A Infraero, empresa estatal que controla os aeroportos do país, considera aceitável um intervalo entre 45 minutos e uma hora para cumprir todo esse périplo. Já os parâmetros internacionais recomendam uma espera de, no máximo, trinta minutos
Depois de voltar tranquilamente de Milão a bordo de um Boeing da Alitalia num voo de brigadeiro, o consultor em internet Renato Mendes enfrentou turbulência inimaginável em terra firme. Desembarcou no Aeroporto Internacional Governador André Franco Montoro, em Guarulhos, na última terça (13), às 5h45, e só conseguiu sair de lá às 7h10, quase uma hora e meia depois de deixar a aeronave. O tempo que perdeu no labirinto de cordinhas seria suficiente para ir e voltar do Rio de Janeiro. O calvário começou na fila da imigração. Foram dez minutos. Levou outros 35 para recolher a bagagem e quarenta minutos para vencer a etapa da alfândega. "Essa última foi a pior e a mais desorganizada", conta Mendes. "A confusão e a ânsia para furar a fila eram tão grandes que vi umas três pessoas batendo boca." Cansado e insone depois de doze horas de voo, ele até desistiu de dar aquela passadinha pelo free shop, outro famoso gargalo do aeroporto.
Naquela manhã, dezenove aviões e cerca de 4 750 viajantes aterrissaram em São Paulo entre 5 e 7 horas da manhã nos dois terminais de passageiros, que recebem tanto desembarques domésticos quanto internacionais. Essas duas horas são críticas porque concentram a maior parte dos voos que vêm da Europa, Estados Unidos e América Latina com destino ao Brasil. As manhãs em Cumbica costumam ser caóticas. Dependendo do dia da semana, até 22 aeronaves chegam ao aeroporto nesse intervalo, o que significa 5 500 pessoas circulando pelos quase 10 000 metros quadrados dos dois terminais. Trata-se de um movimento 52% maior do que aquele que o aeroporto comporta.
Resultado: brasileiros e estrangeiros chegam a gastar até duas horas para enfrentar a fila da imigração, recolher as malas nas esteiras e passar pela alfândega nos voos domésticos, é necessário apenas retirar a bagagem. "A situação daqui só se compara à de aeroportos africanos", diz Dario Chemerinski, diretor da divisão internacional da empresa alimentícia Gomes da Costa, que viaja duas vezes por mês para o exterior. "É um verdadeiro congestionamento de gente." Ele não é o único a reclamar do inferno do desembarque. A chiadeira é geral.
A Infraero, empresa estatal que controla os aeroportos do país, considera aceitável um intervalo entre 45 minutos e uma hora para cumprir todo esse périplo. Os parâmetros internacionais recomendam uma espera de, no máximo, trinta minutos. No aeroporto Incheon, de Seul, inaugurado em 2001 e considerado o melhor do mundo pelo quarto ano consecutivo em pesquisa do Airports Council International (AIC), realizada em 108 aeroportos, a espera no desembarque não ultrapassa os tais trinta minutos. Para comportar um movimento de 30 milhões de passageiros por ano, Seul conta com cinquenta postos de alfândega e 120 de inspeção de passaporte. "Além dessa infraestrutura, a maioria dos bons aeroportos é administrada pela iniciativa privada", afirma Eduardo Flores, secretário regional do AIC na América Latina. "Isso ajuda no diálogo com órgãos como a imigração e a alfândega."
A demora na chegada reflete a saturação vivida pelo mais movimentado aeroporto da América do Sul. Projetado para receber 17,5 milhões de passageiros por ano, Cumbica fechou 2008 com 20,4 milhões de usuários e a projeção é que esse número ultrapasse 21 milhões neste ano. Aviso aos viajantes: a situação tende a se complicar nas férias de dezembro, quando o movimento costuma aumentar até 15%. "É no horário de pico que esse estrangulamento fica mais evidente", explica o engenheiro Oswaldo Sansone, especialista em planejamento de aeroportos da Escola de Engenharia Mauá e superintendente de Cumbica na década de 90.
Desde sua inauguração, em 1985, Guarulhos sempre teve de lidar com um movimento maior do que o que poderia suportar. Pensado inicialmente para ser um terminal doméstico, o aeroporto logo passou a receber voos da América do Sul e teve de improvisar a estrutura de imigração e de alfândega. "Naquela época, o governo militar queria que o principal aeroporto internacional do país fosse o do Galeão, no Rio de Janeiro", explica o engenheiro Nicolau Fares Gualda, professor de engenharia de transportes da Poli-USP e um dos idealizadoresdo projeto. Não deu certo. Em 1991, quando parte do terminal 2 entrou em operação, o primeiro já estava saturado.
