terça-feira, 16 de junho de 2009

Polícia reconstitui roubo de avião que matou pai e filha

Foto do dia do acidente

A Polícia Civil de Goiás fez, na manhã de segunda-feira (15), a reconstituição do voo feito no dia 12 de março pelo desempregado Kleber Barbosa da Silva, 31 anos, em um monomotor do aeroclube de Luziânia (GO), no entorno do Distrito Federal, até o estacionamento do Shopping Flamboyant, onde a aeronave caiu e se chocou com 23 veículos.

No acidente ou suicídio - a polícia ainda não sabe qual foi a intenção de Silva -, morreram o desempregado e a filha dele, Penélope Barbosa Correia, 5 anos.

Peritos da Polícia Civil e da Agência Nacional da Aviação Civil (Anac) estiveram no aeroclube, onde refizeram o modo como teria ocorrido o roubo da aeronave, e depois fizeram o tráfego de Luziânia até o aeródromo de Goiânia, onde Kleber foi visto com o avião pela primeira vez ao chegar no espaço aéreo da capital.

"Apesar de tudo que tem sido dito, essa reconstituição é de extrema importância para as investigações. Não para processar o Kleber, porque ele já morreu, claro, mas para saber se houve negligência de alguém ou de algumas pessoas que tenha facilitado o roubo da aeronave", disse o delegado Manoel Borges de Oliveira, titular do 8º Distrito Policial de Goiânia, que investiga o caso.

O delegado não quis antecipar qualquer resultado que tenha sido levantado durante as investigações. Ele disse que precisa aguardar os dois laudos feitos pelos peritos hoje - o da reconstituição do voo e o do roubo. "Pedimos também que os peritos da Anac respondam um questionário técnico que vai apontar se Kleber queria ou não jogar o avião contra o shopping", comentou.

Kleber teria roubado o monomotor no aeroclube depois de agredir e abandonar a mulher, Érica Correia dos Santos, 23 anos, na BR-153, entre Goiânia e Anápolis. O casal voltava de Caldas Novas para a capital com a filha quando o desempregado brigou com a jovem e fugiu para Luziânia.

A polícia suspeita que o desempregado direcionou o monomotor contra a entrada principal do estabelecimento, mas calculou errado o pouso e bateu em uma árvore, sendo parado pelos veículos estacionados.

Para a reconstituição do voo, o delegado contou com a ajuda dos peritos Leopoldo Oliveira e Raul Francé, pilotos com experiência em investigação de acidentes aéreos.

Foi usado um avião idêntico, um monomotor EMB 712. O piloto José Luiz Gonçalves Filho, que teria sido rendido pelo desempregado em Luziânia, também participou do trabalho policial, indicando como ocorreu o roubo.

Logo após o acidente, a Polícia Civil tentou fazer a reconstituição do voo, mas a idéia foi barrada pelo Ministério Público Federal de Goiás (MPF-GO), que acreditava ser arriscado para os moradores da capital.

"Conseguimos todas as informações que precisávamos sobre o voo no espaço aéreo da capital com a equipe do helicóptero da Polícia Militar que acompanhou o Kleber", disse Oliveira.

O delegado acredita que o inquérito estará concluído em até dez dias, desde que os laudos sejam entregues no prazo previsto - início da próxima semana. Paralelamente à investigação da Polícia Civil, o MPF-GO abriu em março um inquérito civil para apurar se houve falha de órgãos federais responsáveis pelo tráfego aéreo que tenha colaborado com o sucesso de Kleber em pegar um avião e atingir o estacionamento do Flamboyant.

Fonte: Marcio Leijoto (Terra) - Foto: O Popular

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