A tragédia aérea do Club Alianza Lima foi um acidente ocorrido na terça-feira, 8 de dezembro de 1987 e que deixou 43 mortes de pessoas associadas ao Club Alianza Lima. Foi a segunda tragédia ocorrida no futebol peruano, a primeira tragédia ocorreu com o Club Juan Aurich, em 1953.
Em 1987, o Alianza Lima ocupava o primeiro lugar da classificação do Campeonato Nacional e tinha uma partida marcada na cidade de Pucallpa, contra Deportivo Pucallpa.
Às 6h15 do feriado de terça-feira, 8 de dezembro de 1987, Dia da Imaculada Conceição, os 16 jogadores, a equipe técnica, um casal de dirigentes, médicos e adereços partiram para o aeroporto, onde se juntariam ao grupo itinerante, os árbitros que estavam iriam dirigir o jogo, como o síndico da ADFP (Associação Desportiva de Futebol Profissional) que iria verificar a bilheteria do jogo e também alguns torcedores que normalmente ficavam na arquibancada oeste, muitos deles do bairro Pueblo Libre, perto do aeroporto, por isso iriam sozinhos ao terminal aéreo.
A partir das 7h todos já estavam no aeroporto para iniciar os procedimentos de embarque para viajar a La Selva.
O avião partiria inicialmente às 8h30 conforme planejado. Alguns problemas na fiscalização do avião atrasaram sua saída de Lima.
Esse mesmo avião Fokker já havia transportado a equipe do Club Universitario de Deportes, que havia jogado no dia 29 de novembro de 1987 contra o Club Carlos Manucci, na cidade de Trujillo, o próprio Alianza Lima, algumas semanas antes, no dia 22 de novembro, quando enfrentou o Club Sportivo Cienciano, em Cusco.
Assim, após uma espera tensa e irritante, o avião finalmente conseguiu decolar de Lima depois das 9h, após quase 2 horas de espera.
A chegada a Pucallpa ocorreu por volta das 10h30 e ao chegar ao terminal aéreo daquela cidade, ao perceberem o atraso do ônibus que os levaria ao alojamento que haviam contratado, tiveram que contratar vários táxis para se locomoverem até a cidade.
A partida contra o Deportivo Pucallpa começou às 14h00 e correspondia à data 18 do torneio descentralizado de 1987. O Deportivo havia empatado em 0 a 0 seu jogo anterior, no sábado, dia 5, na província adjacente de Loreto, contra Hungaritos, e o Alianza Lima também vinha de um empate em 0 a 0 contra o Deportivo San Agustín, no domingo, 6 de dezembro.
O Deportivo, treinado pelo ex-jogador do Alianza Lima, o ex-glória Víctor "Pitín" Zegarra, foi formado naquela tarde com: Efraín Álvarez, Javier Rovai, Lizandro Navarro, Roger Pinchi, Javier Pérez, Alberto Cano, Gerardo Camacho, German Garagay, Méndez, Bardales, "Mememe" Carpio.
O Alianza que chegou ao estádio às 13h15, o que mal lhes deu tempo de aquecimento, troca de roupa e descanso para o almoço, entrou no campo do Estádio Oficial de Pucallpa com quase 5.000 pessoas que deixaram 387 milhões de soles em receita.
O time foi a campo com José Gonzáles Ganoza, Gino Peña, Daniel Reyes, Tomás Farfán Farfán, Cesar Sussoni, Carlos Bustamante, Jose Casanova, Aldo Chamochumbi, Luis Antonio Escobar, Alfredo Tomassini e Miltón Cavero, depois Johny Watson entraria quase no final do jogo no lugar de Miltón Cavero. A arbitragem foi realizada por Samuel Alarcón e Miguel Piña e Pucallpino Efraín Salas como juízes de linha.
O Alianza venceu a partida por 1 a 0 com gol de Carlos Bustamante. O Alianza Lima chegou aos 27 pontos, um ponto a mais que o Unión Huaral que com o empate contra o Utc em casa, por 1 a 1, perdeu a liderança.
Após o término da partida, por volta das 16h, o time se dirigiu ao hotel Komby a poucas quadras do estádio Oficial, tomou banho e se dirigiu ao aeroporto, também próximo ao hotel, o voo deveria sair para Lima às 17h30h.
A delegação estava pronta para partir, mas como naquela manhã também haveria inconvenientes, desta vez não aspectos técnicos da aeronave, mas sim o contador do clube, Sr. Jorge Chicoma, que se atrasou no estádio para receber a parte do clube, estava desaparecido.