Pressionadas por uma demanda cada vez maior, muitas companhias aéreas transferiram suas operações do Rio de Janeiro para São Paulo. Há cinco anos, a alemã Lufthansa, por exemplo, mantinha sete voos semanais de Frankfurt para São Paulo. Atualmente são doze. A espanhola Iberia também dobrou o número de voos diários desde 2004. E todas querem chegar ao Brasil no horário da manhã, mais conveniente para o passageiro que prefere viajar na madrugada e aproveitar o dia por aqui. "Hoje já não aceitamos mais novos voos entre 5 e 7 horas", diz o superintendente de Guarulhos, Jaime Parreira. "Estamos tentando ocupar os horários da tarde, quando o aeroporto fica mais ocioso."
O caos que reina na chegada a São Paulo é uma combinação de carências. Faltam tanto infraestrutura e espaço físico como também funcionários da Polícia e da Receita Federal para fazer literalmente a fila andar. A Infraero afirma que até 2013, quando deve ficar pronto o primeiro módulo do terceiro terminal, terá de quebrar a cabeça para ampliar os 10 000 metros quadrados disponíveis hoje para o desembarque. "Achar áreas livres no térreo, onde está localizada a chegada dos voos, é quase uma missão impossível", admite o superintendente Jaime Parreira. De fato, há pouca opção para crescer, mas uma das alternativas seria desapropriar lojas, cafés e outros pontos comerciais. No desembarque, poderiam começar pelo free shop, que ocupa mais metros quadrados que os setores de imigração e alfândega (veja as soluções dos especialistas mais abaixo). A Polícia Federal precisa investir na compra de mais máquinas leitoras de passaporte para povoar oito dos vinte guichês que estão vazios. Já à Receita cabe disponibilizar o mesmo efetivo que recruta para atender os passageiros na temporada de férias. "Isso acontece quando todas as esferas federais trabalham juntas", afirma Flores, da AIC.
Cumbica é uma cidade. Tem orçamento de 466,9 milhões de reais por ano. Diariamente passam por ali pelo menos 100 000 pessoas. Instalado em uma área de 13,7 milhões de metros quadrados, o aeroporto opera com apenas dois dos quatro terminais projetados. As 44 companhias aéreas nacionais e estrangeiras realizam 475 pousos e decolagens por dia. Aviões de quarenta modelos partem e chegam de 117 cidades espalhadas por 26 países. "Guarulhos é a principal porta de entrada de São Paulo e do país, mas conta com terminais que não suportam nem o fluxo de voos domésticos", afirma Nicolau Fares Gualda, professor de engenharia de transportes da Poli-USP. "É inadmissível que o maior aeroporto da América do Sul seja conhecido pelo excesso de burocracia e pela ineficiência de seus serviços".
Onde estão os gargalos
SETOR DE IMIGRAÇÃO
Quando há concentração excessiva de voos, os cerca de 1 000 metros quadrados destinados às filas de controle de passaporte da Polícia Federal em cada terminal ficam tomados de passageiros. A visão do labirinto de cordinhas, repleto de gente, é desanimadora. O congestionamento de pessoas chega a se espalhar pelos corredores que ligam os fingers à imigração. Há duas filas, uma exclusiva para brasileiros, que costuma fluir mais rápido, e outra para residentes no exterior. Os funcionários gastam de trinta segundos a um minuto e meio para verificar cada passaporte. Existem vinte guichês, mas não há funcionários em todos eles. Na sexta-feira (9), apenas doze funcionavam. "Faltam máquinas leitoras de passaporte para colocá-los em operação", diz a delegada Gilse Landgraf, coordenadora-geral de Imigração da PF. "Quatro delas, que estavam ociosas no Rio Grande do Sul, serão instaladas nos próximos quinze dias."
RETIRADA DE BAGAGENS
Cada um dos dois terminais dispõe de seis esteiras de bagagem, que, por sua vez, comportam as malas de até dois voos ao mesmo tempo. Ou seja: não há como atender mais que doze aeronaves simultaneamente em cada terminal. Quando isso acontece "e não é raro", cerca de 3 000 pessoas têm de se espremer, com carrinho e tudo, num espaço de 2 800 metros quadrados. Menos de 1 metro quadrado por passageiro. Efeito sardinha na certa.
ALFÂNDEGA
A última etapa obrigatória do processo de desembarque é a Receita Federal, que seleciona por amostragem os passageiros que terão a bagagem inspecionada. Podem ser retidas de 1% a 100% das pessoas, dependendo da origem do voo. Um funcionário, ao fim da fila, é responsável por apontar quem terá de abrir a mala, numa sala reservada. Segundo a Receita Federal, os dez agentes que trabalham por turno chegam a atender cerca de 2 500 passageiros por hora em cada terminal. Por isso, não raro, a fila costuma invadir a área das esteiras de bagagem. O efetivo dobra apenas em época de férias, quando o movimento aumenta em até 15%.
