeronáutica, os peritos acharam só um bloco retorcido onde estavam as alavancas.
"O que a gente está falando é tudo comunicação do computador de bordo. Não temos o manete mais para tentar mostrar que ele estava na posição de aceleração. Mas, de acordo com o simulador e o diálogo do piloto e co-piloto: "desacelera", foi problema no manete", disse.
Em agosto do ano passado, a Folha mostrou que dados da caixa-preta do Airbus sugerem falha humana no pouso. O relatório do Cenipa e o laudo do IC sobre as causas do acidente ainda não estão prontos.
O delegado também citou como fatores contribuintes para o acidente a pista molhada e o descumprimento da norma da Anac (Agência Nacional de Aviação) divulgada às companhias aéreas proibindo pousos e decolagens em Congonhas com o reverso travado, o que prejudica a frenagem -a TAM descumpriu essa norma.
Ele quer entregar em julho o relatório final sobre o inquérito policial que busca responsabilizar os culpados por homicídio culposo e lesão corporal.
Fonte: jornal "Folha de S.Paulo"
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