Depois de quase uma hora de espera por Jorge Chicoma, o voo finalmente conseguiu partir para Lima, às 18h30, horário incomum para sair daquela região do país, principalmente para aquele classe de aviões por ter que cruzar a serra à noite.
Durante a aproximação para Lima, a tripulação notou uma indicação de que o trem de pouso do nariz não travava. Um sobrevoo baixo foi realizado para permitir que a torre de controle de tráfego aéreo do Aeroporto Jorge Chávez verificasse se o equipamento estava completamente abaixado.
O equipamento parecia bom e o voo foi reposicionado para outra aproximação, porém, às 20h10, a comunicação com a torre de controle foi completamente perdida.
Em meio à escuridão, por volta das 20h15, a aeronave colidiu com a água, a poucos quilômetros do Aeroporto Internacional Jorge Chávez, próximo ao povoado Chalaca de Ventanilla.
A notícia só foi do conhecimento de militares da Marinha, que enviaram pessoas especializadas em busca de sobreviventes e parte do navio no mar.
A primeira pessoas fora da esfera militar que soube da notícia foi Teófilo Cubillas, que chegou naquela meia-noite vindo de Montevidéu, no Uruguai. em que havia competido com a seleção master peruana junto com alguns dos que poderiam ter viajado naquela tarde, Javier Castillo, ex-zagueiro do Alianza Lima e na época assistente técnico de Marcos Calderón que estava de licença para poder ir jogar aquele torneio em Montevidéu. Cubillas não acreditou na notícia que lhe deram na saída dos voos internacionais do aeroporto.
Outro dos primeiros a saber da notícia foi Alfonso Rospigliosi, que recebeu um telefonema às 00h30 de quarta-feira, 9 de dezembro, em sua casa, de responsáveis pelas operações do avião, para lhe dar a notícia, ligando para ele no número sua casa. Este meio adormecido recebeu a notícia e tentou entrar em contato com o presidente da Alianza, Agustín Merino para confirmar o fato, mas não conseguiu localizá-lo.
O presidente do clube havia ouvido um boato sobre o acidente poucos minutos antes, em um restaurante onde jantava naquela noite. Ao saber desse boato, dirigiu-se imediatamente ao aeroporto, e de lá a notícia começou a se espalhar até que, à 1h da madrugada, a Rádio RPP (Programas de Rádio do Peru) lançou uma notícia urgente, indicando que o avião onde viajava a equipe Alianza havia se perdido, sem que se soubesse nada sobre eles.
O jornal "El Nacional" foi o único que publicou na primeira página o desaparecimento do avião do Alianza Lima, na quarta-feira, dia 9 pela manhã. Nenhum outro jornal noticiou o assunto, até no dia seguinte, para quem já havia fechado as redações mais cedo naquele feriado de terça-feira.
A manhã de quarta-feira, dia 9, amanheceu convulsionada pelas notícias, não só em Lima, mas em todo o Peru, pois a RPP manteve todo o país informado sobre o acontecimento e na televisão o noticiário matinal "Buenos Días Perú" fez o mesmo.
A incerteza naquela manhã era total, nada se sabia se tinham encontrado o avião considerado desaparecido, se havia sobreviventes, nada se sabia, a informação era nula ou restrita. O pouco que os familiares e o público em geral foram informados através dos boatos que passaram de "boca a boca" vindos de pessoas próximas a La Marina, mas não houve informação oficial.
Às 4h30, o piloto da aeronave e último sobrevivente, Edilberto Villar Molina, foi encontrado flutuando sobre os restos da fuselagem. Inicialmente três ocupantes sobreviveram ao impacto, mas apenas o piloto foi resgatado com vida.
Pouco depois do meio-dia daquela quarta-feira, 9 de dezembro, começou a saber-se que não havia mais sobreviventes, pois era muito improvável que conseguissem aguentar mais de 16 horas na água, correndo o risco de morrer por hipotermia ou afogamento.
As esperanças eram mínimas, mas isso não fez com que a maioria dos familiares, por não receberem notícias de seus entes queridos, começassem a percorrer diversos hospitais da capital.
Era época de repressão militar e as famílias receberam várias ameaças por parte de agentes da Marinha quando questionavam sobre o paradeiro de seus entes queridos desaparecidos no acidente.