FREE SHOP
A Dufry responde por 22% da receita comercial do Aeroporto de Cumbica, estimada em 222 milhões de reais por ano. Mas o espaço que ocupa no terminal é maior do que o de muitos setores essenciais à circulação de passageiros. A butique se espalha por 1 516 metros quadrados, 50% mais do que os 1 008 metros quadrados do setor de controle de passaportes, por exemplo.
Chiadeira geral
‘Depois de ter passado uma noite inteira no avião, não é nada agradável ter de encarar até quarenta minutos na fila da imigração. E olha que sou francês naturalizado brasileiro desde 1997 e, por isso, a espera é na ala dos residentes, que costuma ser mais rápida que a de estrangeiros. Como viajo duas vezes por mês ao exterior, conheço muitos aeroportos. Em outros países existe espera no controle de passaporte, mas nada comparado ao que vivemos aqui.’ - Roland de Bonadona, diretor-geral da Accor Hospitality da América Latina
‘Viajo duas vezes por mês para países da África, do Oriente Médio e da América Central. O pior dia para desembarcar em Guarulhos é na segunda-feira pela manhã, das 4 às 8 horas. Já cheguei a ficar uma hora e meia na fila da imigração. É um verdadeiro congestionamento de gente. Como sei que vou me atrasar, sempre evito marcar reuniões na segunda cedo. A situação daqui só se compara à de aeroportos africanos.’ - Dario Chemerinski, diretor da divisão internacional da empresa alimentícia Gomes da Costa
‘Viajo para o exterior pelo menos dez vezes por ano. Acabo de voltar da China e do Japão. Sempre que regresso a São Paulo é como se passasse por um choque de civilizações. Perco pelo menos uma hora entre conseguir descer do avião, passar pela alfândega e deixar o aeroporto. Na época da epidemia de gripe A, cheguei a ficar duas horas na fila até ser liberada. Como sei que a demora é uma rotina em Cumbica, costumo viajar apenas com bagagem de mão.’ - Mayana Zatz, geneticista
‘Vivo em Miami desde 1994 e venho a São Paulo pelo menos três vezes por ano. Cansei de ver gente perder a conexão porque ficou presa na fila da imigração. Há muito mais agentes da Polícia Federal para fiscalizar a chegada dos brasileiros, que supostamente desembarcam com mais produtos importados, do que os estrangeiros, que vêm passar férias. Em Miami colocam o mesmo número de agentes nas duas filas. Deveria ser assim para agilizar o processo.’ - Dayse Martins, corretora de imóveis da Sotheby’s International Realty
‘Viajo cerca de seis vezes por ano para os Estados Unidos e países europeus e já me acostumei a gastar uma hora e meia de espera na imigração quando chego a São Paulo pela manhã. Apesar de morar aqui há dois meses, tenho passaporte sueco e preciso pegar a fila dos estrangeiros. Vejo que faltam pessoas trabalhando e uma maior organização.’ - Svante Hjorth, diretor-geral da empresa de telecomunicações Arycom
‘Nasci em Veneza e moro em São Paulo há cinco anos. Vivo no Brasil com visto de trabalho. Viajo com frequência para países da Europa e da América Latina. Perdi as contas de quantas vezes tive de aguardar até uma hora e meia na fila em Cumbica simplesmente porque a pessoa que me atendeu jamais tinha ouvido falar em um visto como o meu. Aí ela chamava o gerente, depois o chefe da Polícia Federal... O governo brasileiro precisa contratar mais pessoas para trabalhar na recepção de turistas e, acima de tudo, treiná-las melhor.’ - Matteo Murador, economista
O que pode e deve ser feito
Especialistas ouvidos por "Veja São Paulo" apontam algumas medidas viáveis que melhorariam a vida de quem chega a São Paulo em voos internacionais
PROPOSTA: ampliar Cumbica
Desde os anos 90, quando foi inaugurado o Terminal 2, a Infraero já falava em construir um terceiro setor para passageiros, com áreas exclusivas de imigração, alfândega e esteiras de bagagem, em Cumbica. A obra seria bancada pela empresa que administra os aeroportos brasileiros e deveria estar concluída em 2007. O tempo passou e nada foi feito. Somente em setembro último teve início o processo licitatório para a ampliação do aeroporto. Pelo novo projeto, está prevista a construção de um terminal de passageiros com 230 000 metros quadrados, um pátio com capacidade para até 44 aviões e um edifício-garagem com vagas para até 4 500 veículos. O Terminal 3 deve custar 1,6 bilhão de reais e levar quatro anos para ficar pronto. Na melhor das hipóteses, os 20 milhões de passageiros que passam por Cumbica anualmente verão a reforma concluída em 2013.
EFEITO: desafogaria o tráfego nos Terminais 1 e 2 e diminuiria o tempo entre o pouso do avião e a liberação do passageiro.
PROPOSTA: sobretaxar os horários mais concorridos para voos internacionais
Na Europa, as companhias se dispõem a pagar mais para ter o direito de explorar os horários mais procurados pelos passageiros. Com isso, viajantes atrás de passagens mais baratas optariam por voos que pousam em horários menos disputados. Críticos da medida argumentam que ela prejudicaria as empresas de pequeno porte, que não têm cacife para entrar nesse "leilão".
EFEITO: diminuiria o congestionamento de voos nos horários de pico e, consequentemente, as filas.
PROPOSTA: equipar melhor os guichês da Polícia Federal
Dos vinte guichês da Polícia Federal destinados a fiscalizar a documentação de passageiros brasileiros ou estrangeiros que chegam diariamente a Cumbica, apenas doze funcionam. E não é por falta de pessoal. De acordo com a delegada Gilse Landgraf, coordenadora-geral do setor de imigração da PF, os oito terminais restantes não operam por falta de maquinário específico para a leitura de passaportes. "Neste mês, pedimos à direção da PF para nos enviar quatro leitoras do Rio Grande do Sul", afirma. "Nos aeroportos de lá não há tanto movimento, e elas estavam ociosas." Descompassos como esse são bastante comuns na rede de fiscalização dos aeroportos. "O setor de imigração do Aeroporto de Guarulhos, que recebe 8,8 milhões de estrangeiros por ano, tem praticamente o mesmo número de fiscais da PF que o do Galeão, no Rio, que recebe 2,2 milhões de estrangeiros", diz Adalberto Febeliano, professor de economia do transporte aéreo na Universidade Anhembi Morumbi. Outro ponto delicado é a falta de treinamento de alguns profissionais terceirizados que lidam com turistas. Além de conhecimentos de inglês e espanhol, é desejável que esses atendentes saibam reconhecer os padrões de vistos de turismo, trabalho e de estudante exigidos pelo Brasil.
EFEITO: aumentaria a eficiência do serviço de imigração.
PROPOSTA: transferir a administração do Aeroporto de Viracopos para a iniciativa privada e torná-lo um novo polo para voos internacionais
Até a inauguração do Aeroporto de Guarulhos, em 1985, era Campinas, a 100 quilômetros da capital, que concentrava a maior parte dos voos internacionais que chegavam ou saíam do estado de São Paulo. De janeiro a agosto deste ano, Viracopos recebeu 1,9 milhão de passageiros em voos domésticos e apenas 1 785 em voos internacionais. Devido à proximidade da Copa de 2014, dirigentes da Iata, sigla em inglês da entidade que reúne 230 companhias aéreas de todo o mundo, têm se reunido com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e o Ministério da Defesa para pedir que Viracopos seja transferido para a iniciativa privada e volte a ser um terminal de vocação cosmopolita. "Não se trata de privatização, e sim de concessão, como aconteceu com as rodovias", explica um dirigente da Iata que prefere não se identificar. De acordo com ele, construir um terceiro aeroporto paulistano no prazo de três anos é inviável. "Um aeroporto internacional custa de 4 bilhões a 5 bilhões de dólares e leva de cinco a dez anos para ficar pronto."
EFEITO: desafogaria o tráfego de voos internacionais na capital e criaria um novo polo regional para conexões.
PROPOSTA: mudar os free shops e as lojas da área de desembarque para outro setor do aeroporto
Desde 1978, quando a antiga Brasif inaugurou o primeiro free shop do país, os brasileiros que voltavam de viagens ao exterior se habituaram a passar pela imigração e ir direto às compras. Sete anos depois, a empresa abriu uma loja de 1 516 metros quadrados bem ao lado da esteira de bagagens do Aeroporto de Guarulhos. A butique de importados, hoje pertencente ao grupo Dufry, ocupa quase um terço da área de desembarque internacional, que tem 5 000 metros quadrados. A filial que funciona no Terminal 2 tem exatamente o mesmo tamanho: 1 516 metros quadrados. É maior, por exemplo, que o setor de conferência de passaportes, que tem 1 000 metros quadrados. Na opinião de Anderson Correia, diretor da Sociedade Brasileira de Pesquisa em Transporte Aéreo (SBTA), a transferência dos pontos comerciais que ocupam o setor de desembarque para outras áreas do aeroporto seria uma solução para diminuir as filas. "Com o número de passageiros que recebe hoje, Guarulhos precisaria no mínimo de mais dez esteiras de bagagem, mas simplesmente não existe espaço onde alocá-las", explica.
EFEITO: poderiam ser aumentados tanto o número de esteiras de bagagem quanto o de cabines da Polícia Federal, usadas para conferência de passaportes.
Fonte: Maria Paola de Salvoe Sara Duarte (Veja São Paulo) - Fotos: Greg Salibian (Folha Imagem)