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Diante da iminência da saturação dos meios convencionais de comunicação aeronáutica, o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea), órgão vinculado à Aeronáutica, já realiza testes com o novo sistema de controle de tráfego aéreo, o CNS/ATM, que deve ser adotado em todo o País até 2020. O CNS/ATM é fruto de uma série de encontros mundiais realizados a partir da década de 1980, que debatem desde então uma alternativa ao sistema convencional.
Atualmente, os sistemas de comunicação utilizados em larga escala na aviação mundial são baseados no rádio, através de canais de voz nas frequências HF (high frequency, ou alta frequência, em inglês) e VHF (very high frequency, frequência muito alta). A VHF é a mais utilizada, com sinal mais claro, sem chiados e de fácil compreensão. Entretanto, tem limitações quanto ao seu raio de difusão, o que obriga o uso das frequências HF em viagens de longas distâncias, principalmente em voos sobre o oceano, onde não há cobertura por radares.
Com a demanda crescente na aviação, o sistema convencional representa um gargalo para o setor, devido às restrições e limitações naturais de um canal único para emissão e recepção de áudio e das comunicações por voz. Atualmente, só no Brasil, mais de 60 milhões de passageiros cruzam os céus do País por ano em voos regulares, segundo a Força Aérea Brasileira (FAB).
Novo padrão prevê uso de satélites
O CNS/ATM foi consolidado em 1991, durante a 10ª Conferência de Navegação Aérea. A sigla é uma referência às quatro atividades enfocadas pelo novo padrão: comunicação aeronáutica, navegação, vigilância (surveilance, em inglês) e gerenciamento de tráfego aéreo (air traffic management, ou ATM).
O novo padrão prevê que as comunicações aéreas serão exercidas essencialmente por meio de dados, em detrimento da voz - que servirá apenas para casos de emergência, quando não for possível a comunicação via satélite. Desse modo, será possível a troca perfeita de dados e voz em qualquer lugar do planeta, "mesmo nas áreas mais remotas ou oceânicas", segundo a FAB.
Entre as novas ferramentas do CNS/ATM está o CPDLC (comunicações entre piloto e controlador via enlaces e dados, na sigla em inglês), através do qual os pilotos podem fazer requisições e repassar informações aos controladores de voo, através de comandos de texto. O mesmo equipamento tornará possível, através de uma tela de interface na cabine do avião, a leitura de orientações e liberação de ações.
'Apagão aéreo' de 2006
Em 2006, os controladores de tráfego aéreo do Brasil começaram a organizar uma greve da categoria, denunciando más condições de trabalho no setor. O estopim da crise foi o acidente envolvendo o voo 1907 da Gol, em 29 de setembro de 2006, que provocou a morte de todos os 154 ocupantes da aeronave. Na ocasião, oito controladores foram afastados para investigações de possível falha operacional, o que gerou revolta entre colegas.
A situação chegou ao ápice no dia 30 de março de 2007, quando a greve dos controladores fechou todos os aeroportos do País. A crise só foi contornada à 0h30 do dia seguinte, depois que o então ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, prometeu gratificações aos controladores, a desmilitarização do setor, o plano de carreira e a abertura da comissão parlamentar de inquérito (CPI) do Apagão Aéreo.
Fonte: Terra
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