terça-feira, 22 de junho de 2010

Situação de aeroportos para Copa preocupa mais que a de hotéis

Presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis diz que governo está dando "uma facilidade única" para a construção de novos empreendimentos

Prestes a sediar dois grandes eventos internacionais (a Copa de 2014 e as Olimpíadas do Rio de Janeiro de 2016), o Brasil enfrenta o desafio de aumentar sua rede hoteleira. Para Álvaro Brito Bezerra de Mello, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH), um caminho é estimular o interesse da iniciativa privada com redução de impostos.

“O governo brasileiro está dando a condição de se construir um hotel com prazo de 20 anos para pagar e tendo três anos de carência. É uma garantia maravilhosa, além de uma facilidade única de pagamento da rede hoteleira”, disse ele durante o seminário internacional “Infraestrutura Brasil: Projetos e oportunidades de infraestrutura para o setor esportivo”, que acontece no hotel Sheraton, na zona sul do Rio.

O problema, a seu ver, passa longe dos quartos disponíveis para os turistas. “Só estou preocupado com aeroportos, porque o PT está no governo. E o PT acha feio privatizar. Temos que privatizar para depois poder cobrar. Outra preocupação é com os estádios. A FIFA não aceitou o Morumbi, é um impasse. O que vamos fazer? Temos quatro anos pela frente, precisamos resolver”, disse ele.

A seguir, outros trechos do seminário de Álvaro de Brito sobre a rede hoteleira disponível no país.

“Bolha” de crescimento

“O problema não é só do Rio, é de todo o Brasil. Não vejo esta euforia para construir novos aeroportos, hotéis e estradas, como uma bolha. Nem gosto de usar esta palavra. É investimento que veio para ficar. É para aumentar a economia, mais dramaticamente.”

Situação carioca

“O Rio tem, no momento, 25 mil quartos disponíveis. O Windsor (ex-Méridien) vai ter 540 quartos. O Glória Palace, segundo o proprietário, será melhor que o Copacabana Palace, e deve abrir em um ano e meio. O antigo Hotel Nacional deve abrir com mais de 550 quartos, comandado por um grupo imobiliário goiano junto a uma multinacional. Só aí são mais de 1.500 quartos em construção. Nosso hotel mais antigo, no centro da cidade, sempre trabalhou de segunda a sexta. Hoje abre de segunda a segunda. Nos últimos dois anos, com a melhoria de toda a área econômica de todo o Brasil, a hotelaria cresceu 7% no país.”

Muita oferta em São Paulo

“São Paulo tem mais de 40 mil quartos, está muito bem. Curitiba é outra cidade que tem muitos quartos, está trabalhando com 40% de sua capacidade, o que faz ter péssimos preços de mercado. É o problema do excesso de ofertas. Salvador tem resorts ao norte da cidade, o que completa o número de hotéis necessários. Recife, com Porto de Galinhas, também não terá problemas.”

Cidades problemáticas

“Manaus é um problema grande. Teremos que resolver com barcos, com quartos em cruzeiros. Você tem que colocar cruzeiros, não teremos hotéis suficientes construídos. Nas Olimpíadas 2000, em Sidney, foram utilizados muitos navios. É uma solução a ser tomada. O maior problema, porém, é Cuiabá. Mas veja... Fui à Copa da Alemanha. Berlim não passou de 77% de ocupação durante o evento. Por quê? As pessoas saiam da França de manhã cedo, iam ver o jogo, e retornavam à noite. Podemos fazer programas semelhantes, para que os turistas conheçam Angra dos Reis, Petrópolis, Fernando de Noronha, Búzios, Pantanal, Bonito... E dessa forma estender a rede hoteleira, utilizando os quartos de cidades próximas. Buenos Aires, Montevidéu, que seja...”

Preparando funcionários

“O Sebrae está dando curso de inglês e espanhol para todos os funcionários de hotéis, além de boas maneiras, de como receber bem os turistas. Agimos da mesma forma com a polícia, agentes de aeroportos, agentes de viagens. Esse pessoal precisa estar bem treinado. Serão mais de 300 mil pessoas treinadas até 2014, tudo através de cursos pela internet.”

Marketing reforçado

“Teremos de 1 a 3 bilhões de pessoas vendo a Copa de 2014. É um número extraordinário, não há oportunidade igual para nenhum país. Não há esporte que tenha esta loucura que o futebol provoca. Aqui no Brasil então, tudo para em dias de jogos da seleção. Você tem que mandar o pessoal para casa. Na Itália, Espanha, Portugal... também é assim. A exposição de marketing na mídia é o máximo possível.”

Incentivos fiscais

O governo brasileiro, junto com a Caixa, BNDES, Banco do Nordeste, entre outros, está criando facilidades para surgimento de novos hotéis. Os juros do Brasil são os mais altos do mundo. Isso é sabido. Mas o governo está dando a condição de se construir um hotel com prazo de 20 anos para pagar e tendo três anos de carência. É uma garantia maravilhosa, além de uma facilidade única de pagamento da rede hoteleira.

Fonte: Valmir Moratelli (iG)

Nenhum comentário: