domingo, 13 de setembro de 2009

Falando em Michael O'Leary da Ryanair...

Michael O'Leary, o folclórico presidente da cia. low-cost irlandesa Ryanair, volta e meia surge nas manchetes com declarações inusitadas, como a de colocar gente de pé na sua frota de aviões se tivesse a chance.

O milionário irlandês, porém, sabe muito bem usar o poder do factóide para seu negócio. Em meio a propostas bizarras e estapafúrdias como a de cobrar pelo uso de banheiros ou de requerer que os passageiros paguem por qualquer bagagem que levem a bordo, está a lógica de que mesmo a publicidade negativa vai chamar a atenção para o diferencial nos serviços de sua companhia aérea: o preço. O valor médio de suas passagens é 40 euros.

O modelo de redução máxima de custos não foi inventado por O´Leary, mas por ele aperfeiçoado de maneira minuciosa - assentos nos voos da Ryanair, por exemplo, não reclinam justamente para gastar menos molas e dinheiro com manutenção. Qualquer jornada tem tudo para ser infernal, seja pelo uso de aeroportos menores e mais distantes do destino anunciado (o voo para Milão, por exemplo, na verdade pousa em Bérgamo, requerendo uma viagem de ônibus de uma hora) ou pelas tentativas gritantes de vender qualquer coisa a bordo.

Mas a marca de maior volume de passageiros transportados na Europa revela que O´Leary pega as pessoas pelo bolso. E mesmo companhias tradicionais tiveram que baixar seus preços para competir com a Ryanair e outras empresas budget como a Easyjet.

O irlandês adora que falem mal dele e tampouco se incomoda em abrir canais com o público - não há e-mail para o serviço de atendimento ao cliente, que somente pode ser alcançado por via postal ou por um daqueles telefones cobrando os olhos da cara pelo minuto.

Pensemos: e se uma empresa aparecesse prometendo para latinos expatriados na Europa um voo transatlântico com conforto mínimo e preço inferior a 200 dólares, por exemplo?

O´Leary aposta que muita gente não hesitaria em vestir sapatos confortáveis e fazer exercícios de ioga para reduzir a dormência nas pernas. Ou mesmo aceitar uma redução no número de serviços gratuitos, como filmes e mesmo refeições desde que houvesse benefícios econômicos.

Mais ultrajante que cobrar pelo alívio de bexigas ou intestinos é que as gigantes do setor aéreo não estejam se antecipando e criando alternativas reais de democratização do transporte aéreo em vez de apenas cobrar pelo suposto valor da marca. Há muita empresa supostamente nobre hoje vivendo apenas de nome, que o diga a British Airways.

Como curiosidade, uma sequência de fotos do CEO da Ryanair, um marqueteiro de primeira ou, na verdade, um verdadeiro "clown":


Fonte: Jorge Tadeu (com Fernando Duarte - O Globo)

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