As famílias começaram a perder a esperança depois de dias sem conseguir encontrar seus entes queridos e tudo virou tristeza e decepção, passando rapidamente da esperança à decepção e à dor.
Até que o mar começou a empurrar para a costa os primeiros corpos. Eram os da aeromoça Carmen Quiñones, o de Rafael Ponce, um primeiro-tenente aposentado que viajava como torcedor, o do tripulante Domingo Mercedes, uma amiga próxima chamada Nora Sánchez, dois membros do clube, o auxiliar Andrés Eche e o médico Orestes Suárez, que substituía Ramón Aparicio que, por sorte, não pôde viajar, pois estava no tour da equipe master assim como Javier Castillo. Foram os primeiros seis corpos que chegaram à costa na tarde de quarta-feira, 9 de dezembro.
O primeiro corpo de jogador devolvido pelo mar foi o de Tomás Farfán, no dia 15 de dezembro, junto com o corpo de César Lozano e Miguel Piña. No dia 16, o mar levou os corpos de Ignacio Garretón, Braulio Tejada, Daniel Reyes e Santiago Miranda, o líder da equipe, Na quinta-feira, dia 17, apareceram os corpos de Gonzáles Ganoza, Johny Watson, Milton Cavero, César Sussoni, Aldo Chamochumbi e do torcedor Oscar Colmenares. No dia 20 encontraram o corpo de José Casanova e José Vergara, um auxiliar de 15 anos. Poucos dias depois encontraram o corpo de José Mendoza e no dia 25, o de Marcos Calderón.
Alfredo Tomassini Aita, Luis Escobar Aburto, Gino Peña Escudero, William León e Carlos 'Pacho' Bustamante nunca apareceram. Cinco corpos nunca puderam descansar em paz e se despedir de familiares e amigos. A caixa preta do avião nunca foi encontrada.
No total, 43 pessoas perderam a vida no acidente: 16 membros da equipe, 6 membros da comissão técnica, 4 assistentes, 8 membros da torcida, 3 árbitros e 6 tripulantes.
Após o acidente, sentiu-se no Peru um sentimento de confusão e profunda tristeza geral. Milhares de pessoas estiveram presentes em missas, festas de homenagem e romarias; Segundo eles, foram "da vitória à glória”.
Tanto políticos como representantes de instituições também expressaram as suas condolências. O então presidente do Peru, Alan García Pérez, bem como o cardeal Juan Landázuri Ricketts e vários ministros de Estado foram aos eventos públicos e a maioria deles se declarou membros da torcida do Alianza desde crianças.
A notícia do acidente correu o mundo. Bobby Charlton, de Londres, expressou publicamente sua tristeza ao saber do ocorrido. Pessoalmente, ele viveu algo semelhante com a tragédia de Munique, em 6 de fevereiro de 1958, onde morreu parte do time do Manchester United. Da mesma forma, o clube uruguaio Peñarol disputou a Copa Intercontinental em Tóquio com crepes pretos na camisa, num gesto de solidariedade à seleção peruana.
Um drama muito forte cercou a Cerimônia de Despedida. A última bola com que os Colts jogaram em Pucallpa foi resgatada do mar e exposta aos olhos de todos os torcedores da Aliança como a última lembrança dos que morreram em Ventanilla.
Em amistoso, o Alianza enfrentou o Independiente da Argentina no estádio Alejandro Villanueva, onde o time azul e branco perdeu por dois gols a um. José Velásquez Castillo marcou o único gol do Alianza, que foi o momento mais emocionante da partida.
A investigação e o acobertamento
As investigações sobre o acidente foram iniciadas pelo Ministério Público Civil, que recolheu o depoimento do piloto - quando este ainda se encontrava no Hospital Naval -, até que os militares intervieram e não permitiram o prosseguimento da investigação, dificultando qualquer tipo de contato com a polícia, impedindo que o piloto fornecesse mais informações, além do que já havia dado no seu primeiro depoimento.
A investigação passou então para as mãos do “Conselho de Investigação de Acidentes Aéreos da Aviação Naval”, que estava a cargo do capitão Edmundo Mercado Pérez, e que por fim escondeu o relatório final, que só veio a público em 2006, 19 anos após o acidente, através de uma reportagem veiculada pelo programa político "La Ventana Indiscreta".
Aí então ficaram verdadeiramente conhecidos os motivos deste horrendo acidente que ceifou a vida de 43 pessoas.
A reportagem dos jornalistas Enrique Flor e César Hildebrant Chávez (veja os vídeos abaixo) indicou que Mercado Pérez escondeu o relatório final e o levou consigo quando se aposentou em 1988, um ano depois do acidente e por essa aposentadoria recebeu uma indenização tão boa que se mudou para Miami comprando uma casa naquela cidade, levando consigo a verdade sobre a tragédia.
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Esse relatório foi apresentado aos seus superiores, Contra-Almirante Roberto Duboc Meza e Vice-Almirante Juan Soria Díaz. Os oficiais Fernando Zavala Claux, Carlos Arana Tenorio, Lorenzo Vargas Alfaro, Juan Koster Arauzo e Jorge Morante Bardell também tiveram conhecimento do relatório silencioso e esconderam todo tipo de informação sobre isso.
Vergonhosas também foram as declarações do ex-presidente da Alianza Lima, Agustín Merino, que, ao ser questionado pelo repórter César Hildebrandt Chávez sobre a possibilidade de a Alianza processar a Marinha se o relatório oculto fosse conhecido em 1988, destacou o seguinte: “O clube é um clube esportivo, não é um clube de provas ou de lutas ou qualquer uma dessas coisas. Cada família tem que resolver isso, é poder de cada família resolver os seus problemas. Não precisamos resolver problemas que não são nossos. Por mais que tenha acontecido o que aconteceu com o clube, ele não se envolveu em nada. Menos com a Marinha, em nenhum sentido.”
Entre os documentos encontrados na casa do responsável pela investigação, em West Palm Beach, estava um compêndio do Relatório Final do acidente elaborado por Mercado Pérez e que foi submetido ao então Comandante Geral da Marinha, em 10 de maio de 1988, com o objetivo de tramitar o acervo da apólice com a Companhia de Seguros Popular y Porvenir.
Num resumo de 11 páginas, Mercado conclui que o Fokker 27 caiu no mar devido a “erro humano”. Em resumo, a responsabilidade recaiu sobre o piloto, o Tenente Edilberto Villar, e o copiloto, Tenente Fernando Morales Dapuetto.
Mas as poucas horas de voo registradas pelos pilotos da Marinha não foram um problema apenas para os pilotos do Fokker 27. O relatório secreto do Comandante do Grupo Aeronaval Número 2, Capitão Gustavo Salcedo Williams, detalhava a falta de peças de reposição e a disponibilidade limitada de voos de helicóptero para treinar pilotos em voos reais neste tipo de aeronave.
Segundo relatórios da Marinha, Villar registrou 1.170 horas de voo no F-27, das quais 102 foram como comandante de aeronave. Quando ocorreu o acidente, Villar era comandante de aeronave há um ano.
Segundo a investigação, o F-27 decolou de Pucallpa em direção a Lima na terça-feira, 8 de dezembro, às 18h31 e não às 17h20 como previsto, porque um membro da delegação da Alianza Lima, responsável pela coleta no bilheteria do jogo contra o Deportivo Pucallpa, atrasou e só embarcou no F-27 às 18h15. Isso significava que parte do voo para Lima e o pouso ocorreriam à noite.
A este respeito, a investigação do Mercado Pérez detalha que nos três meses anteriores ao acidente, Villar realizou apenas 12 horas de voo por instrumentos no F-27. Voando à noite mal acumulou cinco horas. No último mês ele não registrou uma única hora de voo noturno.
Durante essa investigação, os chefes de Villar garantiram que o então tenente tinha capacidade suficiente para comandar a aeronave. Em relação a Morales, as opiniões foram mais conservadoras. Mas a verdade é que os relatórios oficiais da Marinha detalham que ele mal registrou uma hora de voo noturno nos três meses anteriores ao acidente.
Segundo a investigação do Mercado Pérez, ocorreu uma série de eventos: a luz do trem de pouso dianteiro ficou laranja (indicando que algo estava errado); Villar começou a revisar os manuais de procedimentos – que estavam escritos em inglês, língua que ele não dominava – e entregou o comando a Morales; Sem perceber, pilotou a aeronave descendo em direção ao mar; e quando Villar tentou retificar, já era tarde demais. O avião caiu nas águas de Ventanilla.
Contudo, a conclusão desta soma de fatores não incluiu a negligência dos comandos da Marinha em oferecer um serviço de transporte para civis sem destinar o orçamento necessário para oferecer treinamento adequado aos seus pilotos. As acusações focaram em Villar e não na manutenção da aeronave. Em 29 de julho de 2008, Mercado Pérez, investigador da Marinha, morreu de câncer generalizado em um hospital de West Palm Beach.
Muitas polêmicas foram tecidas em relação à queda do avião, muitas hipóteses, obviamente nunca esclarecidas, dizia-se, por exemplo, que o avião trazia drogas da selva para Lima, como essas declarações polêmicas de pessoas próximas aos jogadores de futebol falecidos.
“Para mim está claro: o avião transportava drogas e os marinheiros desceram do avião. Eu tenho pistas. A caderneta eleitoral do meu marido estava quase intacta, só com um pouco de água. Você acha que com a água salgada do mar aquele caderno vai ficar assim? Não, com tantos dias no mar, aquele caderno teria que ser destruído. Certamente os marinheiros colocaram um pouco de água para passar despercebido. Tenho certeza que sequestraram os meninos com a intenção de fazê-los desaparecer, e foi isso que fizeram. Houve outro fato: a cueca de Marcos Calderón tinha uma mancha de sangue que, segundo sua esposa, já existia antes do acidente. Como é possível que depois de tantos dias no mar aquela mancha de sangue ainda esteja lá? Por outro lado, as pastas e os chimpanzés estouraram, que estranho não é? Acredito que os jogadores que não apareceram porque foram baleados. Certamente eles se opuseram aos militares. “Meu marido apareceu 8 dias depois, mas não sei como o mataram.” declarou Ofelia Bravo, viúva do jogador Tomas “Pechito” Farfán, em entrevista.
Outros afirmam ter visto o corpo de José Gonzáles Ganoza com buracos de bala no necrotério de Lima, tudo sem confirmação, é claro.
A reconstrução do time de futebol
Muitos clubes, dirigentes, em geral todo o mundo do futebol, manifestaram solidariedade ao Club Alianza Lima, que estava quase arrasado, sem nada, apenas alguns dirigentes e alguns outros membros médicos, um membro do comando técnico e apenas oito jogadores que conseguiram se salvar não viajando com a equipe.
Alguns clubes peruanos concordaram em emprestar jogadores para o novo Alianza Lima que estava por vir, como Utc, Manucci, Universitario de Deportes, Deportivo Municipal entre outros e até clubes estrangeiros como o Colo Colo do Chile.
A última bola tocada pelo falecido foi trazida de Pucallpa por “Pitín” Zegarra e doada ao clube |
O Universitario deu aos jogadores Luis Carmona e um muito jovem Juan Carlos Bazalar, que devido à sua juventude recusou-se a transferir-se para o seu rival de longa data, pois esperava lutar para ser titular no seu clube. Devido a coisas do destino, anos depois ele iria para a Alianza Lima como uma figura altamente respeitada e reconhecida.
O Colo Colo enviou 4 jovens jogadores como José Luis Letelier, terceiro goleiro do time "cacique", atrás do argentino Daniel Morón e do "Rambo" Marcelo Ramírez, Parcko Quiróz, zagueiro com boa projeção mas pouco utilizado na seleção chilena, o atacante René Pinto e o meio-campista Juan "Candonga" Carreño, jogadores que, não tendo lugar na equipe principal do "cacique" comandado por Arturo Salah, concordaram em viajar a Lima com todas as despesas pagas pelo Colo Colo, exceto Carreño que recusou-se a viajar e nem queria saber de sair de Santiago. Assim, Francisco Huerta o substituiu, outro jovem meio-campista como Carreño, mas com grande desejo de glória.
E foi assim que se formou o novo Alianza. Vários jogadores que estavam livres em 31 de dezembro de 1987 e muito próximos do clube se ofereceram para poder montar o novo time, jogadores como Teófilo Cubillas que voltou ao clube de seus amores, Jose Velasquez que estava no Deportes Iquique do Chile e rescindiu contrato para voltar ao clube que lhe deu glória, e outros como Roberto Rojas do Sporting Cristal, que rescindiu contrato no dia 31 e voltou também, e mais alguns como Maurinho Mendoza do Cni de Iquitos, Eduardo "Sampri" Saavedra e Osvaldo Flores do Deportivo Municipal, Luigi Dietz do Sport Boys também foram emprestados, assim como o retorno de Wilmar Valencia do futebol salvadorenho, e jogadores juvenis como Manuel Vinces, Jorge Vallejos e vários outros também foram promovidos ao time titular.
