sábado, 21 de fevereiro de 2009

Lula sabia de demissões na Embraer desde segunda

Presidente foi informado por Luciano Coutinho

LEONARDO SOUZA
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sabia desde segunda-feira que a Embraer anunciaria uma grande demissão no seu quadro de pessoal.

Anteontem, quando a empresa de aviação oficializou o corte de 4.200 funcionários, Lula se disse indignado, segundo relato do presidente da CUT, Artur Henrique, e comunicou que convocaria uma reunião com ministros para tentar reverter as demissões.

Na segunda-feira, numa reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o Conselhão, na sede do Banco do Brasil em São Paulo, o presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Luciano Coutinho, antecipou aos demais participantes que a situação da Embraer, por depender muito do mercado externo, era complicada por conta da crise internacional e que haveria "expressivas demissões".

Estavam na reunião o ministro José Múcio (Relações Institucionais), o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, os presidentes do Banco do Brasil e da CEF (Caixa Econômica Federal), Antônio de Lima Neto e Maria Fernanda Coelho, além de Henrique, da CUT, entre outros.

Na própria segunda-feira, Coutinho informou a Lula sobre as demissões na Embraer.Procurado pela Folha, o BNDES, por meio da assessoria, disse que Coutinho não se manifestaria sobre o assunto. O Palácio do Planalto também não se manifestou sobre o caso.

Na reunião do Conselhão, convocada para debater meios de aumentar a oferta de crédito no país, Coutinho disse que a Embraer alegou cancelamentos de pedidos de encomendas de avião para fazer um ajuste entre receita e despesa.

Coutinho teria dito também que o banco estudava uma forma de estimular as vendas da Embraer para companhias aéreas nacionais, como modo de compensar o encolhimento do mercado externo. A demissão na Embraer tomou parte do dia de Lula ontem, entre conversas com auxiliares e telefonemas para avaliar o impacto da decisão.

Otimismo

Lula reservou a próxima quarta para receber a direção da empresa e ouvir o motivo das demissões. Em reunião ontem, ele reclamou da medida da Embraer e disse, segundo interlocutores, que as demissões não ajudam em um momento em que o governo busca manter o otimismo. O presidente também avaliou que não há fatos que justifiquem os cortes e que o governo ajudou a capitalizar a empresa via BNDES.

A ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) disse ontem, em Recife, que o governo vai avaliar a situação da Embraer para verificar se há justificativa para as demissões na empresa.

"Não estamos confortáveis com o fato de que grandes empresas tiveram um período razoável e expressivo no Brasil, e a primeira decisão que tomam [diante da crise] é uma demissão", disse. "O governo, ao longo da semana que entra, depois da terça-feira do Carnaval, vai começar a avaliação a respeito dessa situação", disse Dilma.

Fonte: Jornal Folha de S.Paulo (Colaboraram Simone Iglesias, da Sucursal de Brasília, e a Agência Folha, em Recife)

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