Avião saiu de Congonhas, em São Paulo, e pousou no Rio de Janeiro.
A Gol realizou nesta terça-feira (19) seu primeiro voo experimental com biocombustível, aproveitando os atuais debates sobre sustentabilidade motivados pela realização da Rio+20 no Rio de Janeiro. O voo saiu de São Paulo no início da tarde, com destino ao Rio de Janeiro.
Os passageiros, contudo, estão longe de poder voar num avião com o chamado “querosene verde”, pois a utilização ainda não é economicamente viável, de acordo com Adalberto Bogsan, vice-presidente técnico da companhia aérea. “Todos os cronogramas que nós temos é de 10, 20 aos de pesquisas a mais para você conseguir atingir escala suficiente para conseguir abastecer todos os voos. A previsão é do uso para longo prazo, dentro de 10 a 20 anos", afirmou.
Avião da Gol, que fez primeiro voo com biocombustível
O bioquerosene usado pela Gol é feito pelo processamento de óleo vegetal e gorduras animais e, segundo a companhia aérea, atende às especificações do protocolo que determina uma proporção mínima de 50% de bioquerosene no combustível usado.
O combustível, contudo, foi importado dos Estados Unidos, tendo em vista que a indústria nacional ainda não produz o produto para larga escala, de acordo com Donizete Tokarski, diretor superintendente da União Brasileira do Biodiesel (Ubrabio). "O voo foi feito com óleo de milho e gordura animal. Nossa linha de pesquisa, na verdade, é em cima de pinhão-manso e camelina, que são sementes produzidas no Brasil", disse Bogsan.
De acordo com Bogsan, o voo desta terça emitiu de 10% a 25% menos poluentes na atmosfera, mas um voo com 100% dos tanques com biocombustível pode chegar a poluir 80% menos.
A empresa, que encerrou o primeiro trimestre deste ano com prejuízo líquido de R$ 41,4 milhões, informou, porém, que não teria condições financeiras de usar o biocombustível em seus voos, que pode custar de três a até oito vezes mais do que o combustível tradicional. "Se a gente fosse comprar esse combustível para nossa linha normal, hoje não teríamos condições", afirmou.
'Rota verde'
Também nesta terça, o secretário-geral da Organização da Aviação Civil Internacional (ICAO), Raymond Benjamin, finalizou uma rota de quatro voos parcialmente abastecidos com combustíveis alternativos sustentáveis, derivados de plantas e óleos de cozinha reciclado. Ele saiu de Montreal, no Canadá, passou pelo México, São Paulo e chegou ao Rio de Janeiro. De acordo com ele, a aviação tem uma cota de 2% na emissão mundial de CO2.
Para o presidente da Ubrabio, Juan Diego Ferrés, que participou do evento da ICAO no Rio, nesta terça, as iniciativas são importantes para viabilizar a utilização comercial do biocombustível nos voos de companhias aéreas brasileiras. De acordo com ele, a entidade tem como meta a utilização do bioquerosene em 25% do total de combustível usado nos voos nacionais em um prazo de 20 anos, o equivalente a 6 bilhões de litros.
"É questão de alavancar recursos, de tornar isso uma coisa economicamente viável", disse Jane Hupe, diretora de Meio Ambiente da ICAO.
O ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, que também participou do evento, afirmou que, de fato, ainda não é economicamente viável a utilização do biocombustível nos voos no país. "Quando inventaram a eletricidade também não era economicamente viável (...). Não sei [quanto tempo pode demorar], isso demanda muito tempo, mas estamos no caminho", disse.
Também nesta terça, a Azul fez seu primeiro voo com uso de biocombustível, saindo de Campinas, no interior de São Paulo, também para o Rio de Janeiro.
Fonte e foto: Gabriela Gasparin (G1, no Rio)
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