Uma nova equipe foi formada |
Com o apoio do diretor técnico do "cholo" Rafael Castillo, que era responsável pela parte de treinamento do clube nas divisões menores, é que esse novo Alianza foi montado e eles fizeram o clube renascer das cinzas e voltar a ser o maior e mais popular do país como no passado, como desde 1901.
E aquele novo Alianza, reforçado por alguns jogadores e ex-jogadores, voltou a pisar um campo de futebol, na quinta-feira, 17 de dezembro de 1987. nove dias depois desse doloroso incidente, com uma partida de homenagem contra o Independiente de Avellaneda, que deu uma grande mão enviando gratuitamente seu time quase titular, além das despesas operacionais e de transporte para poder jogar em Lima, aquele time comandado pelo "pato" José Pastoriza.
Amistoso contra o Independiente em 17 de dezembro |
A Universidade Católica do Chile e a Universidade de Esportes também fizeram isso naquela tarde, todo o dinheiro arrecadado foi para os familiares das vítimas, não só os jogadores, mas também árbitros, torcedores, etc. Foi tudo solidariedade naquela noite de dezembro antes do Natal.
O Alianza Lima terminou o campeonato de 1987 jogando com jovens jogadores e alguns jogadores emprestados pelo clube chileno Colo-Colo. A opinião pública chilena ficou sensibilizada com isso, devido ao acidente de avião em que grande parte do elenco da Cruz Verde perdeu a vida em 1961 e ao acidente dos jogadores de rugby uruguaios em 1972.
O novo time do Alianza em 1988 |
Todas as vítimas do acidente foram:
* Seus corpos foram encontrados dias após a tragédia.
** Seus corpos nunca foram encontrados.
Jogadores
- José "Caíco" González Ganoza *
- César Sussoni *
- Tomás “Pechito” Farfán *
- Daniel Reis *
- Johnny Watson *
- Bráulio Tejada *
- José “Sombra” Mendoza *
- Gino Pena **
- Aldo Chamochumbi *
- Carlos “Pacho” Bustamante **
- Milton Cavero *
- Luís Antonio Escobar **
- Ignácio Garretón *
- José Casanova *
- Alfredo Tomassini **
- Guilherme Leão **
Equipe técnica
- Marcos Calderón (diretor técnico) *
- Andrés Eche Chunga (adereço)
- Washington Gómez (líder)
- Rodolfo Lazo Alfaro (cinesiologista)
- Rolando Gálvez Niño (preparador físico)
- Orestes Suárez Galdós (traumatologista)
- Santiago Miranda Mayorga (líder de equipe) *
- José Vergara (assistente de cena de 15 anos) *
- Jorge Chicoma (tesoureiro)
Árbitros
- Manuel Alarcón
- Samuel Alarcón
- Miguel Pina *
- Víctor Barco (membro da ADFP)
- Nora Sánchez Díaz (parente)
Torcedores
- Eugênio Simonetti Gonzales
- José Errea Pintado
- Júlio Cáceres Rey
- Óscar Colmenares Urteaga *
- Rafael Ponce Gonzales
- Alemão Lozano Merea
- César Lozano Merea *
- Miguel Ruiz Espejo
Tripulação
- Fernando Morales Dapuetto (copiloto)
- Abraão del Portal
- José Vicente Rivas
- Domingo Mercedes Miranda
- Carmem Quiñonez Chávez
Especulações e rumores
Embora o relatório de 2006 tenha deixado claro o que aconteceu naquela noite de 8 de dezembro de 1987, muitas histórias surgiram como resultado do acidente. Em diversas entrevistas sobre o assunto, as narrativas concordam que a tragédia foi construída de forma suspeita em meio a um clima de políticos corruptos, traficantes de drogas e da Marinha Peruana. Além disso, o ambiente que existia naquele país nos últimos anos da década de 1980 era caracterizado pela derrocada económica, bem como pela corrupção, pelo terrorismo e por uma forte recessão.
Outra especulação foi que o jogador Alfredo Tomassini teria sobrevivido junto com o piloto do avião, e inclusive teria tido uma conversa ainda nos destroços do avião. Também foi dito que tudo se deveu à inexperiência de alguns jogadores da Aliança, que ao pousarem ficaram nervosos e espalharam o pânico entre os companheiros. O piloto, diante desse fato, saiu da cabine por alguns instantes para se acalmar. Porém, ao retornar não conseguiu recuperar o controle, causando o acidente.
Foi feito um filme inspirado na queda do avião, o F-27, porém este filme é inspirado nos fatos, mas não pretende ser uma narração fiel dos mesmos.
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