segunda-feira, 13 de novembro de 2023

Piloto que desligou motores de avião no ar disse que comeu “cogumelos mágicos”

Declaração do funcionário da Alaska Airlines foi dada ao The New York Times em uma reportagem publicada na sexta-feira (10)


Um piloto da Alaska Airlines acusado de tentar desligar os motores de um avião durante o voo disse ao The New York Times que foi afetado por cogumelos psicodélicos que ingeriu dois dias antes da viagem.

Joseph Emerson, 44, disse ao Times, em uma matéria publicada na sexta-feira (10), que comeu cogumelos no fim de semana em Washington (EUA) em uma celebração da morte de seu melhor amigo.

Ele disse que pensou que estava sonhando enquanto voltava para a Califórnia no assento da cabine de um voo da Horizon Air em 22 de outubro.

De acordo com um depoimento apresentado pelos promotores, Emerson disse aos investigadores que “tinha consumido ‘cogumelos mágicos’ aproximadamente 48 horas antes” do incidente.

“Achei que parando os dois motores, o avião começaria a se encaminhar para um acidente, e eu acordaria”, disse Emerson ao Times em uma sala de visitação na prisão do condado de Portland, Oregon, onde recebeu 83 acusações de tentativa de homicídio.

O piloto disse que nunca comeu cogumelos anteriormente e que os ingeriu por insistência de um participante do evento.

Emerson disse que tem lidado com uma depressão persistente desde a morte de seu amigo em 2018.

Naquela noite, na hora de dormir, ele disse que começou a se sentir desconfortável, como se seus amigos pudessem machucá-lo. “Eu tinha medo deles”, disse ele. “Comecei a ter a sensação de que isso não era real”, disse Emerson ao New York Times.
Emerson disse que começou a se preocupar com a segurança de sua esposa e filhos, juntamente com um relacionamento distante com seu irmão. “Pensei em muitas coisas traumáticas: ‘Estou morto? Isso é um inferno?’”, disse ele. “Estou revivendo esse trauma”.

Efeitos da droga

O professor Matt Johnson, da Universidade Johns Hopkins, estuda psicodélicos e outras drogas. Ele disse à CNN no mês passado que é improvável que a substância do cogumelo tenha permanecido no sistema do piloto 48 horas depois de ele ter usado a droga.

Os efeitos prolongados da substância psilocibina, privação de sono e depressão, poderiam ter criado “uma tempestade perfeita”, disse Matt Johnson, na qual Emerson estava experimentando mudanças comportamentais ou desrealização, que é uma sensação de estar desligado do ambiente que foi descrito como um filme.

No dia do voo, que partiu de Everett, Washington, o estado de sonho do piloto persistiu a bordo do avião, disse ele ao Times. Ele mandou uma mensagem para o amigo que o deixou no aeroporto dizendo que estava “tendo um ataque de pânico”.

“Mande lembranças… preciso estar em casa”, disse Emerson ao responder. Seu amigo acrescentou: “Faça seus exercícios respiratórios”, que Emerson disse ter ouvido como áudio em seu fone de ouvido.

Foi quando ele tirou o fone de ouvido da cabine e gritou para os pilotos pedindo ajuda. Quando nada aconteceu, Emerson disse que puxou as alavancas de fechamento, convencido de que estava imaginando tudo.

Enquanto era algemado por um comissário de bordo na parte de trás do avião, Emerson disse que enviou várias mensagens de texto, incluindo uma para sua esposa: “Cometi um grande erro”.

Emerson disse ao New York Times que sua confusão continuou enquanto estava em uma sala de detenção no aeroporto de Portland, onde ele se despiu, urinou em si mesmo e tentou pular de uma janela na tentativa de acordar.

Emerson disse ao Times que quer ser transparente e que nunca teve a intenção de machucar ninguém. Ele admitiu ter lutado contra uma depressão persistente em silêncio, temendo ser impedido de voar.

“Não sei se algum dia voltarei a pilotar um avião”, disse Emerson. “Eu realmente não sei. Eu tive um momento em que isso se tornou óbvio. E eu lamento isso”.

Uma acusação de Emerson está marcada para ser julgada em 30 de novembro. A CNN entrou em contato com o advogado de Emerson para comentar, mas não obteve retorno até momento.

Via CNN

Nenhum comentário: