sábado, 11 de outubro de 2008

Primeira missão de emergência à Ilha das Flores foi há 40 anos

No dia 15 de Outubro de 1968, um avião C-47 da Força Aérea Portuguesa partia da Base das Lajes rumo às Flores numa missão de emergência. A bordo ia uma equipa médica para operar uma cidadã francesa.

"A missão era urgente, não havia possibilidade de ir de navio. Devia ser preparado um avião e uma tripulação (de voluntários) para a missão", recorda o piloto Sobral Bastos.

Ainda hoje as ilhas mais pequenas e periféricas sentem mais fortemente os efeitos da insularidade. Imaginemos, então, como seria na década de 60, quando o Arquipélago estava muito longe dos níveis de desenvolvimento dos nossos dias. Já nessa altura, os militares da Força Aérea Portuguesa, estacionados na Base das Lajes [Terceira], encurtavam distâncias entre ilhas, salvavam vidas e acudiam a emergências. Uma dessas aconteceu no dia 15 de Outubro de 1968. O então Comandante da Zona Aérea dos Açores, coronel tirocinado Braz de Oliveira, e o Comandante da Base Aérea 4, coronel Telles Pereira, informaram o capitão piloto aviador Sobral Bastos que havia necessidade de enviar um avião C-47 à ilha das Flores para transportar a equipa médica, chefiada pelo Dr. Garrett, que ia operar uma cidadã francesa, com uma gravidez extra-uterina.

"A missão era urgente, não havia possibilidade de ir de navio. Devia ser preparado um avião e uma tripulação (de voluntários) para a missão. Nessa altura, era o piloto do quadro da Base que mais recentemente tinha vindo da Guiné e, portanto, com experiência em aterragens em pistas curtas e situações adversas de temperatura e humidade", recorda Sobral Bastos, hoje coronel piloto aviador na situação de reforma. "Tivemos ainda a sorte - conta - de se encontrar em missão na Base das Lajes uma tripulação vinda da Guiné para uma troca de aviões. Imediatamente o então Tenente Cartaxo se voluntarizou para integrar a tripulação, o que foi óptimo, dada a sua experiência mais recente".

A missão descolou a meio da tarde. Decorreu normalmente: "O tempo estava limpo nas Flores e o vento mais ou menos alinhado com a pista permitindo uma entrada directamente do mar para terra", lembra Manuel Themudo Sobral Bastos.

O tempo de voo foi de uma hora e trinta e cinco minutos para cada percurso, tendo descolado das Flores já ao pôr do sol: "Soubemos depois que a operação tinha corrido bem, tendo sido salva a vida da paciente. A equipa médica regressou dias depois num navio da Armada Portuguesa", pormenoriza.

De referir que naquela altura - 1968 - a pista das Flores ainda não estava terminada. Tinha 800 metros asfaltados, com valas laterais e no topo da pista. Tinha comunicações rádio e informação do vento. Normalmente o C-47 Dakota não usava pistas com menos de 1.000 metros. "Todos tínhamos confiança no avião e - perdoe-se a imodéstia da minha parte - na tripulação. Além disso era uma missão de salvamento e nós estávamos lá também para isso".

Características do C-47

Segundo o coronel piloto aviador (na situação de reforma), o C-47 é um avião bimotor (dois motores Pratt e Whitney de 14 cilindros radiais e uma potência de 1200 Hp cada), com uma velocidade de cruzeiro de 140 nós (260 km/h), autonomia de 2.600 km, desenvolvido para as Forças Aéreas com base no Douglas CD 3. É um avião de roda de cauda, muito utilizado nos últimos anos da II Guerra Mundial em missões de transporte pelas Forças Aéreas aliadas. Tem uma tripulação mínima de três elementos e uma carga máxima útil de 2.700 kg, peso máximo à descolagem de 14.000 kg e à aterragem de 11.800 kg. A versão DC 3 foi utilizada pela TAP nas suas linhas aéreas, inclusive para África.

Mais informação em http://www.lajes.af.mil

Fonte: Tibério Cabral (Expresso das Nove - Portugal)

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