O ensino técnico e tecnológico continua sendo uma quimera no Brasil. Faltam escolas técnicas e centros de desenvolvimento tecnológico em todo o país.
Por outro lado, a qualidade daquilo que existe deixa muito a desejar. Apenas como exemplo, os cursos técnicos de hotelaria falham em um quesito essencial: o ensino de idiomas.
Como sediar uma Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos com monoglotas em nossos hotéis? É o que infelizmente nos espera. Esse é o Brasil dos bacharéis. A política pública de educação não brinda o ensino técnico e tecnológico. Prefere formar bacharéis para um mercado que precisa de técnicos.
Faltam, assim, construtores, mestres de obra, serralheiros, costureiros, cabeleireiros, hoteleiros, soldadores, mecânicos, técnicos em informática, secretárias, nutricionistas. Enfim, falta formar especialistas. Os investidores locais importam mão de obra para trabalhar nos projetos de governo, nos três níveis da Federação. Mais recentemente, a indústria, o comércio e até mesmo o setor de serviços recorreram ao mesmo expediente.
Isso faz do Brasil uma economia de forte atração de emprego no setor em que mais deveria estar desenvolvido. Outras economias do chamado Brics, bloco econômico preferencial nos investimentos globais, mantiveram políticas públicas em sentido diverso.
Países como a Índia impulsionaram o ensino técnico e tecnológico para atender os investimentos industriais estrangeiros. Hoje contam com um polo de atração do chamado "outsourcing".
Ou seja, recebem tomadores de serviços técnicos, empresas globais que decidem instalar parte ou até mesmo toda sua área administrativa nessas jurisdições. Essa é uma questão de decisão para as futuras gerações. O bonde para esta década que começa já passou para o Brasil.
Por: Fernando Zilveti (livre-docente pela Fadusp e professor da GV Administração - SP) via jornal Folha de S. Paulo
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